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conjuntura

- Publicada em 28 de Junho de 2021 às 03:00

Empresas estrangeiras elevam entrada de capital no país

A melhora das perspectivas de crescimento da economia e o avanço da vacinação contra a covid-19, ainda que lento, já fazem empresas multinacionais retomarem os planos de investimento no Brasil, antes paralisados ou prejudicados por causa da pandemia. Nos últimos meses, tem crescido o número de companhias estrangeiras que anunciam novos projetos de expansão, aquisições ou aportes de capital no País.
A melhora das perspectivas de crescimento da economia e o avanço da vacinação contra a covid-19, ainda que lento, já fazem empresas multinacionais retomarem os planos de investimento no Brasil, antes paralisados ou prejudicados por causa da pandemia. Nos últimos meses, tem crescido o número de companhias estrangeiras que anunciam novos projetos de expansão, aquisições ou aportes de capital no País.
O grupo português de distribuição e geração de energia EDP, por exemplo, anunciou recentemente um plano de investir R$ 10 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos. A montadora francesa Renault pretende aplicar R$ 1,1 bilhão em sua linha de produção já neste ano e no próximo. A marca de alimentos e bens de consumo Nestlé, da Suíça, fará um investimento de R$ 900 milhões em suas fábricas no País.
Já a norueguesa Equinor, do setor de petróleo e gás, revelou este mês que planeja investir US$ 8 bilhões, ao lado de empresas parceiras em um consórcio de exploração de petróleo, para iniciar a extração no campo de Bacalhau, na Bacia de Santos, que deve começar a operar em 2024. "Temos uma perspectiva de longo prazo. Até 2030, esperamos investir mais de US$ 15 bilhões", diz Veronica Coelho, presidente da Equinor no País.
A retomada dos aportes estrangeiros é vista no indicador de investimentos diretos no País (IDP), divulgado pelo Banco Central (BC). Depois de despencar em 2020 para o menor nível em 10 anos, os investimentos voltaram a crescer. De janeiro a maio, a entrada de recursos de empresas estrangeiras somou US$ 22,5 bilhões, de acordo com os dados do BC. O valor é 30% maior do que no mesmo período do ano passado, quando o IDP acumulado foi de US$ 17,3 bilhões. Mas a quantia está abaixo do nível de 2019, antes da pandemia, de US$ 26,1 bilhões.
Ainda que uma parte significativa do IDP seja composto por reinvestimentos dos lucros obtidos no País, o investimento direto é visto como um recurso de mais qualidade, porque é destinado à atividade produtiva.
A expansão está longe de alcançar os patamares de anos anteriores. Considerando os últimos 12 meses encerrados em maio, os investimentos diretos representavam 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB), nível abaixo do registrado nos últimos anos. Entretanto, as condições agora são mais vantajosas para a entrada de estrangeiros.
"O custo de entrar no Brasil está relativamente baixo, por causa da depreciação do real. É um ambiente favorável para aportes produtivos no curto prazo. É claro que no Brasil há sempre muita incerteza. Mas, seis meses atrás, as perspectivas eram piores", diz o economista Livio Ribeiro, pesquisador associado do Ibre/FGV e sócio da consultoria BRCG.

Empresas miram longo prazo, mas riscos preocupam

Os últimos 12 meses foram uma montanha-russa para as operações da Tronox no Brasil, um grupo industrial americano com 7 mil funcionários no mundo e especializado na fabricação de dióxido de titânio, insumo químico usado na pigmentação de tintas e plásticos. No ano passado, a demanda pelo produto despencou durante a fase mais crítica da pandemia, e o faturamento líquido da empresa no País chegou a cair pela metade no segundo trimestre, para R$ 78 milhões.
Nos meses seguintes, porém, a fábrica da empresa, localizada em Camaçari (BA), verificou uma retomada repentina, puxada pela demanda da construção civil e pela necessidade de reposição de estoques. O faturamento deu um salto: chegou a bater R$ 281 milhões no quarto trimestre e se manteve em R$ 226 milhões nos primeiros três meses de 2021.
Com a melhora do mercado, a matriz nos EUA decidiu colocar em prática um plano de investimentos de R$ 137 milhões no Brasil, que era preparado desde outubro de 2019. Os recursos serão usados para modernizar a fábrica em Camaçari, automatizando processos industriais. Também está no radar o lançamento de novo um produto para o segmento de tintas.
A palavra de ordem, segundo o diretor-presidente, Roberto Garcia, é a "diferenciação" para obter uma margem de lucro maior e competir com concorrentes estrangeiros. "Existe muita concorrência chinesa. Mas a diferenciação do produto e a proximidade com o cliente podem ser decisivos. E já têm feito a diferença agora", diz. O caso da americana Tronox não é isolado. Nos últimos meses, aumentou o número de multinacionais que decidiram realizar novos investimentos no Brasil, de olho na recuperação da atividade econômica.
Um outro exemplo é o do grupo português EDP, do setor elétrico, que anunciou recentemente investimentos de R$ 10 bilhões até 2025. Eles serão aplicados em três frentes, de acordo com o presidente da operação brasileira, João Marques da Cruz. A primeira delas é na melhoria do serviço de fornecimento de energia elétrica nos municípios atendidos por ela, no Espírito Santo e em São Paulo.
O plano inclui atualizar equipamentos, construir novas subestações para evitar a interrupção de energia e substituir sistemas de controle para reduzir as perdas. Cerca de R$ 6 bilhões devem ser investidos apenas nesses projetos. Os demais recursos serão usados na construção de linhas de transmissão e na geração de energia solar. No momento em que há o temor de uma crise energética, a empresa quer elevar a produção de energia solar dos atuais 50 megawatts para 1 gigawatt em 2025, um aumento de 20 vezes.
"Entendemos que é nesse momento que se deve apostar. Temos confiança de que os fundamentos da economia brasileira vão permanecer. E acreditamos que a economia vai crescer e vai precisar de infraestrutura de energia no longo prazo", afirma Marques da Cruz. É também de olho no longo prazo que a montadora Renault anunciou em março um plano de investimentos de R$ 1,1 bilhão para este ano e 2022.