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Consumo

- Publicada em 31 de Março de 2020 às 03:00

Quarentena movimenta e-commerce e impõe desafios logísticos

Hoede diz que a mudança de comportamento do consumidor para compras on-line se dá no curto prazo

Hoede diz que a mudança de comportamento do consumidor para compras on-line se dá no curto prazo


/MARCO QUINTANA/JC
Em escalada global, o coronavírus está provocando desafios gigantescos à saúde pública e ao convívio social. A pandemia tem modificado padrões de trabalho, limitado a circulação de pessoas e deve gerar consequências econômicas ainda incertas para os mais diversos setores. As dúvidas e os esforços para conter o avanço do vírus começam a influenciar até mesmo em uma mudança no perfil de consumo das pessoas: pode haver crescimento do e-commerce frente ao comércio físico e alta na demanda de entregas para as empresas de logística.
Em escalada global, o coronavírus está provocando desafios gigantescos à saúde pública e ao convívio social. A pandemia tem modificado padrões de trabalho, limitado a circulação de pessoas e deve gerar consequências econômicas ainda incertas para os mais diversos setores. As dúvidas e os esforços para conter o avanço do vírus começam a influenciar até mesmo em uma mudança no perfil de consumo das pessoas: pode haver crescimento do e-commerce frente ao comércio físico e alta na demanda de entregas para as empresas de logística.
Especialistas mundo afora começam a indicar essa probabilidade de crescimento no comércio eletrônico e os serviços de delivery a medida que os consumidores permanecem em quarentena e evitam ir até lojas físicas e ambientes de grande fluxo de pessoas. Com isso, os desafios logísticos são amplificados e o setor tende a ser um importante ator social no abastecimento da população e traduzindo-se em um serviço essencial enquanto o quadro de incertezas permanecer.
É o que sinaliza um artigo publicado pela eMarketer - empresa norte-americana de pesquisa de mercado - com dados da plataforma Coresight Research. O recente estudo indica que 28% dos internautas dos EUA - centro comercial do planeta - já estão evitando áreas públicas ou viagens devido ao Covid-19, enquanto outros 58% disseram que devem fazer o mesmo se a situação piorar. A análise é ainda mais profunda ao identificar que 74,6% dos internautas norte-americanos provavelmente evitarão shoppings centers se o surto persistir e mais da metade evitará lojas em geral.
Segundo analistas e empresas do setor, é justamente essa possibilidade de queda de público no varejo físico que pode determinar uma migração das compras diárias para o comércio eletrônico e exigir apoio da logística para superar as barreiras de acesso a diversos produtos.
Para Ricardo Hoerde, CEO da Diálogo Logística, transportadora com sede em Porto Alegre especializada em entregas de e-commerce no País, mais que uma modalidade de serviço, o comércio eletrônico e a logística se tornam, juntos, um canal importante no aspecto social. Isso ao buscar atender a demanda tanto de empresas, que precisam preservar produção e empregos, quanto de consumidores que, em quarentena, optam por comprar mercadorias de plataformas on-line.
"Há uma mudança de perfil do consumidor no curto prazo em direção ao e-commerce, mas não se sabe como essa transição irá se comportar mais à frente, porque não é só a forma de comprar que muda. Há, por exemplo, questões de restrição financeira diante de um cenário imprevisível e que naturalmente vai impactar positivamente para alguns setores - os mais essenciais -, e, negativamente para outros. As empresas ainda estão batendo cabeça para tentar acertar a projeção de demanda, o saldo disso tudo é o que ainda não se conhece", declara Hoerde.
 

