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Economia

- Publicada em 25 de Maio de 2021 às 03:00

São Leopoldo aposta na indústria para crescer

Prefeito Vanazzi cita a qualificação da infraestrutura urbana como indutora de investimentos

Prefeito Vanazzi cita a qualificação da infraestrutura urbana como indutora de investimentos


Thales Ferreira/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Carlos Villela
Apesar da pandemia, 2021 tem sido de boas notícias para São Leopoldo, no Vale dos Sinos. As duas maiores indústrias sediadas no município, a fabricante de equipamentos Stihl e a Taurus Armas, estão com fortes investimentos na cidade. A Stihl já previa investimentos de R$ 374 milhões para neste ano, mas agora espera um ok da matriz para aumentar em R$ 140 milhões, somando um total de R$ 514 milhões em 2021. Já a Taurus investiu aproximadamente R$ 215 milhões de 2018 até agora, com R$ 74,5 milhões apenas em 2020, e prevê investimentos de R$ 153,8 milhões até fim de 2021. Assim, São Leopoldo se diferencia de outras cidades do Vale do Sinos, outrora uma pujante região de fábricas e que, nos últimos 20 anos e puxada pela crise da indústria calçadista, passou por um processo de desindustrialização. De acordo com o prefeito Ary Vanazzi (PT), isso é resultado da qualificação da infraestrutura da cidade nas áreas de mobilidade urbana e saneamento para receber investimentos, o que, posteriormente, permitiu reduzir em certa medida os impactos causados pela pandemia de Covid-19 nos cofres municipais. Ele atribui a perspectiva de crescimento da cidade a um tripé formado por investimentos privados, novos contratos e investimentos públicos em infraestrutura urbana.
Apesar da pandemia, 2021 tem sido de boas notícias para São Leopoldo, no Vale dos Sinos. As duas maiores indústrias sediadas no município, a fabricante de equipamentos Stihl e a Taurus Armas, estão com fortes investimentos na cidade. A Stihl já previa investimentos de R$ 374 milhões para neste ano, mas agora espera um ok da matriz para aumentar em R$ 140 milhões, somando um total de R$ 514 milhões em 2021. Já a Taurus investiu aproximadamente R$ 215 milhões de 2018 até agora, com R$ 74,5 milhões apenas em 2020, e prevê investimentos de R$ 153,8 milhões até fim de 2021. Assim, São Leopoldo se diferencia de outras cidades do Vale do Sinos, outrora uma pujante região de fábricas e que, nos últimos 20 anos e puxada pela crise da indústria calçadista, passou por um processo de desindustrialização. De acordo com o prefeito Ary Vanazzi (PT), isso é resultado da qualificação da infraestrutura da cidade nas áreas de mobilidade urbana e saneamento para receber investimentos, o que, posteriormente, permitiu reduzir em certa medida os impactos causados pela pandemia de Covid-19 nos cofres municipais. Ele atribui a perspectiva de crescimento da cidade a um tripé formado por investimentos privados, novos contratos e investimentos públicos em infraestrutura urbana.
Jornal do Comércio - Como os investimentos da Stihl e Taurus refletem no desenvolvimento de São Leopoldo?
Ary Vanazzi - Todo esse crescimento da cidade, mesmo em meio à pandemia, tem a ver com planejamento. Os empresários olham o conjunto, e a gente se preocupou desde 2005 em fazer um bom abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica, fazer abertura de vias que traga acessibilidade às empresas, qualificar a cidade para eles. A Stihl está chegando no auge do investimento, e, dentro dessa estratégia do município de agilidade de aprovação de projetos e acompanhar de perto as indústrias, eles acabaram trazendo a maior parte da produção industrial para São Leopoldo. Mesma coisa com a Taurus, que estava em Porto Alegre, e a gente fez um acordo há mais de dez anos para ter investimentos na cidade e eles vieram totalmente para cá. Mudou muito o mercado externo das duas empresas, e elas acabaram tendo esse grande investimento. Mas temos diversas outras companhias menores que também estão investindo e exportando, e faz parte desse conjunto de estratégias pensadas pela gestão pública. Temos o maior parque tecnológico da América Latina no Tecnosinos, e isso ajuda as empresas que lidam com tecnologia.
JC - O senhor considera que os investimentos da Taurus e da Stihl representam uma retomada do potencial industrial da região dos Sinos ou é algo específico de São Leopoldo?
Vanazzi - Eu diria que a perspectiva da retomada econômica para o Rio Grande do Sul depende de outros fatores importantes. O agravamento do vírus e a falta de vacina têm trazido um certo recuo para exportações, novos contratos no País estão mais difíceis de ser construídos em função deste problema da pandemia, e a Taurus e a Stihl são duas empresas com características bastante peculiares na Grande Porto Alegre. São empresas de porte internacional, que produzem para duas áreas específicas, armas e equipamentos elétricos, então como são duas empresas com características bastante específicas a tendência é que elas continuem crescendo, mas isso não é, para mim, um sinal que a economia brasileira, gaúcha ou regional vai se alterar, ou um sinal de crescimento. Eu não tenho essa avaliação. São muitos contratos de longo prazo que têm que ser cumpridos, e são dois setores que necessitam de produção específica.
