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Saúde

- Publicada em 26 de Março de 2020 às 20:53

Covid-19 leva ao desabastecimento de cloroquina nas farmácias de Porto Alegre

Medicação tem efeitos colaterais ligados à visão, além de vertigem

Medicação tem efeitos colaterais ligados à visão, além de vertigem


GERARD JULIEN/AFP/JC
Desde que medicamentos como hidroxicloroquina e cloroquina passaram a ser estudados e testados para o tratamento da Covid-19, farmácias do País começaram a registrar a falta da medicação. O anúncio de que os produtos poderiam ser eficazes gerou uma verdadeira corrida às farmácias de Porto Alegre, e agora, quem necessita dessas medicações para tratar doenças autoimunes - como lúpus -, malária e doenças reumáticas, por exemplo, está encontrando dificuldades.
Desde que medicamentos como hidroxicloroquina e cloroquina passaram a ser estudados e testados para o tratamento da Covid-19, farmácias do País começaram a registrar a falta da medicação. O anúncio de que os produtos poderiam ser eficazes gerou uma verdadeira corrida às farmácias de Porto Alegre, e agora, quem necessita dessas medicações para tratar doenças autoimunes - como lúpus -, malária e doenças reumáticas, por exemplo, está encontrando dificuldades.
É o caso da balconista Suellen Ramos, de 33 anos, que faz uso diário hidroxicloroquina para tratar o lúpus - doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro. "Desde o anúncio de que essa poderia ser uma medicação para a cura do coronavírus, tenho tido dificuldade para encontrá-la, porque muitas pessoas passaram a comprar a medicação, deixando quem mais necessita sem acesso à substância". A reportagem entrou em contato com oito farmácias de diferentes redes da Capital, e nenhuma tinha os medicamentos.
Diagnosticada com lúpus em 2016, e considerada membro do grupo de risco da Covid-19 neste momento de pandemia, a balconista pede que as pessoas tenham consciência e não saiam efetuando a compra do medicamento sem necessidade. "Tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina são substâncias que têm efeitos colaterais horríveis, como vertigem, além de efeitos oculares. Por isso reforço: se você não precisa do medicamento, não há necessidade para comprá-lo", alerta.
O servidor público Daniel Guedes também faz tratamento para o lúpus, e, há dez anos, usa a hidroxicloroquina. "Para controlar a síndrome, tomo imunossupressor contínuo, no caso a hidroxicloroquina, que deprime o sistema imunológico e o mantém sob controle. Há dez anos faço esse tratamento, e o medicamento tem vários efeitos colaterais", afirma.
Diferentemente de Suellen, Guedes utiliza o medicamento manipulado, já que, por ser uma substância específica, às vezes pode ser difícil de ser encontrada em farmácias. "Tenho sempre estoque em casa, porque sendo uma medicação pouco usada, é difícil de encontrar pronta entrega. Manipulo por encomenda em uma farmácia, onde até agora comprava sem necessidade de receita, só com o cadastro na farmácia".
Devido à alta procura pelo produto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) solicitou que a Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa) permitisse a venda do medicamento somente com receita. De agora em diante, para comprar a hidroxicloroquina ou a cloroquina nas farmácias, passa a ser preciso apresentar uma receita branca especial, em duas vias. A exigência não vale para pacientes que recebem os medicamentos através de programas governamentais. Ainda, conforme a Anvisa, a hidroxicloroquina já estava enquadrada como medicamento sujeito à prescrição médica. Com a nova categoria, a venda irregular pelas farmácias pode ser considerada infração grave. 

Ministério vai testar cloroquina em pacientes graves da Covid-19

Mesmo sem estudos conclusivos, o Ministério da Saúde anunciou que vai liberar a partir desta sexta-feira (27), 3,4 milhões de unidades do medicamento cloroquina e hidroxicloroquina para que os médicos possam avaliar seu uso em pacientes graves do novo coronavírus.
Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, o protocolo é experimental e será restrito a pacientes internados em hospitais. O tratamento deve ocorrer ao longo de cinco dias e mediante supervisão médica, já que ainda não há dados conclusivos sobre a eficácia para a Covid-19. "O que vamos propor é um protocolo específico de curto prazo para tratar pacientes hospitalizados. Sabemos que há lacuna de conhecimento, mas, para pacientes críticos, que vão para CTI, a taxa de letalidade chega a 49%. Temos que dar alternativas".
Apesar dos testes, Vianna alerta sobre os riscos da automedicação. "Esse medicamento não está indicado para prevenção e para formas leves. Não usem de forma individualizada. Isso deve ser feito no ambiente hospitalar e sob prescrição médica".