Segurança e inovação são as estratégias para dar conta dos pedidos

A tendência de aumento no número de usuários que decidem fazer suas compras online está exigindo respostas rápidas das empresas de logística brasileiras para manter os prazos de entrega dentro do limite acordado entre as empresas de e-commerce e seus clientes.
Na Diálogo Logística, com sede em Porto Alegre, medidas de prevenção foram tomadas para os cerca de 150 funcionários da companhia, como trabalhos em home office e serviço de triagem e medição de febre a fim de evitar a contaminação dos colaboradores em função do vírus. Um banco de talentos, também com triagem frequente, foi contratado para dar suporte aos serviços.
Além dessas medidas, o aplicativo de entregas desenvolvido pela transportadora e utilizado por mais de mil fornecedores e entregadores conectados à plataforma no Brasil, passou por adaptações visando garantir a prestação de serviço com mais segurança e menos risco de contágio pelo coronavírus para os funcionários e os clientes. Através do APP, os motoristas estão recebendo treinamentos de como proceder a cada entrega, a forma correta de higienização (incluindo o produto), e o recebimento de "pop-ups" lembrando sobre o uso do álcool em gel durante cada entrega de pacote.
Outra inovação acontece através da assinatura de recebimento da encomenda, agora feita por comando de voz durante cada entrega para evitar o contato dos clientes com o celular do prestador de serviços, servindo como mais uma barreira de proteção.
Outro exemplo vem de uma empresa catarinense. Na visão do CEO da Motoboy.com, Jonathan Pirovano, "entendemos e apoiamos esse momento de resguardo. É necessário ficar seguro em casa". A startup de entregas ultrarrápidas com base em Joinville (SC) atende mais de 30 mil pedidos por mês. Com o período de quarentena, a equipe se prepara com estratégias reforçadas de logística para não deixar ninguém passar por necessidades, além de intensificar as medidas de contenção.
"Os motoboys cadastrados na plataforma são orientados a seguir todas as recomendações de segurança recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Todos estão cientes dos riscos, tanto para clientes quanto para eles próprios. Os cuidados com higiene precisam ser redobrados", explica. Além das entregas cotidianas, a Motoboy.com também está preparada para atender aos pedidos de farmácias, hospitais e redes de supermercados. "As empresas de serviços essenciais não podem parar. É um momento difícil, mas também de muita humanidade", afirma.
 

Coronavírus gera aumento de 80% nas compras on-line de supermercados

Vendas virtuais exigem atenção ao planejamento de estoques

Vendas virtuais exigem atenção ao planejamento de estoques


STOCKPHOTO/STOCKPHOTO/DIVULGAÇÃO/JC
A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com o Compre & Confie, empresa de inteligência de mercado focada em e-commerce, divulga relatório com as variações no faturamento do e-commerce brasileiro causadas pela crise do novo coronavírus (Covid-19). O estudo compara vendas realizadas em fevereiro e março de 2020 com as do mesmo bimestre de 2020 e mostra aumento significativo no consumo dentro do varejo digital.
Em números, a análise mostra que houve aumento significativo no consumo das categorias de Supermercados (80%), Saúde (111%) e Beleza e Perfumaria (83%). Por outro lado, segmentos como Câmeras, Filmadoras e Drones (-62%), Games (-37%), Eletrônicos (-29%) e Automotivo (-20%), apresentaram forte queda no período.
"Houve uma mudança significativa no comportamento do consumidor com a chegada da Covid-19. Setores que geralmente apresentam bons resultados tiveram queda significativa, enquanto outros, de menor porte no e-commerce, ganharam o protagonismo. A tendência é que o cenário continue dessa forma, com consumidores cada vez mais engajados nas compras à distância e movimentando de forma significativa o consumo de categorias relacionadas às necessidades básicas do dia a dia e ao esforço de prevenção da Covid-19", destaca André Dias, diretor executivo do Compre&Confie.
Esse é um ponto de vista compartilhado por Mauricio Salvador, presidente da ABComm, ao afirmar que a falta de mobilidade urbana é um atrativo valioso para o varejo digital. "Quem não levou seu modelo de negócios para a internet está em desvantagem agora, correndo risco de sobrevivência, principalmente pelo fato de não sabermos quanto tempo vai durar essa crise", afirma. "É preciso buscar presença digital e começar a vender on-line de forma rápida e simples, sem a necessidade de investimentos massivos", completa.