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Economia

- Publicada em 25 de Outubro de 2021 às 10:52

IPCA para 2021 sobe de 8,69% para 8,96%, prevê Focus

Essa foi a 29ª alta consecutiva da projeção para a inflação, cada vez mais distante do centro da meta

Essa foi a 29ª alta consecutiva da projeção para a inflação, cada vez mais distante do centro da meta


ANDRESSA PUFAL/JC
Agência Estado
Após as manobras propostas pelo governo no teto de gastos para bancar o aumento do Bolsa Família a R$ 400, a projeção do mercado financeiro para a inflação em 2021 e 2022 piorou significativamente e já começam a aparecer sinais de desancoragem mais ampla, com as estimativas para 2023 e 2024 também superando o centro das metas estabelecidas.
Após as manobras propostas pelo governo no teto de gastos para bancar o aumento do Bolsa Família a R$ 400, a projeção do mercado financeiro para a inflação em 2021 e 2022 piorou significativamente e já começam a aparecer sinais de desancoragem mais ampla, com as estimativas para 2023 e 2024 também superando o centro das metas estabelecidas.
A estimativa mediana para 2021 saltou 0,27 ponto porcentual, de 8,69% para 8,96%, a 29ª alta consecutiva, conforme o Relatório Focus, cada vez mais distante do teto da meta (5,25%) a ser perseguida pelo Banco Central (BC). Há um mês, estava em 8,45%. A projeção para o índice em 2022, foco do BC, também continuou subindo, de 4,18% para 4,40%, 14º aumento seguido. Quatro semanas atrás, estava em 4,12%.
Considerando as 104 respostas nos últimos cinco dias úteis, a projeção para o IPCA de 2021 passou de 8,79% para 9,05%, indicando que a tendência é de alta. Para 2022, também foram feitas 104 atualizações nos últimos cinco dias, com a estimativa variando de 4,22% para 4,50% - mais próximo do teto da meta (5,00%) do que do centro (3,50%).
O relatório Focus trouxe ainda nesta segunda-feira (25) a expectativa para o IPCA em 2023, que subiu de 3,25% para 3,27%. No caso de 2024, a previsão passou de 3,00% para 3,02%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,25% e 3,00%, respectivamente.
A meta para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%). Já para 2024 o objetivo é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (de 1,5% para 4,5%).
Selic
As instituições passaram a prever aceleração no ritmo de alta da Selic (a taxa básica da economia) e níveis mais altos no fim de 2021 e 2022, segundo o Relatório de Mercado Focus, prevendo uma deterioração econômica devido à perda de credibilidade da âncora fiscal.
Para este ano, a estimativa subiu de 8,25% para 8,75%, o que supõe uma aceleração no passo de alta de juros, até setembro em 1 ponto porcentual, ainda este ano. Há um mês, a mediana era de 8,25%. Já a estimativa para o fim de 2022 passou de 8,75% para 9,50%, uma das mudanças mais bruscas da história da pesquisa de uma semana para a outra. Há quatro semanas, estava em 8,50%.
Considerando apenas as 97 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim de 2021 passou de 8,25% para 8,75%. Já para 2022, a mediana passou de 8,88% para 9,75%, considerando as 96 atualizações dos últimos cinco dias úteis.
A estimativa para a taxa Selic no fim de 2023 passou de 6,50% para 7,00%, de 6,75% há quatro semanas. Para 2024, continuou em 6,50%, como há um mês.
Em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu pela quinta vez consecutiva a Selic e manteve o ritmo ao elevá-la em 1,00 ponto porcentual, para 6,25% ao ano. Ao mesmo tempo, o colegiado sinalizou um novo aumento de mesma magnitude para a próxima reunião, nos dias 26 e 27 de outubro.
Após as primeiras sinalizações do governo de flexibilização fiscal e antes do início do período de silêncio, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk sinalizou que um maior risco fiscal significaria uma política monetária mais apertada. Também disse que o BC avaliaria, como fez no Copom anterior, se o nível final de juros seria suficiente para convergência da inflação à meta em 2022 ou se seria necessário aumentar o ritmo de alta também.
PIB
O Relatório de Mercado Focus divulgado mostrou nova redução na previsão para a mediana para Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, de 5,01% para 4,97%. Há quatro semanas, estava em 5,04%. Para 2022, a previsão de expansão do PIB passou de 1,50% para 1,40%. Quatro semanas atrás, estava em 1,57%.
Considerando apenas as 62 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2021 passou de 5,00% para 4,94%. Para 2022, foram feitas 60 atualizações nos últimos cinco dias, com a estimativa avançando de 1,40% para 1,33%.
Para 2023, a projeção de crescimento cedeu de 2,10% para 2,00%, de 2,20% há um mês. Já para 2024, a estimativa passou de 2,50% para 2,25%, ante 2,50% de quatro semanas atrás.
A piora mais ampla nas expectativas de crescimento ocorre depois das manobras propostas pelo governo no teto de gastos para bancar o aumento do Bolsa Família a R$ 400. Na semana passada, diversas instituições alteraram seus cenários prevendo deterioração econômica devido à perda de credibilidade da âncora fiscal.
O Banco Central deixou de publicar, no documento do Focus, as projeções para a produção industrial, devido à pouca quantidade de respostas para esse indicador.
O Relatório de Mercado Focus mostrou que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2021 passou de 60,60% para 60,45%. Há um mês, estava em 61,00%. Para 2022, a expectativa passou de 63,00% para 62,90%, ante 62,97% de um mês atrás.
O relatório trouxe ainda alteração na relação entre o déficit primário e o PIB este ano, em 1,40% para 1,20%. No caso de 2022, a estimativa foi mantida em 1,00%. Há um mês, os porcentuais estavam em 1,50% e 1,00%, respectivamente.
Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2021 passou de 5,68% para 5,80%, conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro. Para 2022, variou de 6,69% para 6,35%. Há quatro semanas, essas relações estavam em 5,80% e 6,36%, nesta ordem.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Balança comercial
Os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a balança comercial em 2021 na pesquisa Focus realizada pelo Banco Central, de superávit comercial de US$ 70,25 bilhões para US$ 70,50 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de US$ 70,70 bilhões. Para 2022, a estimativa de superávit cedeu de US$ 63,65 bilhões para US$ 63,00 bilhões, de US$ 63 bilhões há um mês.
Recentemente, o governo diminuiu a estimativa para o saldo comercial em 2021 de US$ 105,3 bilhões para US$ 70,9 bilhões. Ainda assim, o número permanece 34,3% superior ao de 2020.
No caso da conta corrente do balanço de pagamentos, a previsão contida no Focus para 2021 piorou, de déficit de US$ 4,85 bilhões para US$ 5,50 bilhões, ante US$ 2,00 bilhões de um mês antes. Para 2022, a projeção de rombo nas contas externas passou de US$ 20,80 bilhões para US$ 19,00 bilhões. Um mês atrás, o déficit projetado era de US$ 17,00 bilhões.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o resultado deficitário nestes anos. A mediana das previsões para o IDP em 2021 permaneceu em US$ 50,00 bilhões, mesmo valor de um mês antes. Para 2022, a expectativa passou de US$ 60,25 bilhões para US$ 60,00 bilhões, ante US$ 62,00 bilhões de um mês antes.
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