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Economia

- Publicada em 10 de Maio de 2021 às 14:38

Desafios e oportunidades ao Brasil no novo plano estratégico chinês

Debate sobre o plano quinquenal abordou a redução da pobreza e ampliação do mercado consumidor

Debate sobre o plano quinquenal abordou a redução da pobreza e ampliação do mercado consumidor


/REPRODUÇÃO/JC
Thiago Copetti
Anunciado neste ano pelo governo de Xi Jin Ping, o XIV Plano Quinquenal da China é tanto uma bússola que orienta os rumos do país nos próximos anos quanto para empresas de todo o mundo interessadas no gigante mercado asiático. Um dos destaques é o reforço nos programas de redução da pobreza, que amplia o mercado consumidor chinês e, portanto, de interesse a exportadores com o Brasil.
Anunciado neste ano pelo governo de Xi Jin Ping, o XIV Plano Quinquenal da China é tanto uma bússola que orienta os rumos do país nos próximos anos quanto para empresas de todo o mundo interessadas no gigante mercado asiático. Um dos destaques é o reforço nos programas de redução da pobreza, que amplia o mercado consumidor chinês e, portanto, de interesse a exportadores com o Brasil.
Mais investimentos em tecnologia e estratégias para aumentar a produção interna de alimentos complementam algumas prioridades do programa anunciado em março. O que também tem seus reflexos por aqui, já que o Brasil tem considerável dependência das vendas do agronegócio para a China. As oportunidades e desafios para o Brasil a partir dos rumos indicados pelo governo do nosso maior parceiro comercial são diversos.
O debate virtual promovido na manhã desta segunda-feira (10) pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais reuniu Marcos Caramuru (ex-embaixador brasileiro em Pequim), Ye Fujing (diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Internacional da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma), Zhang Qi (diretor do China Institute for Poverty Reduction na Beijing Normal University), Jin Hongjun (ministro da Embaixada da China no Brasil) e Renato Baumann (coordenador de Cooperação Internacional e Investimentos do IPEA).
No encontro mediado por Claudia Trevisan, diretora executiva do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Ye destacou que o governo irá valorizar nos próximos anos a expansão do mercado doméstico, assim como fez depois da crise financeira global de 2008. Sem, no entanto, descuidar do mercado internacional – e até ampliado importações para alimentar a população que deixa ano a ano a pobreza para trás, assim como a crescente classe média chinesa demanda produtos de maior valor agregado.
Apenas entre 2010 e 2020 o governo chinês retirou da pobreza cerca de 100 milhões de pessoas entre 1,4 bilhão de habitantes. No conceito estabelecido pelo governo em 2010, a pobreza absoluta foi assim erradicada considerando uma renda anual de 4 mil yuans per capita (equivalente a cerca de R$ 3,2 mil). O governo chinês, de acordo com Zhang, tem previstos apenas em recursos diretos para eliminar a miséria do País cerca de 150 bilhões de yuans (cerca de 122 bilhões) no plano quinquenal, além de programas e serviços de apoio vindos de outras áreas do governo.
“A erradicação da pobreza é um primeiro momento. Em uma segunda etapa temos que trabalhar para enriquecer estas pessoas e levá-las a melhor suas vidas por conta própria, com apoio da educação e da tecnologia”, explicou Zhang.
Com a expansão deste já enorme mercado de consumo, o Brasil pode se favorecer, mas por outro lado também há um claro foco chinês em ser mais autossuficiente na produção de alimentos e diversificar fornecedores, alerta o representante do Ipea. Baumann avalia que diferentes pontos do plano podem ser olhados por aqui como sinais de alerta, mas também de oportunidades.
“A opção da China por um modelo de crescimento de alta qualidade, retirando pessoas da pobreza, implica em novos padrões de consumo. Cria assim oportunidades para países com o Brasil. No entanto, é fundamental que não haja barreiras do lado chinês para as importações”, avalia Baumann.
