Reabertura de lojas traz alívio para os comerciantes de Porto Alegre

Com o retorno da cogestão no Estado, Porto Alegre adotou as regras da bandeira vermelha do distanciamento controlado. Com isso, desde ontem, está permitida a reabertura do comércio não essencial, que pode funcionar de segunda à sexta-feira, das 5h às 20h. Das 20h às 5h, assim como aos sábados, domingos e feriados, os estabelecimentos devem ficar fechados e atender somente por delivery.

A permissão levou alívio para quem representa o setor e aguardava uma decisão favorável da justiça no fim de semana. Na segunda-feira, nem a chuva fraca impediu o movimento de pessoas pelo Centro de Porto Alegre. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Irio Piva, considera a reabertura muito importante para tentar manter empresas ativas e empregos protegidos, já que, neste momento, não foi possível suspender contratos de funcionários. "A situação do empresário estava ficando crítica. A retomada era uma necessidade", afirma.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas), Paulo Kruse, a flexibilização atende às expectativas dos lojistas, que precisavam reabrir, mesmo sabendo que as vendas não terão o volume esperado. O representante sindical explica que a medida representa um pequeno fôlego para pagar os salários dos funcionários e antecipar uma retomada do comércio, que ocorrerá de forma lenta e gradativa.

Apesar de satisfeito com a reabertura, Piva ressalta a necessidade de haver maior previsibilidade para o setor. O presidente da CDL POA afirma que isso faz com que muitos comerciantes tenham grandes prejuízos. Cita, como exemplo, as lojas de vestuário, que se preparam para comercializar roupas de uma determinada estação e permanecem com os produtos estocados porque não podem abrir.

Piva também destaca que o sábado é um dia muito importante para o varejo porque representa maior volume de vendas. Para ele, poder retomar a abertura aos sábados e domingos, assim como flexibilizar a restrição de horário, são pontos importantes a serem avaliados. "A gente sempre tem que valorizar as conquistas que a gente tem, não dá para só reclamar", afirma o presidente do CDL POA ao avaliar a mudança de cenário em comparação com a semana anterior.

No entendimento de Kruse, após duas semanas seguindo as regras atuais, será possível estender o horário de atendimento. Para isso, será necessário haver diálogo e negociação que, segundo ele, já estão ocorrendo. De acordo com Piva, reuniões estão sendo realizadas todas as semanas. "Falta de diálogo, tanto do governo do Estado quanto da prefeitura, é uma coisa que a gente não pode se queixar", esclarece.

Kruse reconhece que o momento é difícil, mesmo para o consumidor, que pode estar receoso de voltar a circular e fazer compras. Apesar disso, para o presidente do Sindilojas, o papel do comerciante é estar com a loja aberta e oferecendo os produtos - o que será cumprido.

Neste primeiro dia, o movimento no comércio não essencial foi bem abaixo da expectativa. A avaliação, que ainda é considerada preliminar pela CDL POA, destaca que as lojas de rua tiveram um desempenho um pouco melhor do que as que ficam em shoppings centers, talvez por medo das pessoas de frequentarem locais fechados.