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Comércio exterior

- Publicada em 03 de Novembro de 2021 às 22:10

Gargalo logístico deve permanecer em 2022

'A capacidade (de oferta) para os próximos anos está dada', afirma diretor da Solve Shipping,

'A capacidade (de oferta) para os próximos anos está dada', afirma diretor da Solve Shipping,


CLAUS BJORN LARSEN/AFP/JC
A pandemia causou um caos logístico no capitalismo global. Quando o planeta parou, no início de 2020, os armadores, com baixíssima demanda, estacionaram seus navios nos estaleiros. Quando o consumidor, de casa, voltou o foco para o e-commerce a partir do terceiro trimestre do ano passado, o jogo virou e a oferta do transporte marítimo não teve capacidade de suportar o aquecimento nas exportações mercantis.
A pandemia causou um caos logístico no capitalismo global. Quando o planeta parou, no início de 2020, os armadores, com baixíssima demanda, estacionaram seus navios nos estaleiros. Quando o consumidor, de casa, voltou o foco para o e-commerce a partir do terceiro trimestre do ano passado, o jogo virou e a oferta do transporte marítimo não teve capacidade de suportar o aquecimento nas exportações mercantis.
A elasticidade na demanda por navios e a inevitável rigidez na oferta do mercado marítimo fizeram os preços do frete internacional dispararem. Como colocou o presidente da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul), Anderson Trautman Cardoso, "a parada abrupta criou um verdadeiro caos logístico internacional. Faltam contêineres, faltam navios. Os fretes entre Brasil e China, que é nosso principal parceiro comercial hoje, tiveram, em julho desse ano preço sete vezes maior do que o verificado no ano anterior. A rota Shangai-Santos está custando US$ 11 mil por contêiner de 20 pés. A título de comparação, o custo era de US$ 1,5 mil em agosto de 2020".
A Federasul promoveu o tema durante o evento "Tá Na Mesa" realizado ontem, quando palestrou o diretor de gerenciamento da Solve Shipping, empresa especializada em oferecer soluções inteligentes para importadores e exportadores, agentes de carga, cooperativas, armadores, autoridades e terminais portuários, Leandro Barreto.
Para ele, a "logística internacional de contêineres não foi planejada para tamanha volatilidade e elasticidade da demanda, o que causou uma série de efeitos cascata". Barreto afirma que, no início da pandemia, cerca de 150 viagens para transporte marítimo de cargas foram canceladas - sendo cerca de 30 delas com escala no Brasil.
"No pico da pandemia, todo mundo estacionou navio, mas então as pessoas começaram a comprar nos sites de e-commerce, já que não se podia gastar com serviços. A compra de produtos é injeção na veia da navegação. São mercadorias produzidas em outros continentes, sobretudo na Ásia. E os contêineres vazios tinham ficado nos Estados Unidos. Ali começou a bola de neve. A demanda que ficou reprimida no segundo trimestre veio com força no terceiro trimestre. E então não tinha o contêiner no lugar certo e os portos começaram a congestionar", relatou Barreto.
Segundo o diretor de gerenciamento, esse congestionamento pode não ter chego com força no Brasil mas atingiu em cheio portos como o de Los Angeles, Long Beach e Nova York (EUA), Hamburgo (Alemanha), Rotterdam (Holanda), Inglaterra e China. Os problemas logísiticos de falta de navios e de contêineres e congestionamento dos portos devem permanecer em 2022.
Também o preço para construção de navios cresceu. Passando de, em média, US$ 130 milhões para cerca de US$ 170 milhões. "O ano que vem pode ser mais tranquilo, mas não vai ser o que era antes da pandemia. E isso se não houver n Ever Given (navio que trancou o Canal de Suez entre 23 e 29 de março, provocando um congestionamento de 422 navios) ou novo lockdown na China. A capacidade para os próximos dois anos está dada. A única forma de resolver o problema atual é pela demanda", afirma Barreto.

Transporte marítimo pode recuperar perdas de uma década em um ano

Se, por um lado, a escassez de navios e contêineres ao redor do mundo gera um caos logístico para produtores e consumidores, no frete marítimo, o ano de 2021 se anuncia com resultados sem precedentes.
Está se estimando que, nesee ano, o lucro dos armadores deve ficar entre US$ 100 bilhões e U$D 150 bilhões, então talvez façam em um ano o que perderam em 10", afirma o diretor de gerenciamento da Solve Shipping, Leandro Barreto.
Os armadores ao redor do mundo recuperariam, assim, perdas que afetam este mercado desde a crise internacional de 2008. "Frete marítimo é uma commodity. Antes de 2008, oferta e demanda vinham crescendo a dois dígitos. Estávamos no pico da globalização. Até que veio a crise, em um momento de muita compra navio. Podemos perceber que a oferta cresceu sistematicamente acima da demanda. Tinha mais navio que gente querendo exportar", explicou Barreto.
De 2008 até meados de 2017, o setor do transporte marítimo internacional sofreu com perdas de investimentos. Diversas empresas quebraram, encerraram as atividades ou foram vendidas. Estima-se, segundo Barreto, que os armadores tenham tido perdas de até R$ 100 bilhões.