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Conjuntura

- Publicada em 24 de Março de 2021 às 03:00

Aceleração de vacinação é hoje grande foco do governo, diz secretário do Tesouro

Postura permitirá reaquecimento da economia, segundo Bruno Funchal

Postura permitirá reaquecimento da economia, segundo Bruno Funchal


EDU ANDRADE/MINISTÉRIO DA ECONOMIA/DIVULGAÇÃO/JC
O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, disse que a aceleração do programa de vacinação é hoje o grande foco do governo e o melhor instrumento para atacar, ao mesmo tempo, a crise da saúde, as dificuldades econômicas e as restrições fiscais.
O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, disse que a aceleração do programa de vacinação é hoje o grande foco do governo e o melhor instrumento para atacar, ao mesmo tempo, a crise da saúde, as dificuldades econômicas e as restrições fiscais.
"O foco agora é resolver o problema da vacina. É o melhor instrumento para lidar com o problema da saúde pública, o problema fiscal e ajudar a economia", comentou Funchal durante live. O secretário do Tesouro substituiu o ministro da Economia, Paulo Guedes, que encerraria o evento.
"Quanto mais rápido for o processo de vacinação, mais rápido a economia retoma e melhor será a nossa condição fiscal no fim do ano", reforçou Funchal, destacando também em sua fala a disposição do Congresso em avançar em duas grandes reformas: a administrativa e a tributária.
Conforme lembrou o secretário, a imunização ajudará a reduzir a pressão por programas de auxílio emergencial necessários em período de pandemia.
Ao frisar que a reorganização das contas públicas ganhou ainda mais importância após o choque da crise sanitária, ele considerou que Executivo e Congresso deram um passo importante com a aprovação da PEC emergencial. A emenda constitucional, ao mesmo tempo em que tornou viável a reedição do auxílio emergencial, estabeleceu gatilhos de ajuste a serem acionados se o governo seguir expandindo os gastos.
Para Funchal, a aprovação da PEC mostrou "senso de responsabilidade" ao trazer uma solução que, além de garantir o auxílio, pensa no futuro das populações mais vulneráveis ao observar a sustentabilidade fiscal, fundamental para a retomada econômica mais acelerada no futuro próximo. "O equilíbrio fiscal não é um fim em si mesmo, mas um instrumento para a execução de políticas públicas", frisou o secretário do Tesouro.

Guedes avalia cenário de calamidade para estender auxílio

Postura ajudará a economia, segundo secretário do Tesouro

Postura ajudará a economia, segundo secretário do Tesouro


/EDU ANDRADE/MINISTÉRIO DA ECONOMIA/DIVULGAÇÃO/JC
A avaliação mais otimista do Banco Central (BC) sobre a atividade econômica na ata do Comitê de Política Monetária, incluindo a percepção de redução mais rápida da ociosidade, surpreendeu o mercado e fortaleceu, na visão de economistas consultados, o tom mais hawkish (mais duro) em relação ao ciclo de alta de juros.
Para alguns, diante do caos atual no sistema de saúde e o aumento de medidas restritivas, o BC, na próxima reunião, em maio, pode ter de moderar o tom, embora o comitê já tenha ponderado que há incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia no primeiro semestre em meio ao aumento de casos recente.
Outros querem entender mais a visão da autoridade monetária sobre a retomada no segundo semestre, considerando que há bastante incerteza sobre o processo de vacinação e seus efeitos. Há expectativa que o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) traga mais detalhes e ajude a calibrar as apostas para a política monetária.
Além de destacar que a recuperação consistente da economia continuou no quarto trimestre de 2020 e pode ter se estendido até fevereiro, apesar de ponderações sobre efeitos de ajustes sazonais, o BC avaliou na ata que o efeito de um agravamento da pandemia sobre a atividade deve ser menor do que no ano passado e ser seguida por retomada mais rápida, com o avanço da vacinação.
A autoridade monetária ainda argumentou que os dados do mercado de trabalho formal e de atividade, principalmente no setor de bens, sugerem que a redução da ociosidade foi mais célere. Também houve análise de que a demora de normalização de cadeias produtivas, que tem pressionado a inflação, pode indicar que há também choque de demanda.
"No geral, a ata mostrou um tom mais hawkish do que anteriormente esperado e declarado em documentos anteriores. Ficamos surpresos com a discussão sobre inflação e atividade econômica, com o Banco Central vendo inflação por demanda, e capacidade ociosa em declínio mais rápido do que o esperado", destacam a economista-chefe do Credito Suisse no Brasil, Solange Srour, e o economista Lucas Vilela.
Segundo o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a inflação de bens sugere que o que está acontecendo é um ajuste dos estoques, "algo que não parece ser permanente". "Talvez na próxima reunião, não na de maio, mas na seguinte, fique claro que não tem demanda. Daí, pode ser que parem de subir o juro e ser provável que tenham de reduzi-lo. Esse seria o cenário alternativo", avalia. No entanto, o cenário que Copom "vendeu" para o mercado é de alta da Selic para a faixa entre 5,00% e 5,50% ao ano.
O economista João Fernandes, sócio da Quantitas Asset, concorda que a avaliação do BC foi "menos cautelosa com a recuperação da atividade do que esperava", citando que essa foi a parte mais hawkish da ata, mas diz que essa análise é consistente com o cenário de juros de 6,5% no fim do ciclo, em janeiro de 2022.
A visão do Banco Central em relação à atividade econômica também chamou a atenção do estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. "É um BC bastante otimista com a atividade apesar de dados antecedentes sugerindo desaceleração da economia no fim do primeiro trimestre", diz, lembrando que a queda no índice de confiança do consumidor da FGV relativo a março assim como dados de confiança da indústria têm apontado para perda de fôlego do setor. "E foi o que se recuperou mais rapidamente", lembra. "Enfim, o varejo também indica enfraquecimento do consumo", completa.