A Corsan, estatal gaúcha de saneamento, obteve pré-aprovação de R$ 450 milhões de uma das instituições de financiamento que integram o Banco Mundial (Bird) para investir em melhorias que reduzam perdas na rede de abastecimento e elevem a eficiência energética da companhia.
O aval foi divulgado em Comunicado ao Mercado nesta segunda-feira (19). A estatal informou que a International Finance Corporation (IFC) analisou o pedido. Do total, R$ 358 milhões vão ser direcionados à redução das perdas físicas (água perdida na rede de distribuição) e comerciais (água que é utilizada pela população, mas não faturada), explicou a empresa, por nota.
Os R$ 95 milhões restantes vão ser usados na substituição de bombas obsoletas e equipamentos que demandam muita energia elétrica para operar. As medidas estão dentro de ações de sustentabilidade, diz a direção. O valor total é de R$ 453 milhões.
O empréstimo terá prazo de oito anos, com dois anos de carência. A Corsan espera assinar o contrato nos próximos meses.
A empresa firmou uma carta-mandato para o empréstimo (“A” Loan) vinculado à sustentabilidade, com metas de governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês) a serem cumpridas. "A Corsan potencialmente é a primeira empresa do mundo a formalizar adesão à iniciativa da Utilites for Climate (serviços públicos para o clima)", indica, em nota.
Novos patamares de governança são condições que vêm sendo badaladas pela direção da empresa e governo estadual para preparar a companhia para o lançamento inicial de ações na bolsa de valores (IPO), que é a abertura de capital.
O governo Eduardo Leite vai enviar à Assembleia Legislativa projeto de lei
para a autorização de privatização. Já houve a retirada da exigência de consulta popular. Na venda de ações, o Estado pretende abrir mão do controle, permanecendo como acionista referencial (com maior percentual do capital). A proposta muda posição de Leite que, durante a campanha, garantiu que não venderia a estatal de saneamento que atende hoje 317 localidades.
A privatização foi anunciada em março como saída, segundo o governador, para conseguir dar conta do volume de investimentos para alcançar metas de tratamento e abastecimento previstas no novo marco do saneamento no Brasil. A previsão é de aportes de R$ 10 bilhões até 2033. A direção da estatal descarta que a mudança societária
vai provocar aumentos de tarifas do serviços aos consumidores.
O diretor-presidente da estatal, Roberto Barbuti, diz que a operação de empréstimo internacional vai atingir "um dos principais gargalos da Corsan, que é de perdas de água", que impacta o desempenho. O CEO havia antecipado ao
Jornal do Comércio que estava em negociação a operação. Em março, a Corsan conseguiu fechar a
captação de R$ 600 milhões em debêntures, que já estão no caixa.
Segundo a companhia, serão adotadas práticas e monitoramento de vários indicadores, no uso dos recursos do IFC. Para acessar o recurso, a Corsan firmou o compromisso de cumprir um rigoroso Plano de Ação Socioambiental, com metas de adaptação às melhores práticas de governança na área, desde condições de trabalho àsaúde e segurança de comunidades.