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Economia

- Publicada em 20 de Outubro de 2021 às 03:00

Ibovespa cai 3,3% e dólar sobe para R$ 5,59


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A Bolsa de Valores brasileira fechou em forte queda e o dólar disparou nesta terça-feira (19) com o mercado temendo que as discussões em Brasília sobre o novo programa de distribuição de renda do governo resultem em aumentos de gastos acima do teto fiscal. A tensão também elevou os juros futuros.

A Bolsa de Valores brasileira fechou em forte queda e o dólar disparou nesta terça-feira (19) com o mercado temendo que as discussões em Brasília sobre o novo programa de distribuição de renda do governo resultem em aumentos de gastos acima do teto fiscal. A tensão também elevou os juros futuros.

O Ibovespa, índice de referência da Bolsa, caiu 3,28%, a 110.672 pontos. O indicador chegou a recuar 3,91% durante a tarde. O dólar à vista subiu 1,33%, a R$ 5,5938, perto da máxima de R$ 5,6123.

A moeda norte-americana manteve o viés de alta durante todo o pregão, mesmo depois do leilão realizado pelo Banco Central (BC) para venda à vista de US$ 500 milhões (R$ 2,78 bilhões), a primeira operação desse tipo desde março.

A turbulência no mercado foi gerada pela informação de que o presidente Jair Bolsonaro determinou que o Auxílio Brasil chegue a R$ 400, valor superior aos R$ 300 do auxílio emergencial. O benefício pago na pandemia acaba no próximo dia 31. Segundo interlocutores do presidente, há espaço no orçamento do Bolsa Família para pagar os R$ 300 neste ano a 17 milhões de pessoas. O desafio, porém, é chegar ao novo valor determinado pelo presidente, de R$ 400. O gasto fora da regra fiscal deve ficar entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões.

A ordem de Bolsonaro gerou clima de derrota na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. O nervosismo do mercado e a pressão de Guedes levaram o Palácio do Planalto a desistir de realizar uma cerimônia nesta terça para anunciar o programa Auxílio Brasil.

O novo valor do Auxílio Brasil reforça a tensão gerada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que havia defendido na véspera, em entrevista ao site da revista Veja, que o país não poderia priorizar a responsabilidade fiscal e o respeito ao teto de gastos em detrimento das necessidades da população mais vulnerável diante dos impactos sociais provocados no Brasil pela pandemia de Covid-19.

Embora exista consenso sobre a necessidade de combater as mazelas sociais geradas pela pandemia, o mercado digere mal a separação que parte da classe política faz entre disciplina fiscal e investimentos sociais. Essa dicotomia, presente na fala de Lira, tem aumentado ainda mais a percepção quanto ao risco fiscal do país, segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. "Lira revela sua pretensão populista ao impor uma dualidade inexistente entre o social e a responsabilidade, como se houvesse um entrave, ou que para se fazer política social tivesse que ser irresponsável", disse Sanchez.

De acordo com o economista, as declarações de Lira também indicam que ele poderá ser um dos principais agentes políticos a pressionar pelo aumento dos gastos públicos com a proximidade das eleições de 2022.

O mercado também operou atento à possível votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos precatórios em comissão especial da Câmara. Os títulos da dívida judicial reconhecida representarão despesas de aproximadamente R$ 89 bilhões em 2022 e o parcelamento de parte desses débitos é visto como uma contrapartida para viabilizar o Auxílio Brasil.

Entre as ações de maior liquidez, mesmo com o desempenho positivo dos preços do petróleo, Petrobras puxou a fila de perdas, com a PN em queda de 4,89% e a ON, de 4,37% no fechamento, enquanto Vale ON mostrou perda de 1,15%.

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