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Relações Internacionais

- Publicada em 22 de Novembro de 2021 às 17:40

Pesquisadores gaúchos recebem mais alta condecoração alemã por mérito

Cléo Vilson Altenhofen e Draiton Gonzaga de Souza foram condecorados com a Ordem da Cruz de Mérito

Cléo Vilson Altenhofen e Draiton Gonzaga de Souza foram condecorados com a Ordem da Cruz de Mérito


MARIANA ALVES/JC
Dois pesquisadores gaúchos e professores de universidades do Rio Grande do Sul receberam a condecoração da Ordem da Cruz de Mérito - um reconhecimento por trabalhos em prol das relações científicas e acadêmicas entre o Brasil e a Alemanha.
Dois pesquisadores gaúchos e professores de universidades do Rio Grande do Sul receberam a condecoração da Ordem da Cruz de Mérito - um reconhecimento por trabalhos em prol das relações científicas e acadêmicas entre o Brasil e a Alemanha.
O doutor em Germanística Cléo Vilson Altenhofen, professor na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), e o doutor em Filosofia e em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) Draiton Gonzaga de Souza, receberam a “mais alta condecoração que a República da Alemanha concede por méritos em prol do bem comum, méritos que estão diretamente ligados à língua alemã“, como definiu o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms.
Segundo ele, os pesquisadores contribuíram para o fortalecimento nas relações científicas entre os dois países. “O Cléo faz há muitos anos pesquisas muitos importantes sobre a língua alemã no sul no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul. O Draiton também tem muitos méritos, tem sido um parceiro da embaixada da Alemanha durante muitos anos, na divulgação da língua alemã no Brasil”, afirmou Thoms.
O embaixador acha importante destacar que existe “uma história de cerca de 200 anos de imigração alemã aqui, e um patrimônio muito importante até hoje”. “Tem muitos laços as vezes familiais também entre Alemanha e Brasil. Mas tem outro elemento, o econômico. Hoje, muitas pessoas do Brasil, especialmente do Sul, têm a possibilidade de trabalhar também na Alemanha, especialmente no setor da saúde. O ensino dos enfermeiros e enfermeiras aqui no País tem uma reputação muito boa”, afirmou Thoms.
O professor da Pucrs Draiton Gonzaga de Souza prestou doutorado na Universidade de Kassel, que fica no centro norte da alemã. Segundo Thoms, é um parceiro da embaixada há muitos anos, principalmente na divulgação da língua alemã no Brasil. Ele fez muito trabalho para treinar os professores, ensinar a literatura alemã, e ao mesmo tempo foi parceiro na cooperação jurídica entre os países”.
Draiton também foi responsável pelo estreitamento das relações institucionais da Pucrs com a Alemanha, sendo determinante para possibilitar o intercâmbio de estudantes de graduação, mestrado e dourado para o país europeu. “Foi uma atividade intensa. A Alemanha sempre apostou na ciência e aposta nas ciências humanas”, afirmou o pesquisador brasileiro. Doutor em filosofia, Draiton acredita que “seria uma lástima (a retirada da filosofia dos currículos escolares em Porto Alegre), porque a filosofia fomenta pensamento crítico, o que para nós é muito importante”.
Já Cléo Vilson Altenhofen, pesquisador da Ufrgs, tem como um de foco dos seus estudos a pesquisa sobre o dialeto Hunsriqueano rio-grandense, originado do Hunsrückisch, dialeto da região do município de Mainz, próximo a Frankfurt, e que é falado na região da Bacia do Prata. "A preservação nunca está na mão da gente. O principal, para mim, é descrever e compreender. A decisão de manter é de cada um. Porém, é um conhecimento, e é uma pena se se perde", afirmou Cléo.

Dialeto alemão é preservado no Rio Grande do Sul

A relação familiar citada pelo embaixador Heiko Thoms que brasileiros e alemães compartilham desde as imigrações do século XIX também pertence ao pesquisador da Ufrgs Cléo Vilson Altenhofen. A família Altenhofen chegou ao Brasil em 16 de dezembro de 1827, sendo uma das primeiras alemãs a fixar raízes no Estado. Os Altenhofen vieram de Weiler bei Bingen, cidade próxima ao município de Mainz.
Nessa região, é falado o dialeto alemão Hunsrückisch, que deu origem ao Hunsriqueano rio-grandense – variação do idioma trazido para o Sul do País através dos imigrantes do século XIX. Segundo o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms. os imigrantes alemães no Rio Grande do Sul “chegaram aqui de regiões bem especiais na Alemanha, onde tem dialetos, maneiras de falar a língua alemã que são muito especiais, e dialetos bastante interessantes que se conservaram aqui no Brasil de forma especial também”.
O professor Cléo Altenhofen desenvolveu o Atlas Linguístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch (ALMA-H), projeto binacional que desenvolve em parceria com o pesquisador Harald Thun, da Universidade de Kiel, com o apoio da Fundação Humboldt, ambas instituições do país europeu.