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Mercado de Capitais

- Publicada em 27 de Abril de 2021 às 21:26

Crescimento das SPACs atrai atenção do mercado

Modelo de negócio para abertura de capital de empresas teve explosão nos Estados Unidos

Modelo de negócio para abertura de capital de empresas teve explosão nos Estados Unidos


SPENCER PLATT/AFP/JC
Um modelo alternativo de lançamento de capital de empresas no mercado está se acelerando nos Estados Unidos. As Companhias de Aquisição de Propósito Específico (SPAC, na sigla em inglês) somaram um total de US$ 82,6 bilhões de volume levantado e 248 ofertas, segundo dados da consultoria americana Dealogic. Em 2021, até o dia 24 de março, o volume já ultrapassa todo o ano passado, com US$ 92,6 bilhões, de acordo com o mesmo levantamento, que aponta, ainda, que há dois anos os recursos não alcançavam US$ 15 bilhões.
Um modelo alternativo de lançamento de capital de empresas no mercado está se acelerando nos Estados Unidos. As Companhias de Aquisição de Propósito Específico (SPAC, na sigla em inglês) somaram um total de US$ 82,6 bilhões de volume levantado e 248 ofertas, segundo dados da consultoria americana Dealogic. Em 2021, até o dia 24 de março, o volume já ultrapassa todo o ano passado, com US$ 92,6 bilhões, de acordo com o mesmo levantamento, que aponta, ainda, que há dois anos os recursos não alcançavam US$ 15 bilhões.
As SPACs são empresas criadas com o propósito específico de aquisição. Elas não têm nem produtos, nem vendas e são constituídas essencialmente com a finalidade de levantar fundos para compra de outra, à escolha dos gestores. "É uma maneira alternativa para uma companhia fechada se tornar pública", explica Eduardo Miras, Head de Investment do Bank Citi Brasil. "Ao invés de fazer um IPO tradicional, onde a empresa vai a mercado para abrir capital e trazer investidores, aqui ela se junta com uma companhia que já tem investidores que contribuíram seu caixa e já tem ações negociadas", comenta.
Conhecidas como "companhias de cheque em branco", as SPACs têm esse apelido pela alusão à confiança que os compradores depositam nos gestores da SPAC, que, por sua vez, detêm a operação do negócio. No entanto, para Miras, essa expressão não faz uma boa definição do modelo. "Quem investe numa SPAC tem direito de resgatar seus recursos caso não se sinta confortável com aquela companhia que virou alvo de fusão. Além disso, a transação tem que ser aprovada pelos acionistas da SPAC. Então não é um cheque em branco, não se dá dinheiro para investidores fazerem o que quiserem, tem uma série de regras e garantias", afirma.
Miras participou nesta terça-feira (27) de um webinar promovido pela seccional Rio Grande do Sul do Instituto Brasileiro de Executivos e Finanças (IBEF-RS), que debateu os potenciais das SPACs, especialmente para o mercado brasileiro. "No Brasil, a possibilidade da existência das SPACs está sendo discutida e esta nova modalidade de captação de recursos pode significar um importante avanço para o mercado de capitais brasileiro", destaca Odivan Cargnin, diretor vice-presidente e coordenador do Comitê Técnico do IBEF-RS.

Anbima discute regras na CVM para adoção do modelo

A legislação brasileira ainda não permite esse tipo de oferta pública. No entanto, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), já está discutindo uma proposta para mudança de regras na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para adoção deste modelo no Brasil.
Para Eduardo Miras, Head de Investment do Bank Citi Brasil, além da questão legal, as diferenças entre o mercado norte-americano e brasileiro fazem com que a SPAC ainda não seja muito atraente no Brasil. "Esse modelo tem uma série de vantagens muito especificas ao mercado norte-americano. Em um IPO tradicional nos EUA, você não pode fazer divulgação de projeções financeiras da empresa, devido ao risco de passivo legal se os investidores entrarem na Justiça caso as projeções não se realizem. Mas, em uma fusão de companhias, que é o que acontece quando a SPAC compra outra empresa, essa divulgação de projeções pode ser feita, fazendo que companhia consiga ter uma avaliação melhor dos investidores", explica.
Já no Brasil, a situação é outra. Aqui, em um processo de IPO, bancos e companhias podem usar projeções de analistas independentes, que dividem com investidores suas projeções futuras das companhias. "Nos EUA esse processo não é permitido pelas autoridades regulatórias, os analistas não podem dividir projeções antes de IPO com investidores. Então os investidores nos EUA ficam mais no escuro com relação ao que é o potencial futuro daquela companhia do que no Brasil, o que faz a opção da SPAC mais interessante para analisar o investimento em uma nova empresa no mercado", afirma Miras.
Enquanto isso, alguns gestores brasileiros já começaram a captar dinheiro via SPACs nos Estados Unidos. Recentemente, a SPAC brasileira Itiquira captou US$ 200 milhões em IPO na Nasdaq. A empresa está atenta a ativos dos setores de tecnologia, educação, serviços e saúde.
"Companhias brasileiras que considerem abrir capital no mercado norte-americano podem explorar esse modelo. Existem SPACs que buscam empresas no mercado brasileiro e da América Latina", afirma Miras. Além disso, o executivo do Citi lembra que várias empresas brasileiras, especialmente ligadas à tecnologia, abriram capital com sucesso nos EUA, como PagSeguro, Stone e XP. "Empresas de alto crescimento, com viés tecnológico, podem encontrar no mercado norte-americano um pool de investidores dedicados, e são alvos naturais dessas SPACs", comenta.