O Brasil poderá ganhar, ainda segundo o coordenador de Cooperação Internacional, com mais parcerias na área de tecnologia em saúde, se aliado na produção de equipamentos mais avançados e intercâmbios. Já o aumento de foco chinês em mais tecnologia agrícola para ampliar a segurança alimentar é motivo de preocupação, diz o professor, mas igualmente um fato onde o Brasil pode se beneficiar.
“O fato de a política chinesa investir na construção de equipamentos agrícolas de alta eficiência pode contribuir para aumentar a competitividade e concorrência no setor de máquinas agrícolas, e assim ser uma vantagem adicional ao setor produtivo brasileiro”, acrescenta Baumann.
O representante do Ipea avalia, ainda, que os investimentos chineses na área aeroespacial igualmente podem trazer retornos e parcerias com o Brasil. Isso porque já há seis satélites lançados em conjunto. “Se há ênfase neste setor, é razoável esperar e imaginar avanços nos próximos anos” , diz.
Em relação a diminuição de barreiras às importações de produtos brasileiros, Ye destacou que a China vem gradativamente facilitando o ingresso de produtos importados em diferentes frentes. Ele acredita que o Brasil apresenta várias vantagens para suprimir o consumo de produtos alimentares mais sofisticados e deve explorar esse potencial.
“A China irá adotar uma atitude bastante proativa na compra de produtos brasileiros e já baixou bastante o nível tarifário, hoje um dos menores entre os países em desenvolvimento, e estamos trabalhando para reduzir isso, assim como as não tarifárias, como regulamentos fitossanitários”, assegura Ye.
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O ex-embaixador brasileiro avalia que o plano quinquenal é um ponto de equilíbrio entre as múltiplas políticas chinesas, abordando desde os gargalos da economia às necessidades de demanda e produção. Assim como avança em temas como economia verde e digitalização. Caramuru avalia que chama atenção no plano os novos conceitos apresentados, como a transição de uma política de meta de crescimento baseada em números para o foco na qualidade do crescimento.
É impossível no mundo de hoje não prestar atenção ao planejamento chinês dado o peso da China na realidade política e econômica internacional. Há percepção geral de que a esse papel será crescente e nos leva a tentar entender como a China encara seus desafios e planeja o futuro e seu desenvolvimento”, explica Caramuru.
O que é o 14º plano quinquenal chinês
  • Em 13 de março, o "14º Plano Quinquenal de Desenvolvimento Econômico e Social Nacional da República Popular da China e as Metas de Longo Prazo para 2035 foi anunciado oficialmente.
  • O documento de 19 artigos, 65 capítulos e 192 cláusulas traça as diretrizes para aprofundar a promoção do desenvolvimento de alta qualidade da China.
  • Pela primeira vez, o plano quinquenal não define um valor específico para o crescimento do PIB. O PIB é o principal indicador para medir o nível de desenvolvimento econômico de um país, e sempre foi o indicador mais abrangente no plano quinquenal.
  • No atual plano, a proporção dos indicadores de subsistência e bem-estar das pessoas é a mais alta dos planos quinquenais anteriores. O plano define 20 indicadores principais em 5 categorias: desenvolvimento econômico, incentivo à inovação, subsistência e bem-estar das pessoas, ecologia verde e garantia de segurança. Entre eles, há 7 indicadores de subsistência e bem-estar, representando mais de 1/3 - o mais alto de todos os planos quinquenais.
  • O desenvolvimento voltado para a inovação também terá importância primordial, com aumento da proporção do financiamento para pesquisa. O 14º Plano Quinquenal definiu pela primeira vez o indicador da proporção do investimento em pesquisa básica na proporção do investimento em P&D. Em 2020, o financiamento de pesquisa da China representará 6,16% do financiamento de P&D, e passará para 8%.
  • Entre os focos estão informação quântica, fotônica e micro-nanoeletrônica, comunicações de rede, inteligência artificial, biomedicina, sistemas de energia modernos e outros campos de inovação.
Fonte: Xinhua, agência oficial de notícias do governo chinês
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