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Economia

- Publicada em 09 de Abril de 2021 às 03:00

Pequenas empresas precisam de apoio amplo, defende Godoy

André Godoy, do Sebrae-RS, considera auxílio estadual insuficiente

André Godoy, do Sebrae-RS, considera auxílio estadual insuficiente


LUIZA PRADO/JC
Vinicius Appel
De acordo com o Sebrae RS, no Rio Grande do Sul existem 1.145.407 pequenas empresas em atividade. A maioria delas passou por redução no faturamento em razão da pandemia. A Pesquisa de Monitoramento dos Pequenos Negócios na Crise, realizada pela entidade entre os dias 2 e 18 de março, mostrou que 60% dos pequenas empresas do Estado registraram redução no faturamento nos últimos 30 dias. Desses, 28% afirmaram que a redução foi superior a 50%. Nesta entrevista, o diretor-superintendente do Sebrae RS, André Vanoni de Godoy, dá um panorama de como os pequenos negócios estão sobrevivendo no Estado, reforça a necessidade destas empresas se manterem funcionando e destaca o papel do Sebrae RS na manutenção destes negócios.
De acordo com o Sebrae RS, no Rio Grande do Sul existem 1.145.407 pequenas empresas em atividade. A maioria delas passou por redução no faturamento em razão da pandemia. A Pesquisa de Monitoramento dos Pequenos Negócios na Crise, realizada pela entidade entre os dias 2 e 18 de março, mostrou que 60% dos pequenas empresas do Estado registraram redução no faturamento nos últimos 30 dias. Desses, 28% afirmaram que a redução foi superior a 50%. Nesta entrevista, o diretor-superintendente do Sebrae RS, André Vanoni de Godoy, dá um panorama de como os pequenos negócios estão sobrevivendo no Estado, reforça a necessidade destas empresas se manterem funcionando e destaca o papel do Sebrae RS na manutenção destes negócios.
Jornal do Comércio - Do que as pequenas empresas precisam para se manterem funcionando?
André Godoy - Existem três pilares fundamentais: crédito, gestão e mercado. A gestão o Sebrae consegue dar; o crédito é necessário não só em épocas de crise, o pequeno negócio sempre precisa de recursos para poder crescer; e a parte do mercado depende muito mais, neste momento, dos governos em permitir que as empresas abram suas portas com toda a segurança possível. Nós temos preconizado que os governos olhem para o pequeno negócio com um olhar diferenciado, tendo em vista que as pequenas empresas são 98,5% do total de empresas do Brasil e 55% dos empregos formais com carteira assinada no Brasil são dados por estas pequenas empresas. Mais: 40% da folha de pagamento está nas mãos das pequenas empresas e 27% do PIB do Brasil sai destas mesmas companhias.
JC - Como o Sebrae tem ajudado essas empresas?
Godoy - Temos criado programas específicos com produtos elaborados a partir da necessidade das empresas reveladas na nossa pesquisa. No ano passado criamos o que nós chamamos de Pacote Emergencial, que continha uma série de consultorias com 90% de subsídio, para auxiliar as empresas a gerenciarem melhor a sua estrutura de custos. Este ano lançamos um novo pacote de soluções, com ferramentas de marketing e venda digital e gerenciamento de fluxo de caixa para que elas também pudessem equacionar a sua estrutura de custos para sobreviver a este período e encontrar maneiras de continuar se relacionando com seus clientes e fazendo vendas. Nós temos feito gestão junto aos poderes públicos, especialmente junto às prefeituras, para concederem incentivos de prolongamento de prazo para recolhimento dos tributos, para prolongamento de validade de alvarás e licenças que deveriam ser renovados. Também trabalhamos junto a instituições financeiras, como é o caso do Badesul, do Banrisul, do BRDE e da RS Garante, que é uma sociedade de garantia de crédito, para criar linhas de financiamento com juros adequados à estrutura dos pequenos negócios.
JC - Garantir acesso ao crédito tem sido suficiente para ajudar na manutenção destas empresas?
Godoy - Para muitas sim, para outras não, porque o crédito não é a única medida necessária. As empresas têm que primeiro olhar para a sua estrutura de caixa, ou seja, administrar bem as suas despesas, cortando aquilo que não é essencial para que elas consigam atravessar este período. Por outro lado, elas têm também que ter mecanismos de manter contato com seus clientes. Aquelas empresas que não conseguiram fazer esta adaptação, ou seja, de sair de um modelo de atendimento presencial para um modelo de atendimento digital, muitas delas ficaram pelo caminho.
JC - As empresas também precisaram de ajuda na parte gerencial?
Godoy - Sim, muito, porque o pequeno negócio é, às vezes, apenas o empresário e sua esposa, ou o empresário e o filho, ou com quatro empregados. Então o empresário do pequeno negócio compra, vende, cuida do caixa, faz a entrega, faz a produção, então muitas vezes ele não tem tempo para cuidar dos aspectos da gestão. Por isso que, em épocas de crise, as dificuldades que ele enfrenta são muito maiores. E aí vem o Sebrae, através da assistência pelas suas consultorias, ensinar os empreendedores a cuidar também da parte gerencial do seu negócio, porque não adianta produzir e vender se eu não cuido do caixa.
JC - Como os pequenos negócios estão sobrevivendo com este "abre e fecha" causado pela pandemia?
Godoy - Muitos não estão. Tem muita gente que está ficando pelo caminho. A última pesquisa mostra que cerca de 2% dos nossos entrevistados pretendem encerrar suas atividades. Se nós pegarmos um universo de micro e pequenas e Microempreendedores Individuais (MEIs) do Estado, estes 2% representam em torno de 23 mil empresas. Considerando que, na média, os pequenos negócios do Estado têm em torno de quatro pessoas que orbitam em torno deste negócio, que não necessariamente são funcionários, nós teremos aí em torno de 90 mil pessoas atingidas por esse fechamento das empresas.
JC - Já se sabe o número de quantas pequenas empresas fecharam no Estado em razão da pandemia?
Godoy - O último número que eu tinha a nível nacional, haviam sido fechadas de 600 a 700 mil pequenas empresas, se nós considerarmos que o Rio Grande do Sul, na média, representa em torno de 10% desse universo, nós podemos estimar em torno de 50 a 60 mil empresas que deixaram de existir definitivamente por conta da pandemia durante 2020.
JC - O auxílio emergencial proposto pelo governo do Estado vai ajudar estas pequenas empresas?
Godoy - Entendo a boa intenção, o esforço do governo do Estado, que atravessa uma situação fiscal crítica de muito tempo e, portanto, não tem condições de ajudar, mas estes R$ 1 mil vão significar muito pouco para as empresas. Seria melhor, na minha opinião, que o governo pegasse esse valor e entregasse para pessoas em situação de vulnerabilidade social, que aí sim ele faria muita diferença. Melhor seria que o governo flexibilizasse através da cogestão, ou entregasse para os municípios e eles se encarregassem de determinar os protocolos, para permitir que as empresas operem porque é isso que gera renda para as empresas, não é o auxílio isolado.
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