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Energia

- Publicada em 01 de Junho de 2021 às 21:21

Térmicas gaúchas ajudam contra escassez hídrica

Movido a carvão, Complexo de Candiota está despachando energia

Movido a carvão, Complexo de Candiota está despachando energia


/CAMILA DOMINGUES/PALÁCIO PIRATINI/JC
Com os reservatórios das hidrelétricas em patamares muito baixos, principalmente no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, as termelétricas brasileiras estão operando intensamente, o que vale também para as usinas que utilizam combustíveis fósseis no Rio Grande do Sul. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) Elétrico, na segunda-feira (31) os complexos a carvão Candiota 3 e Pampa Sul, assim como a Termelétrica Canoas (que é bicombustível, podendo atuar com gás natural ou diesel) estavam despachando energia. A única grande térmica gaúcha que não operou foi a de Uruguaiana, que historicamente enfrenta problemas pela falta de fornecimento de gás argentino.
Com os reservatórios das hidrelétricas em patamares muito baixos, principalmente no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, as termelétricas brasileiras estão operando intensamente, o que vale também para as usinas que utilizam combustíveis fósseis no Rio Grande do Sul. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) Elétrico, na segunda-feira (31) os complexos a carvão Candiota 3 e Pampa Sul, assim como a Termelétrica Canoas (que é bicombustível, podendo atuar com gás natural ou diesel) estavam despachando energia. A única grande térmica gaúcha que não operou foi a de Uruguaiana, que historicamente enfrenta problemas pela falta de fornecimento de gás argentino.
Esse uso mais acentuado das térmicas é necessário, pois o mais importante subsistema de reservatórios de hidrelétricas do País, o Sudeste/Centro-Oeste, se encontrava na segunda-feira com um patamar de apenas 32,11% de volume útil preenchido. Para se ter uma ideia da importância desse subsistema, o diretor-presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), Xisto Vieira Filho, ressalta que a capacidade máxima de produção de energia dessa região é de cerca de 203,5 mil MWmês, enquanto no Sul é de 19,8 mil MWmês, no Nordeste de 51,6 mil MWmês e no Norte de 15,1 mil MWmês.
Para o dirigente, o reflexo mais provável com o gerenciamento da situação que está sendo feito é que ocorra um aumento de preço nas contas de luz devido à elevada operação das termelétricas, que têm uma energia mais cara em relação às hidrelétricas, quando essas usinas estão com os reservatórios cheios. "Mas, não vejo racionamento para esse ano", aponta o dirigente. O diretor-presidente da Abraget comenta que é difícil mensurar qual será o impacto nas tarifas, pois isso dependerá das condições climáticas futuras. Como o sistema elétrico nacional é interligado, ou seja, uma região desloca energia para outra, um eventual racionamento ou mesmo o aumento nas contas de luz reflete em todos brasileiros.
Vieira Filho ressalta que, segundo o ONS, na segunda-feira havia 17.137 MWmédios sendo produzidos por fontes térmicas convencionais e mais 1.864 MWmédios de energia nuclear, o que representou cerca de 28% do total gerado nessa data. "É muita coisa, é quase toda a capacidade térmica instalada, está tudo sendo despachado", frisa o dirigente.
O coordenador do Grupo Temático de Energia e Telecomunicações da Fiergs, Edilson Deitos, também projeta que o maior impacto da situação atual será uma conta mais cara e não um racionamento de energia. Contudo, a situação atual, frisa o dirigente, demonstra a necessidade de que algumas ações sejam tomadas quanto ao setor energético gaúcho. Uma dessas iniciativas, defende Deitos, é ampliar a oferta de gás natural no Rio Grande do Sul. Isso porque a termelétrica de Canoas está operando com diesel, um combustível mais caro, porque se optar pelo gás faltará insumo para atender à demanda de outros segmentos.
Outro ponto importante, cita o integrante da Fiergs, é a questão do funcionamento da térmica de Uruguaiana, que daria mais segurança ao sistema elétrico, mas há anos não possui uma atividade ininterrupta. "Ela só fez um teste (em fevereiro deste ano), foi como um vagalume", compara Deitos. Ele recorda que uma dificuldade enfrentada pelo empreendimento é a Argentina demandar mais gás natural durante o inverno, o que diminui a possibilidade de oferta desse combustível para a usina.

Recuperação da economia e demanda preocupam

O presidente da Associação Gaúcha de Fomento às PCHs e diretor das fontes hídricas do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Roberto Zuch, concorda que a situação da falta de chuvas é realmente severa e deverá haver despachos térmicos de todas as frentes, sem restrições relacionadas a preços. “O que devemos ficar atentos é à velocidade da retomada econômica”, alerta o dirigente. Essa questão pode intensificar as dificuldades quanto ao abastecimento energético.
O boletim do Programa Mensal de Operação com as previsões do ONS para junho aponta elevação de 6,6% na carga do sistema interligado nacional, na comparação com o mesmo períodode 2020. Esse percentual leva em consideração a melhoria das expectativas econômicas para o próximo semestre. O documento indica ainda que o volume dos reservatórios para o fim do mês deve alcançar as marcas de 83,3% no Norte, 69,8% no Sul, 54,2% no Nordeste, e 28,8% no Sudeste/Centro-Oeste.
Para Zuch, nenhuma fonte sozinha é a solução para a matriz elétrica nacional ter total segurança quanto ao atendimento da demanda, o importante é achar o equilíbrio. Segundo o dirigente, uma das melhores formas, do ponto de vista econômico e de sustentabilidade, de armazenamento de energia atualmente são os reservatórios hidrelétricos. Porém, ele lembra que o planejamento energético do País, em determinado momento, optou por priorizar hidrelétricas a fio d’água. Esses complexos apresentam um menor impacto ambiental em sua construção, mas não possuem reservatórios e perdem capacidade de geração nos períodos de seca.