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MERCADO IMOBILIÁRIO

- Publicada em 27 de Setembro de 2018 às 22:33

Cbic quer governo federal como aliado para impulsionar investimentos

Reforma trabalhista trouxe maior clareza às relações laborais do setor, que sofre com a sazonalidade de funções

Reforma trabalhista trouxe maior clareza às relações laborais do setor, que sofre com a sazonalidade de funções


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A retomada da construção civil no Brasil é vista como chave para alavancar o crescimento econômico do País e gerar emprego e renda aos brasileiros. O setor conviveu fortemente com a crise econômica dos últimos três anos, e diversas obras de infraestrutura e ampliação foram paralisadas por falta de recursos, seja pela falta de repasses oriundos dos governos em suas diferentes esferas ou pela dificuldade em manter os trabalhadores nos canteiros. Além disso, o setor imobiliário também sofreu com a falta de lançamentos e perspectivas pouco animadoras em relação às vendas.
A retomada da construção civil no Brasil é vista como chave para alavancar o crescimento econômico do País e gerar emprego e renda aos brasileiros. O setor conviveu fortemente com a crise econômica dos últimos três anos, e diversas obras de infraestrutura e ampliação foram paralisadas por falta de recursos, seja pela falta de repasses oriundos dos governos em suas diferentes esferas ou pela dificuldade em manter os trabalhadores nos canteiros. Além disso, o setor imobiliário também sofreu com a falta de lançamentos e perspectivas pouco animadoras em relação às vendas.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, observa que a insegurança jurídica vivida no Brasil, fruto da falta de regulamentação para alguns assuntos, como os distratos, e o pouco interesse do Congresso em aprovar medidas tidas como impopulares gerou desconforto, sobretudo, no setor privado. O dirigente afirma que o governo federal, outrora capaz de mobilizar investimentos, desta vez, não conseguiu tal movimento pela falta de recursos e, mesmo assim, não criou atrativos para uma parceria com empresas. "Existem mais de 3 mil obras paradas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no Brasil. Se depender do dinheiro público, elas não irão andar tão cedo. E com o cenário de insegurança, a iniciativa privada não quer colocar recursos, pois não sabe o que irá acontecer", explica.
A reforma trabalhista, aprovada em 2017, é defendida pelo presidente da Cbic como um exemplo de medida que trouxe maior clareza às relações. Segundo Martins, o setor sofre com as admissões e demissões de funcionários em virtude da sazonalidade de algumas funções. "É muito comum você ter trabalhadores intermitentes na construção civil. Nesse ponto, a reforma ajudou os dois lados, pois o empregador mantém o empregado durante o período que ele precisa, e o trabalhador tem a oportunidade de se recolocar rapidamente, com menos burocracia", analisa.
Um levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou melhora no índice de confiança do empresário ligado à construção civil, um termômetro acerca da expectativa do setor. Todavia, o ramo ainda demite mais do que contrata, apesar do estudo revelar uma redução no ritmo de queda. Outro ponto é a capacidade operacional, ou seja, a força total da indústria da construção, que teve apenas 58% de uso no mês de julho - ou seja, 42% das máquinas, equipamentos e pessoal ficaram parados.
A saída para alinhar crescimento econômico e geração de emprego e renda, na visão de Martins, é ter o governo federal ao lado do setor para destravar investimentos e gerar confiança na população para a retomada da economia. A Cbic recebeu alguns dos principais candidatos à presidência para expor ideias, como revisão da lei de licitações, parceria público-privadas e aprovações de projetos de lei que garantam melhores condições na hora de fazer negócio. "O setor da construção civil alavanca 62 segmentos da economia. Quando você faz uma obra, você gera emprego antes do início e depois da entrega, então imagine quantas pessoas estão envolvidas em apenas uma construção. Pedimos aos candidatos para apostarem em nós", conta o presidente da entidade.
De acordo com a Cbic, o setor imobiliário tende a manter o crescimento visto no segundo trimestre de 2018, com alta superior a 17% em vendas. "Historicamente, o segundo semestre sempre é melhor em vendas. Praticamente dois terços dos números do ano são nesse período", aponta ele.  A expectativa é ter um crescimento de até 10% nos lançamentos e 20% nas vendas no fim do ano em relação a 2017.

Indicadores apontam melhora

A melhora progressiva em boa parte dos índices de vendas, lançamentos e tomada de crédito levam os analistas de mercado a perceber uma retomada lenta da economia, sobretudo no setor da construção. O problema ainda é convencer o consumidor desse momento de recuperação. Conforme levantamento, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve retração de 0,99% no segundo trimestre. O IBC-Br incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos. Levando em conta os seis primeiros meses do ano, houve alta de 0,89%.
Em relação à tomada de financiamentos bancários para compra de imóveis, é possível ver variações positivas e negativas, o que comprova a recuperação em um longo prazo, mas alerta para o fôlego ainda curto do setor. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança informa que, em julho, foram financiadas, nas modalidades de aquisição e construção, 19,6 mil imóveis, número quase igual ao de junho (queda de 0,1%). Em relação a julho do ano passado, houve alta de 19,1%. Em 2018, já foram mais de 118 mil unidades com pedidos de autorização de crédito.
Para o economista e presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da Cbic, Celso Petrucci, o mercado imobiliário começou sua reação no último quadrimestre do ano passado e passou a manter ou melhorar o cenário em 2018. Petrucci identifica como fundamental a manutenção da tendência de queda de dois indicadores - inflação e Taxa Selic - para não atrapalhar a retomada, mas alerta: "Atingimos o fundo do poço em 2016 e estamos prontos para a recuperação, mas nada a ver com a loucura que foi o mercado antes da crise". O presidente da CII ainda nota uma desconfiança do empresário de colocar novos produtos no mercado, e do cliente em comprá-los "por receio do momento econômico".
O economista entende a necessidade do próximo governante estar convicto da pauta de reformas estruturantes para a retomada do poder de compra e investimento. "As reformas são necessárias, mas o próximo governante precisa ser como a dona de casa: controlar gastos e ficar de olho nas receitas", explica Petrucci.