Numa manhã de queda ante a maioria das pares emergentes,
ata do Copom e IPCA, o dólar é negociado sem direção clara neste início de sessão desta terça-feira (11). A moeda abriu em leve alta e, desde então, oscila ora com variação negativa, ora positiva. Os juros futuros exibem uma discreta inclinação da curva, como esperava o economista-chefe da Greenbay, Flávio Serrano.
O IPCA fechou abril com alta de 0,31%, ante um avanço de 0,93% em março, informou o IBGE. O dado veio acima da mediana (0,29%) mas dentro das projeções. Já a ata veio com um tom "dovish" ao sugerir que a Selic será elevada até 5,5%, na avaliação de Serrano e também de Carlos Kawall, da Asa Investments. A projeção contradiz a estimativa de muitas casas da análise que, por conta de fatores como a inflação doméstica ou mesmo a atividade menos fraca do que esperado em março, elevaram acima dos 6% a projeção da Selic no fim deste ano.
Na avaliação de Cristiane Quartaroli, economista do banco Ourinvest, a ata tem impacto neutro sobre o câmbio neste início de sessão. "A ata veio neutra por ter reforçado o comunicado da semana passada e a perspectiva de uma nova alta de 0,75 ponto porcentual da Selic, o que já está no preço", disse. "Para os próximos meses, o Copom deixa claro que a decisão de política monetária vai depender das condições macroeconômicas, sobretudo inflação, dados fiscais e possíveis impactos que a expansão fiscal pode ter para a inflação", afirmou Quartaroli.
Do exterior, a influência continua sendo de queda da moeda americana, ainda que pesem efeitos da alta dos rendimentos dos Treasuries sobre ativos de risco, a qual está baseada na evolução da inflação no mundo. Na relação do dólar com algumas moedas fortes, passou a preponderar, desde as 8h, um movimento de depreciação da moeda americana ante o euro por conta de um indicador da região. O instituto ZEW, da Alemanha, informou que o índice de expectativas econômicas no país subiu de 70,7 pontos em abril para 84,4 em maio, atingindo o maior nível em 20 anos.
Da agenda local, os investidores também ficarão atentos ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que participa de audiência pública sobre a reforma administrativa na CCJ da Câmara (10h) e à continuidade da CPI da Covid. Além disso, o orçamento secreto de R$ 3 bilhões do presidente Jair Bolsonaro segue na mesa dos analistas. O escândalo não apenas será alvo do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União (TCU) como parlamentares já articulam a "CPI do Tratoraço". Ontem, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) iniciou a coleta de 171 assinaturas para poder entrar com pedido.