Momento de adaptar-se ao novo consumidor e driblar a crise

Localizado na avenida Cristóvão Colombo, no espaço que abrigou a Cervejaria Brahma, o Shopping Total nasceu em 2003 como parte do bairro. Sua expansão, respeitando a história dos moradores da região, pode ser uma das causas do constante crescimento do empreendimento, que trabalha com seus espaços fechados, ao mesmo tempo em que valoriza o ambiente externo, cada vez mais apreciado pelos moradores das grandes cidades.

"Em função da arquitetura, toda a concepção do shopping tem esse cuidado: vai além das compras. Ele tem conteúdo, tem história", diz, orgulhosa, a gerente Comercial e de Marketing, Silvia Rachewsky Lemos. Por suas alamedas e corredores internos, passam, a cada mês, cerca de 1 milhão de pessoas. Um dos eventos mais importantes é a chegada do Papai Noel, que desce, em rapel, da chaminé, reunindo até 15 mil pessoas.

O Total não prescinde, no entanto, do uso das novas tecnologias. Foi, inclusive, um dos primeiros a aderir ao mundo digital. Além de lançar o aplicativo DTudo, em que um shopper é destinado a encontrar o produto procurado pelo cliente, foi ali a primeira instalação do serviço de Delivery Center. As inovações são adotadas na medida da necessidade do cliente. "Acho que é por isso que as pessoas chamam o Total, de forma carinhosa, como 'o meu shopping'", comenta Silvia, com o sorriso no rosto.

Entretenimento e cultura foram agregados às ofertas de consumo do ParkShopping Canoas durante o período de turbulência na economia. No começo deste ano, foi inaugurada a Arena do Park, um local com quadras de Beach Tennis, vôlei, futevôlei e skate, além de ser um espaço para shows. As alternativas de entretenimento também incluem cinema, hotzone e patinação no gelo e um Centro de Eventos.

As ações foram responsáveis por um crescimento acumulado de 21% nas vendas e 15% na circulação no primeiro semestre deste ano. "Driblamos a crise investindo em pilares como moda, gastronomia, entretenimento e cultura", comenta o o superintendente Marco Aurélio Jardim Neto. Desde que foi inaugurado, o Park já gerou 3,5 mil empregos diretos e indiretos.

A Multiplan, administradora do shopping, também aposta na tendência de aumento de compras pela internet. De olho na fidelidade do consumidor que passa pelo local, está sendo desenvolvido um app com funcionalidades facilitadoras para compra e entrega de produtos de diversas lojas e ingressos de bilheterias em parcerias com empresas de delivery center.

O número de atrações culturais deverá aumentar ainda mais nos próximos meses, incluindo a abertura de uma galeria de arte, a ParkGallery. Também está previsto novo mix de lojas com marcas inéditas.

Com apena oito meses de funcionamento, o Passo Fundo Shopping tem muitos motivos para comemorar. Inaugurado em um período de turbulência econômica, o centro arrancou com 70% das lojas locadas. "Fomos corajosos em fazer isso no olho do furacão", avalia o gerente geral, José Maila. Hoje 82% do espaço está ocupado com pequenas lojas e várias âncoras. Entre elas as Pernambucanas, que retornou ao Rio Grande do Sul, após um período de afastamento do Estado.

A estimativa é de que, neste ano, circularam por lá cerca de 360 mil pessoas a cada mês. "E a expectativa é chegarmos ao final do ano com 400 mil", revela Maila, cujo currículo registra 14 anos no setor. Maila entende a importância de alinhar o centro de compras na tendência do País, deixando de ser apenas um espaço de consumo de produtos, mas de entretenimento. Como Passo Fundo é uma cidade polo, tendo quase 130 municípios no entorno, a ideia foi, não só colocar atrativos para todas as idades, como para todos esses moradores da região. Entre as estratégias está uma tirolesa que vai do prédio até a área de um lago, que se tornou um espaço de convivência.

Maila não descuida das crescentes vendas pela web. "O que o cliente não encontra no virtual, tem que encontrar na loja. Ele vai até lá para 'degustar' o produto, podendo levar ou não, isso vai depender do bom e velho atendimento."

Renovação no mix de lojas, atrações culturais e eventos estiveram entre as ações desenvolvidas pelo Shopping Praia de Belas para driblar a crise. Embora tenha superado e até aumentado seus índices, o grupo não pretende parar de investir. Já está em estudo um sistema de e-commerce com o objetivo de crescimento nas vendas.

"No ano passado, inauguramos importantes âncoras como Alô Bebê, Decathlon, Madero e Cobasi, e a primeira loja física da Ashua no Brasil. Neste ano trouxemos a pop-up store da Farm, a Swarovski e o restaurante Kaichili", cita o gerente-geral, Marcelo Borba. Ele também destaca eventos na área de entretenimentos infantil e para pets.

O Grupo Iguatemi tem projetos que já estão em implantação em algumas unidades e que virão para o Praia de Belas Shopping, como o i365, uma plataforma de compras on-line, a parceria com a iFood (operação de entrega de alimentos) e o Iguatemi One, o programa de relacionamento e de facilidades com o cliente.

"No primeiro trimestre, fomos o shopping que mais cresceu no Grupo Iguatemi, em vendas e fluxo, e aumentamos consistentemente o número de mensalistas do estacionamento, atingindo um recorde dentro da empresa", comemora o gerente. "Nossa meta é chegar ao final do ano com um crescimento bem relevante de fluxo e vendas, com números que giram na cada de 15%", acrescenta.

