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Combustíveis

- Publicada em 14 de Setembro de 2021 às 17:50

Presidente da Petrobras diz que ICMS eleva combustíveis

Silva e Luna tentou passar a ideia de que a empresa não tem relação com o aumento dos preços

Silva e Luna tentou passar a ideia de que a empresa não tem relação com o aumento dos preços


CLEIA VIANA/CÂMARA DOS DEPUTADOS/JC
Com um discurso totalmente alinhado ao do presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, jogou para os governadores a responsabilidade pela escalada dos preços dos combustíveis no País. Em debate na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (14), Silva e Luna disse que a estatal deve ser vista com orgulho, afirmou que tem se esforçado em diversas áreas para colaborar com o Brasil, e negou que repasse as elevações vistas no mercado internacional de forma automática. 
Com um discurso totalmente alinhado ao do presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, jogou para os governadores a responsabilidade pela escalada dos preços dos combustíveis no País. Em debate na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (14), Silva e Luna disse que a estatal deve ser vista com orgulho, afirmou que tem se esforçado em diversas áreas para colaborar com o Brasil, e negou que repasse as elevações vistas no mercado internacional de forma automática. 
A participação de Silva e Luna no Congresso foi requisitada pelo deputado Danilo Forte (PSDB-CE). Inicialmente, ele seria ouvido pela Comissão de Minas Energia, mas sua presença ganhou mais relevância depois que a audiência foi transferida para o plenário pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). A expectativa em torno das declarações do presidente da Petrobras cresceu ainda mais depois que Lira usou as redes sociais, na noite de segunda-feira, para criticar a gestão da estatal.
"Tudo caro: gasolina, diesel, gás de cozinha. O que a Petrobras tem a ver com isso? Amanhã hoje, a partir das 9h, o plenário vira Comissão Geral para questionar o peso dos preços da empresa no bolso de todos nós. A Petrobras deve ser lembrada: os brasileiros são seus acionistas", escreveu o presidente da Câmara. A mensagem de Lira causou forte reação negativa nos papéis da companhia em Nova York, que chegaram a ceder 2%, pois os negócios brasileiros já haviam encerrado as atividades. Apesar de o mercado avaliar bem as posições de Silva e Luna hoje, as ações da empresa seguem em baixa de 0,99%.
Com o alerta feito na véspera, o interesse por possíveis recados de Lira virou o foco das atenções. Na abertura, no entanto, o presidente da Câmara limitou-se a usar seu tempo de fala para descrever como seria o rito da sessão. Em cerca de metade do tempo da audiência, que durou cinco horas, ele se retirou do local e não voltou mais. Segundo fontes, o presidente da Câmara se dirigiu a sua residência oficial para se encontrar com líderes.
No plenário, o presidente da Petrobras manteve o tom firme, mesmo escutando críticas tanto de parlamentares da oposição quanto da base aliada e argumentou que a alta dos preços dos combustíveis é fruto de uma "série de incidências de impostos". "A Petrobras não passa a volatilidade momentânea do preço internacional do petróleo", garantiu.
Mais do que tentar passar a ideia de que a estatal não tem relação com o aumento dos preços, um dos seus principais pontos foi sobre a "limpeza" da companhia, que no passado se envolveu em várias denúncias de corrupção. "Quando há flutuação dos preços, não quer dizer que a Petrobras teve alguma atuação sobre o preço", disse. Segundo o presidente da estatal, a parte da composição do valor que corresponde à estatal é de aproximadamente R$ 2,00 considerando um preço na bomba de R$ 6,00. "O que impacta é o ICMS, e outros impostos federais, como PIS e Cofins", alegou.
Silva e Luna também foi cobrado sobre atuações da estatal para combater a crise hídrica, que vem se transformando em crise energética, por meio de outras formas de geração de energia. Para ele, o problema ainda deverá se arrastar "até outubro ou novembro" e pediu para que a solução para a turbulência fosse encontrada de forma conjunta pelos agentes de mercado. O principal papel da Petrobras, de acordo com o general, é dar lucro para o País. Com isso, pelo seu raciocínio, há recursos excedentes para o governo, que pode canalizá-los para as áreas que mais necessitam.
Além disso, citou o esforço da companhia para manter o abastecimento. "O combustível mais caro do mundo é aquele que não existe. Por isso, nosso esforço é para não faltar combustível, por isso importamos e ampliamos nossa capacidade de navios", afirmou. Ele afastou a possibilidade de haver um tabelamento no País, alegando que isso inibe investimentos e afirmou, inclusive, que não há qualquer aversão na companhia para justamente investir, apesar das empreitadas recentes de venda de plantas e refinarias.

Estatal repassa preços mais rápido do que ocorre em outros países, diz presidente do BC

Inflação brasileira também foi influenciada por fatores climáticos, afirmou Campos Neto

Inflação brasileira também foi influenciada por fatores climáticos, afirmou Campos Neto


JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL/JC
Enquanto o presidente da Petrobras falava para deputados, em um evento privado o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliava que a petroleira brasileira repassa os preços de forma muito mais rápida do que se vê em outros países, para justificar a alta dos juros.
Campos Neto afirmou que o efeito da alta de commodities no Brasil em meio à recuperação global do choque da pandemia de Covid-19 foi maior e mais rápido no Brasil e que agora se dissemina por outros países pares. "A Petrobras repassa preços muito mais rápido do que ocorre em outros países."
 
Campos Neto também destacou que a inflação brasileira também foi muito influenciada por fatores climáticos, para além da crise hídrica. "Tivemos onda de calor, depois geadas, depois problemas de chuva."
 
O presidente do BC também indicou que a avaliação é que a inflação mais prolongada no mundo, com normalização mais lenta.
 
Campos Neto participou nesta terça-feira do evento MacroDay 2021, do BTG Pactual, que ocorre de forma presencial, seguindo, segundo a instituição, os protocolos sanitários.