JC - Qual a importância do Tecnosinos a cidade?
Vanazzi - É muito grande, porque o Tecnosinos atrai empresas de tecnologia de ponta, gerando emprego com bastante qualidade. Isso aumenta muito a distribuição de renda na cidade, as pessoas acabam recebendo um salário melhor e gastando mais nos nossos comércios. E, hoje, ele disputa com as grandes empresas de tecnologia, gerando uma atratividade maior para a pequena e microempresa, e também para startups. A eficiência e a grandeza do Tecnosinos se dá porque temos uma governança que envolve o empresário, a universidade e a prefeitura. O papel da universidade também é muito importante para a economia da cidade.
JC - Qual é a expectativa da administração municipal em relação às obras de ampliação da BR-116, cujo congestionamento é frequente no trecho que passa por São Leopoldo?
Vanazzi - O projeto é antigo, e agora, de fato, o governo federal iniciou a obra. O conjunto todo, que vai de Canoas até Dois Irmãos, é de quase R$ 900 milhões. Hoje, a obra começa pela ponta do Rio dos Sinos, depois tem viadutos e laterais da BR-116, é uma obra significativa. Isso vai mudar completamente a mobilidade urbana da Grande Porto Alegre e vai impulsionar o crescimento da região, porque hoje a BR-116 representa um gargalo na produção. Tem um estudo apresentado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) que mostra que o prejuízo por ano para o setor produtivo gaúcho chega a R$ 240 milhões por causa dos engarrafamentos da BR-116. Ela acaba trazendo um aumento no custo da produção, e esta obra vai mudar não só o perfil da cidade como o perfil da Região Metropolitana. 
JC - Além da indústria, que outras áreas apresentam resultados positivos?
Vanazzi - As decisões que tomamos na pandemia ajudaram muito a economia a se manter crescendo e investindo. Nós fomos a única cidade do Estado que, no auge da pandemia, não fechou as indústrias nem a construção civil. Elas se mantiveram funcionando porque tínhamos protocolo e rigor, e a indústria de construção civil, por sua característica não gera movimentação. Como as empresas continuaram funcionando e trabalhando, elas assinaram contratos de produção por 4, 5 anos. Hoje, estão gerando muito emprego porque têm contratos a cumprir e material para entregar. Essa foi uma das razões que fez com que a economia crescesse significativamente e vá continuar crescendo por um bom período.
JC - Quais são os resultados colhidos pelo setor de construção civil até agora?
Vanazzi - Só de janeiro deste ano até o final de abril, liberamos 250 novos investimentos, tanto em empreendimentos de novas plantas industriais de pequeno e médio porte quanto de investimentos urbanos de condomínios fechados e prédios novos, e agora estamos operando com a liberação de mais 300. Temos uma carteira de projetos a serem aprovados na cidade que é significativa, aí montamos uma grande força tarefa de aprovação e licenciamento para poder liberar esses projetos, porque geralmente eles tem recursos captados e financiamentos aprovados. Nós também investimos quase R$ 120 milhões de recursos públicos na construção em São Leopoldo nos últimos quatro anos, em obras de saneamento básico e infraestrutura urbana, e continuamos investindo.
JC - O senhor começou em janeiro seu quarto mandato à frente de São Leopoldo. Como é o desafio de administrar uma cidade durante a pandemia?
Vanazzi - Infelizmente, por uma irresponsabilidade do governo federal, que não tem pensado, planejado e ajudado os municípios, nós estamos em uma fase dura ainda nesse ano, e vamos passar o ano inteiro de novo em meio de desafios da pandemia. E a tendência dos munícipios é piorar econômica e socialmente, porque o governo federal acabou com uma série de políticas sociais, como o auxílio emergencial. O governo federal até hoje não apresentou um projeto na área da habitação popular, saneamento e investimento econômico que ajudassem os municípios a levantar sua economia. Faz três anos que não se vai a Brasília porque não se tem o que fazer lá, não tem programa e não tem projeto. O desafio é grande por falta de política nacional, e no Estado não se fala. Se perguntar para algum prefeito qual é o projeto do governo estadual para o município ninguém sabe dizer um. Estamos trabalhando muito em função da nossa capacidade de financiamento e endividamento e da nossa receita local. É um cenário desafiador.
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