O Shopping João Pessoa passou por uma grande revitalização entre 2015 e 2017. Para atravessar a crise, melhorou as instalações, tornando o local mais moderno e confortável, com supermercado e cinemas, entre outras inovações. Com o mote "Um novo shopping para você descobrir", também investiu em eventos, como o "Bailando no shopping", em que o cliente aprecia uma apresentação de dança e, depois, tem uma aula disponível. Também foram criados espaços para exposições de artes e fotografias, oficinas de tricô, concertos musicais e feiras de antiguidades.

"No primeiro semestre de 2019 constatamos um crescimento de público no cinema de 42% e no estacionamento de 25%. A expectativa é fecharmos o ano com um crescimento total de 6% no faturamento", comenta a gerente-geral, Cristiane Carpes Bernardo.

O shopping também está atento ao crescimento das compras pela internet, e se prepara para a tendência cada vez maior de comércio O2O. "Nossos investimentos em mídia estão 80% concentrados no digital e em campanhas on-line, com o objetivo de engajar o consumidor para que ele venha e tenha uma experiência física de compra. Acreditamos que on/off devam caminhar juntos, como boas ferramentas para melhorar a experiência de compra", avalia. Pelo shopping João Pessoa circulam, a cada mês, um público estimado em 200 mil pessoas.

Enquanto grandes redes contingenciaram investimentos no período de retração da economia, o Canoas Shopping optou por ampliar o seu mix de produtos, serviços, gastronomia e lazer para o seu público.

O centro investiu nas principais datas com promoções "compre e ganhe", com sorteios de carros, cruzeiros, viagens internacionais e destinos cobiçados, como Fernando de Noronha, além de shows, palestras e festivais de cervejas.

O shopping também está sempre pesquisando, entre as novas tecnologias, quais as que melhor se adequam ao perfil do público. "A distinção entre o mundo online e o offline se torna cada vez menos relevante na vida do consumidor. Neste contexto, investimos para atrai-lo, seja na presença física ou em facilidades tecnológicas", diz a superintendente, Haidée Höfs, ao ressaltar o olhar atento dos lojistas para ferramentas que facilite as escolhas do cliente.

"O conjunto de ações trouxe um grande público e proporcionou mais visibilidade para o Canoas Shopping que, não por acaso, foi o vencedor da última edição do Prêmio Marcas e Líderes da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas", comemora.

Para o segundo semestre, Haidée aposta no crescimento das vendas em comparação com o mesmo período do ano passado, embora, pondere a superintendente, elas dependam de resultados macroeconômicos de estabilidade.

O BarraCadabra foi o grande marco de 2019 no BarraShoppingSul. Desde março, a área de lazer ao ar livre aumentou a circulação das famílias que levaram suas crianças para conhecer os 39 brinquedos espalhados por 2,5 mil metros quadrados. O espaço recebeu R$ 15 milhões em investimentos para se tornar mais atrativo para crianças e, consequentemente, aumentar o fluxo de clientes.

O shopping também investe no ambiente virtual para fidelizar o cliente. Um aplicativo traz todas as informações sobre horários de cinema e mapa de lojas e de opões gastronômicas. Sua principal funcionalidade é a possibilidade de pagar o estacionamento. Pelo app, o cliente também fica sabendo de todas as novidades, através de notificações.

Outra estratégia foi o Barra em Movimento, que traz personalidades para um bate-papo com o público, e o Moda em Movimento, vitrines itinerantes com curadoria de profissionais do mercado.

A expectativa é de que a circulação aumente no segundo semestre com a abertura do BaixoBarra. "Foram investidos R$ 25 milhões para o que deverá tornar-se 'um polo de experiências gastronômicas exclusivas e de alta qualidade', adianta o superintendente, Eduardo Vitagliano.

O espaço receberá a parilla Pobre Juan, a sanduicheria Mondo Pane (sanduicheria), o Um Bar e Cozinha, o japonês Daimu e a Tartuferia San Paolo, entre outros.

A busca constante por inovação faz parte do direcionamento estratégico do Shopping Iguatemi. No período de instabilidade econômica, não foi diferente. Pelo contrário. "Os esforços devem ser ainda maiores", comenta a gerente-geral, Nailê Santos.

Em 2018, o Iguatemi inaugurou 29 lojas e, em 2019, ganhou outras 26. Por conta disso, registrou no primeiro semestre um aumento de vendas de 5,5% e projeta, para o segundo semestre, alta de 3,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O Iguatemi lançou neste ano um aplicativo que foca em facilidades, como informações sobre eventos, vagas de estacionamento, mapa de lojas, promoções e programação de cinema, entre outros.

O shopping também conta com lojas que estão engajadas nessa inovação, como a Centauro, atua em um modelo de hub, conectando a comunidade esportiva, a Body Tech, que monitora o rendimento dos alunos, e a Amaro, onde o cliente experimenta a roupa, compra em um tablet e ela é entregue na residência.

"Nos adequamos aos desafios, investindo no complexo multiuso, na renovação do mix e em tecnologia. O aplicativo é um exemplo disso, bem como as operações que utilizam recursos digitais para valorizar o seu negócio", diz. "O shopping possui uma estratégia digital consolidada e valoriza a importância das relações online e offline", acrescenta.