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Trabalho

- Publicada em 01 de Abril de 2020 às 03:00

Taxa de desemprego pode subir para 16%

Redução no ritmo de melhora por conta do cenário é preocupante

Redução no ritmo de melhora por conta do cenário é preocupante


/MAURO PIMENTEL/AFP/JC
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o mercado de trabalho apresentava sinais de deterioração antes mesmo do avanço do novo coronavírus no Brasil, avaliam analistas. Se o cenário já não era animador, tende a ficar pior com a pandemia. A taxa de desemprego, que ficou em 11,6% no trimestre encerrado em fevereiro deve terminar 2020 com uma média de 13% - mas, antes disso, pode alcançar 16% nos próximos meses.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o mercado de trabalho apresentava sinais de deterioração antes mesmo do avanço do novo coronavírus no Brasil, avaliam analistas. Se o cenário já não era animador, tende a ficar pior com a pandemia. A taxa de desemprego, que ficou em 11,6% no trimestre encerrado em fevereiro deve terminar 2020 com uma média de 13% - mas, antes disso, pode alcançar 16% nos próximos meses.
Um dos sinais de preocupação é a diminuição do ritmo de melhora, observa o economista-chefe do ASA Bank, Gustavo Ribeiro. Ele ressalta que são os empregos sem carteira assinada que impulsionam a criação de vagas - um indício de menor qualidade do mercado de trabalho - e destaca que a massa salarial voltou a cair, de R$ 218,5 bilhões em janeiro para R$ 217,6 bilhões no mês passado. "Em suma, são dados mornos, mostrando piora mesmo quando se olha pelo retrovisor", afirma.
A 4E Consultoria também notou outro dado preocupante. O mês de fevereiro teve a primeira queda no emprego com carteira assinada desde setembro de 2019, com retração de 0,06% em valores dessazonalizados, de acordo com cálculos da instituição. Para os próximos meses, o desemprego deve "aumentar significativamente", em razão da interrupção da atividade econômica causada pela pandemia do coronavírus.
Os impactos no mercado de trabalho, contudo, só devem aparecer nos dados da Pnad para o mês de maio, afirma o economista Lucas Godoi, da GO Associados. Nesse mês, ele acredita, os avanços vistos em janeiro e fevereiro já terão sido eliminados. A consultoria projeta aumento da taxa de desemprego média do ano para 13,8% em 2020, dos 11,9% em 2019, com forte retração no emprego informal.
"O governo e o Banco Central estão entrando forte para manter o trabalho (formal) nas pequenas e médias empresas. O setor informal, por outro lado, está sendo contemplado com medidas que são garantidoras de renda, não de trabalho e, por isso, deve haver essa redução", avalia o economista, que acredita que a taxa de informalidade - que foi de 40,6% em fevereiro - deve cair rapidamente, devido às medidas de distanciamento social para evitar o avanço do vírus.
Junto com o aumento do desemprego, também devem crescer a subocupação e o desalento, espera o economista Thiago Xavier, da consultoria Tendências. O desalento, contudo, deve ter avanço limitado, uma vez que os mais pobres não têm uma reserva de recursos e em algum momento vão voltar ao mercado de trabalho. Para ele, o desemprego deve subir com velocidade, mas, lá na frente, quando começar a cair, será de forma mais lenta.
"No fundo, devemos ampliar esse fluxo de transições entre desemprego, desalento e subocupação. Esse deve ser um ciclo vicioso para muita gente e, independentemente da categoria, é um quadro de deterioração, é uma condição de vulnerabilidade", afirma o economista, que estima desemprego médio de 13% ao fim do ano.
 

Empresas firmam compromisso de não demitir ninguém por 60 dias

Diante da pandemia global do coronavírus, a construtora MRV e a operadora de galpões logísticos LOG CP, ambas controladas pela família Menin, anunciaram que firmaram o compromisso de garantir que seus colaboradores diretos tenham estabilidade no emprego nos próximos 60 dias.
"Com esse pacto, garantimos que nenhum colaborador direto seja demitido durante este período, pois o nosso compromisso com o time continua sendo um valor inegociável, mesmo diante dos desafios que enfrentamos neste momento", diz em nota Rafael Menin, copresidente da MRV.
Já Sergio Fischer, presidente da LOG CP afirma em nota que "é nosso dever, como uma grande empresa, encontrar soluções para que nossos colaboradores não sejam prejudicados com essa pandemia".
Outras empresas de grande porte também anunciaram compromissos na mesma linha. A Lojas Renner informou na semana passada que tomou a decisão de não demitir colaboradores sem justa causa por tempo indeterminado.
O presidente da rede de shoppings de luxo Iguatemi, Carlos Jereissati, afirmou, em entrevista, que não há planos de demissão.
E a presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, também fez um apelo às varejistas para que tentem segurar demissões.

Informalidade cai, mas ainda atinge 38 milhões de trabalhadores brasileiros

A taxa de informalidade no mercado de trabalho caiu de 41,1% no trimestre móvel encerrado em novembro de 2019 para 40,6% no trimestre encerrado em fevereiro, somando 38 milhões de trabalhadores informais. No trimestre encerrado em fevereiro do ano passado, a taxa estava em 40,7%. O recorde da taxa de informalidade foi alcançado em agosto de 2019, com 41,4% da população ocupada nesta situação.
A informalidade inclui trabalhadores sem carteira assinada, que somam 11,6 milhões, trabalhadores domésticos sem carteira, num total de 4,5 milhões, empregadores sem CNPJ (810 mil), por conta própria sem CNPJ (24,5 milhões) e trabalhadores familiares auxiliares (1,97 milhão).
Segundo a analista da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy, a queda se concentra na redução do número de trabalhadores por conta própria sem CNPJ (-2,1%) e nos empregados sem carteira no setor privado (-1,4%), refletindo a influência do mês de dezembro, quando houve aumento nas contratações com carteira de trabalho.
Adriana diz que a queda na informalidade influenciou também o aumento de 1,8% no rendimento na comparação trimestral. A média subiu para R$ 2.375. "Na medida em que se tem um contingente menor de trabalhadores na informalidade, permanecem no mercado pessoas em atividades mais formalizadas e com melhores remunerações, em setores como a indústria e alguns segmentos do comércio. Não vimos isso nas últimas PNADs, até porque a informalidade estava em trajetória de crescimento".
A massa de rendimento real habitual somou R$ 217,6 bilhões, estável em relação ao trimestre encerrado em novembro e crescimento de 6,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2019.