Em sessão marcada pela divulgação de balanços locais positivos e batizada pelo alívio que trouxe aos investidores o resultado abaixo do esperado do payroll, o Ibovespa ganhou impulso para chegar ao fechamento dos 122.038 pontos, na máxima, em alta de 1,77%, a maior desde 14 de janeiro (123.480).
Contou com bons ventos externos, tanto dos principais índices do mercado acionário global em alta - com Dow Jones e S&P 500 renovando recorde histórico de fechamento - quanto do movimento de enfraquecimento do dólar frente a moedas fortes e de países emergentes pares do real. O impulso fez com que a primeira semana de maio encerrasse em valorização de 2,64%, revertendo para ganhos de 2,54% no acumulado deste ano.
"Dados mostraram que não há superaquecimento da economia. Não há dúvidas de que a economia americana está indo bem e vai avançar mais, mas que os estímulos vão seguir", disse Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset, complementando que o ritmo mais rápido de vacinação contra a Covid-19 nos EUA também dá mais ímpeto para a retomada.
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que os números do payroll mostram que "ainda há muito trabalho a fazer" até que a economia se recupere do choque da pandemia. Em declarações a repórteres, Biden disse que o dado mostrou que "mais ajuda é necessária" e garantiu que ela "está a caminho".
Do ponto de vista corporativo, os bons resultados do primeiro trimestre deste ano apresentados pelas empresas listadas na B3 tiveram sua parte de contribuição para a alta do Ibovespa. Para analistas, os resultados têm ajudado bastante a bolsa brasileira. Por mais que a pandemia tenha sido ruim pela segunda onda de contaminação mais forte do coronavírus, empresas estavam mais adaptadas do que em 2020 e têm mostrado isso.
O dólar fechou a primeira semana de maio acumulando queda de 3,7%. É a maior baixa semanal desde o final de novembro de 2020. O real foi a moeda de emergente com melhor desempenho mundial ante a divisa americana nos últimos cinco dias. No ano, a alta do dólar, que chegou a 12% em março, quase foi zerada, ficando em 0,77% até sexta-feira.
A perspectiva de mais altas de juros pelo Banco Central, que deixa o País mais atrativo para investidores estrangeiros pois reduz o diferencial das taxas com outros emergentes, e exportações recordes do Brasil, em meio à disparada dos preços das commodities, estão entre os fatores que vêm contribuindo para o melhor desempenho da moeda brasileira. O cenário externo também está ajudando.
Na sexta-feira, a decepção com o fraco relatório de emprego dos EUA, com criação de vagas bem abaixo do previsto em abril, ajudou a enfraquecer mais o dólar no mercado internacional, com a visão de que o Federal Reserve não vai precisar subir os juros antes de 2023.
A pressão para a melhora da moeda brasileira por conta da alta dos preços de commodities como soja e minério de ferro vinha sendo abafada pelo risco fiscal e ruídos políticos em Brasília. Por isso, a divisa brasileira estava muito descolada de outros emergentes. Mesmo com a queda recente, o real ainda é considerado barato.