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Economia

- Publicada em 29 de Setembro de 2021 às 18:46

Real sofre pouco em dia de fortalecimento expressivo do dólar no exterior

A moeda americana agora acumula valorização de 1,62% na semana e de 5% em setembro

A moeda americana agora acumula valorização de 1,62% na semana e de 5% em setembro


MARCOS SANTOS/USP IMAGENS/DIVULGAÇÃO/JC
Agência Estado
A sessão desta quarta-feira (29) foi marcada por mais uma rodada de amplo fortalecimento global do dólar a despeito da recuperação parcial hoje das Bolsas em Nova York, após as perdas expressivas da terça-feira. Na rabeira entre as divisas emergentes nos últimos tempos, muito por causa dos problemas fiscais e políticos domésticos, o real hoje foi destaque positivo da turma. Apesar da alta de mais de 0,60% do índice DXY (que mede o desempenho da moeda americana frente a seis divisas fortes) e dos ganhos de mais de 1% frente o peso mexicano e o rand sul-africano, considerados pares da moeda brasileira, o dólar mostrou fôlego reduzido no mercado doméstico.
A sessão desta quarta-feira (29) foi marcada por mais uma rodada de amplo fortalecimento global do dólar a despeito da recuperação parcial hoje das Bolsas em Nova York, após as perdas expressivas da terça-feira. Na rabeira entre as divisas emergentes nos últimos tempos, muito por causa dos problemas fiscais e políticos domésticos, o real hoje foi destaque positivo da turma. Apesar da alta de mais de 0,60% do índice DXY (que mede o desempenho da moeda americana frente a seis divisas fortes) e dos ganhos de mais de 1% frente o peso mexicano e o rand sul-africano, considerados pares da moeda brasileira, o dólar mostrou fôlego reduzido no mercado doméstico.
Com trocas de sinais ao longo do dia, a moeda americana chegou até a furar a barreira dos R$ 5,40, descendo até a mínima de R$ 5,3929 (-0,58%) no início da tarde. Na máxima, registrada também no período vespertino, o dólar atingiu R$ 5,4464 (+0,41%). No fim do dia, a divisa era cotada a R$ 5,4303, em alta de 0,11%. Em que pese o vaivém das cotações, a oscilação se deu em um intervalo pequeno, de cerca de cinco centavos. A moeda americana agora acumula valorização de 1,62% na semana e de 5% em setembro.
Segundo analistas, as disputas em torno da formação da última taxa Ptax de setembro, na quinta, e fatores técnicos no mercado futuro deram algum fôlego à moeda brasileira. Nunca é demais lembrar que o real vinha tendo o pior desempenho entre as divisas emergentes nos últimos tempos, o que ajuda a explicar a resistência da moeda brasileira nesta quarta.
Além disso, comenta-se que o mercado está tecnicamente mais leve. Dados da corretora Renascença mostram que na terça os fundos locais reduziram suas posições vendidas em dólar futuro em 18,800 contratos (US$ 940 milhões), tendo estrangeiros e bancos na contraparte. Avaliava-se nas mesas de operação nos últimos dias que o mercado de câmbio estava muito pressionado justamente por desmonte de apostas vendidas dos fundos, o que turbinava o dólar futuro.
Dados positivos da economia doméstica também teriam amenizado as pressões sobre a taxa de câmbio nesta quarta. O Banco Central informou pela manhã que o setor público consolidado teve superávit primário de R$ 16,729 bilhões em agosto, enquanto a mediana de Projeções Broadcast era de déficit de R$ 10,6 bilhões. Do lado da inflação, boa notícia com queda de 0,64% do IGP-M em setembro, após alta de 0,66% no mês anterior. Já o Caged apontou geração líquida de 372.265 vagas em agosto, acima do esperado (330 mil vagas, segundo Projeções Broadcast).
Pela manhã, o mercado absorveu a oferta total de 14 mil contratos (US$ 700 milhões) do leilão extra de swap cambial (para o overhege dos bancos), o que, segundo operadores, ajuda a dar alguma sustentação ao real no curto prazo. "O dólar teve uma forte queda em um momento muito por conta do swap para o overhedge dos bancos. Mas esses leilões não são suficientes para conter a moeda americana, que voltou a subir", afirma Zeller Bernardino, especialista em câmbio da Valor Investimentos, ressaltando que ainda é grande a "incerta dos investidores por conta do risco fiscal".
O mercado segue de olho na tramitação da PEC dos Precatórios, essencial para que o governo coloque em pé o Auxílio Brasil em 2022 (nova versão do Bolsa Família), e monitora os rumores de extensão do auxílio emergencial, cuja fonte de receita (crédito suplementar) fica fora do teto de gastos.
Em fala na Comissão que analisa a PEC dos Precatórios, o secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Bruno Funchal, disse que o governo tem capacidade de pagar as dívidas judiciais e que o desafio, em relação aos Precatórios, é "compatibilizar as despesas com o teto de gastos". Segundo Funchal, colocar o teto em xeque por causa do crescimento das despesas obrigatórias (precatórios) "não é o caminho".
Segundo o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, com os impasses no Congresso em torno da agenda econômica e o DXY na casa dos 94 pontos, não há como o dólar por aqui se manter abaixo de R$ 5,30. "O mais importante é que o dólar siga abaixo de R$ 5,52, a linha de tendência de longo prazo. Caso rompa, pode voltar a mirar novamente a região de R$ 5,70", diz Faria, acrescentando que a oferta de swaps extras é suficiente apenas para cobrir a demanda relacionada ao overhedge dos bancos.
No exterior, as atenções estiveram voltadas à fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em encontro de banqueiros centrais. Powell repetiu que a alta da inflação é transitória e reiterou que a economia americana está perto de atingir o progresso substancial necessário para o início da redução da compra mensal de bônus (tapering), o que fez o DXY atingir às máximas do dia.
Mais uma vez, Powell tentou dissociar a diminuição dos estímulos ao momento de alta dos juros, que ainda "está longe de ocorrer". Depois da forte alta nos últimos dias, as taxas dos Treasuries apresentaram leve recuo nesta quarta, embora tenham se afastado das mínimas após fala de Powell, com o yield da T-note de 10 anos na casa de 1,52%.
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