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Economia

- Publicada em 15 de Outubro de 2021 às 17:07

Inflação para mais pobres encosta em 11% no acumulado de 12 meses

A situação preocupa porque essa camada tem menos condições financeiras para lidar com a carestia de itens básicos para o dia a dia

A situação preocupa porque essa camada tem menos condições financeiras para lidar com a carestia de itens básicos para o dia a dia


JOÃO GERALDO BORGES/PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
A inflação acelerou em setembro e voltou a atingir com maior força o bolso dos mais pobres no Brasil, aponta estudo divulgado nesta sexta-feira (15) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A inflação acelerou em setembro e voltou a atingir com maior força o bolso dos mais pobres no Brasil, aponta estudo divulgado nesta sexta-feira (15) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O levantamento divide a população em seis faixas de renda. No mês passado, todas as camadas pesquisadas viram a inflação acelerar para 1% ou mais. A questão é que as famílias mais pobres amargaram, novamente, um aumento superior nos preços.
A situação preocupa porque essa camada tem menos condições financeiras para lidar com a carestia de itens básicos para o dia a dia. Entre eles, estão alimentos, energia elétrica e gás de cozinha.
Em setembro, a inflação para as famílias com renda considerada muito baixa chegou a 1,30%, o maior avanço entre as faixas pesquisadas. O grupo é formado por brasileiros cujo rendimento domiciliar fica abaixo de R$ 1.808,79 por mês.
Com o resultado de setembro, a inflação para os mais pobres alcançou 10,98% no acumulado de 12 meses. Também é a maior alta entre os seis grupos investigados.
"O cenário é desconfortável para todo mundo, mas é mais danoso para os mais pobres", define Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea.
A título de comparação, a inflação para as famílias com renda considerada alta foi de 1,09% em setembro. No acumulado de 12 meses, a variação dos preços atingiu 8,91% para os mais ricos.
O grupo é composto por famílias com renda domiciliar acima de R$ 17.764,49.
Segundo o Ipea, as famílias com rendimento mais baixo foram impactadas, sobretudo, pelo aumento nos preços do setor de habitação em setembro.
Dentro desse segmento, houve reajustes de 6,5% nas tarifas de energia elétrica, de 3,9% no gás de botijão e de 1,1% nos artigos de limpeza.
O bolso dos mais pobres também foi pressionado, ainda que em menor medida, pela alta nos alimentos no domicílio. Frutas (5,4%), aves e ovos (4%) e leites e derivados (1,6%) fazem parte dessa lista.
Para as camadas com renda maior, o principal foco inflacionário em setembro veio do setor de transportes.
No mês passado, esse ramo de produtos e serviços teve o efeito dos reajustes de 2,3% na gasolina, de 28,2% nas passagens aéreas e de 9,2% nos transportes por aplicativo.
Com orçamento bem mais restrito, os mais pobres acabam direcionando seu dinheiro especialmente para despesas como alimentação em casa, energia elétrica, gás de cozinha e aluguel.
Ao longo da pandemia, esses itens ficaram mais caros, o que ajuda a entender a escalada inflacionária maior entre as famílias com renda inferior.
"É um cenário muito pior do que o imaginado inicialmente", diz Maria Andreia.
Segundo a pesquisadora, a diferença entre a inflação dos mais ricos e a dos mais pobres, em 12 meses, tende a ser encurtada até o fim deste ano.
Até dezembro, espera-se que os alimentos diminuam o ritmo de crescimento, se comparados à reta final de 2020, quando houve repique nos preços, diz Maria Andreia. É esse efeito estatístico que pode diminuir o acumulado para os mais pobres.
Ao mesmo tempo, a projeção é de retomada do setor de serviços, que tem peso maior no orçamento dos mais ricos. Com a demanda mais aquecida, a tendência é de uma inflação mais elevada, impactando quem dispõe de renda superior, segundo a pesquisadora.
"Os preços dos alimentos não devem cair. Devem subir menos. Isso tende a suavizar a curva de aumento para os mais pobres. Enquanto isso, além da pressão dos combustíveis, há a aceleração dos serviços para os mais ricos", pontua.
O estudo do Ipea ainda traz o recorte do aumento de preços no acumulado do ano, entre janeiro e setembro.
Nessa comparação, as famílias com renda média-baixa (entre R$ 2.702,88 e R$ 4.506,47) registraram a maior alta inflacionária. O avanço foi de 7,23%.
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AS FAIXAS DE RENDA COMICILIAR
Faixa de renda - Valor, em R$
Renda muito baixa - Menor de R$ 1.808,79
Renda baixa - Entre R$ 1.808,79 e R$ 2.702,88
Renda média-baixa - Entre R$ 2.702,88 e R$ 4.506,47
Renda média - Entre R$ 4.506,47 e R$ 8.956,26
Renda média-alta - Entre R$ 8.956,26 e R$ 17.764,49
Renda alta - Maior de R$ 17.764,49
Fonte: Ipea
Folhapress
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