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Economia

- Publicada em 17 de Março de 2021 às 13:59

Ministério da Economia eleva projeções para a inflação em 2021

Técnicos afirmam que a projeção para o PIB foi mantida devido a incertezas da pandemia

Técnicos afirmam que a projeção para o PIB foi mantida devido a incertezas da pandemia


MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL/JC
O Ministério da Economia manteve a projeção de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) em 3,2% em 2021, apesar do avanço da pandemia de Covid-19 e da perspectiva de novos fechamentos de atividades. Já as projeções para a inflação subiram.
O Ministério da Economia manteve a projeção de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) em 3,2% em 2021, apesar do avanço da pandemia de Covid-19 e da perspectiva de novos fechamentos de atividades. Já as projeções para a inflação subiram.
Os números foram divulgados nesta quarta-feira (17) pela Secretaria de Política Econômica (a SPE) do ministério e atualizam as projeções da pasta feitas anteriormente em novembro de 2020. Os técnicos afirmam que a projeção para o PIB foi mantida devido a incertezas provocadas pela pandemia, que demandam conservadorismo nos cálculos, e por influência de indicadores vistos como positivos no primeiro bimestre.
Waldery Rodrigues, secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, afirma que houve cautela nas contas em meio ao cenário da Covid-19. Ele deixou em aberto a possibilidade de modificações das projeções nos próximos meses tendo em vista o avanço da pandemia. "Sem dúvidas, medidas de lockdown têm efeitos diretos sobre a economia", afirmou.
Por outro lado, disse, efeitos como a liberação do auxílio emergencial em 2021 podem contribuir para os dados. "Uma reação maior da economia com o auxílio emergencial deve ocorrer. Ele tem uma função de proteger os mais vulneráveis e manter a dinâmica econômica, em particular no mercado de trabalho", disse.
Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica, afirma que o PIB de 2021 será beneficiado por fatores como o crescimento acima do esperado da atividade no fim do ano passado, a elevação da poupança e o mercado de crédito.
Os técnicos também citam indicadores com sinais de crescimento no primeiro bimestre, como a expedição de papel ondulado, o fluxo de veículos pesados e a carga de energia.
Mesmo assim, Sachsida afirmou que o novo avanço da pandemia tem sido significativo, o que deve impactar a atividade. "O recrudescimento da pandemia foi muito forte. E as consequentes medidas para diminuir a propagação do vírus geram um efeito negativo sobre a economia", disse.
"Então de um lado tem efeitos positivos, e de outros negativos -claramente associados à pandemia. No balanço, achamos que o mais prudente é manter a projeção atual. E, se for necessário, faremos as mudanças devidas [nos próximos meses]", afirmou o secretário de Política Econômica.
Ele afirmou que a imunização da população é a estratégia mais adequada para combater a crise econômica. "Hoje, a vacinação é a melhor política econômica do governo", afirmou Sachsida.
A projeção do governo para o PIB está alinhada com o esperado pelo mercado, que esperava um número mais alto do que a do governo no começo do ano e reduziu as expectativas recentemente. As contas são feitas após o PIB cair 4,1% no ano passado.
O boletim Focus (do Banco Central, que traz projeções de analistas) mostra que o mercado esperava um crescimento em 2021 de 3,43% há quatro semanas. A projeção foi cortada para 3,26% há uma semana e para 3,23% no boletim da última segunda-feira (15).
Para a inflação, o ministério elevou as expectativas para todos os indicadores -principalmente devido ao preço dos alimentos.
A projeção da SPE para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu de 3,23% para 4,42%. O número está dentro do intervalo de tolerância da meta de inflação para este ano, de 3,75% com margem de até 5,25%.
No mercado, as projeções para o IPCA em 2021 também foram elevadas e para um patamar ainda mais alto que o previsto pelo governo. De 3,62% há quatro semanas para 4,6% no boletim Focus desta semana.
A estimativa da pasta para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que norteia o cálculo do salário mínimo, subiu de 3,2% para 4,27%.
A projeção da SPE para o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) saiu de 4,38% para 5,06%. Esse índice tem uma abrangência maior do que apenas o consumidor final por englobar também o setor atacadista.
A evolução do IPCA ao longo de 2020 mostrou que a inflação acumulada em 12 meses do grupo alimentação no domicílio, após atingir um valor mínimo de 5,1% em março de 2020, acelerou para um pico de 21,1% em novembro de 2020 e fechou o ano em 18,2%. No dado mais recente, no acumulado em 12 meses, chegou a 19,4% (fevereiro de 2021).
O ministério afirma que os choques atuais são temporários, "ainda que tenham se revelado mais persistentes do que o esperado". As expectativas oficiais apontam que, a partir de 2022, haverá convergência da inflação para o centro da meta de 3,5%.
Em meio ao cenário de maiores expectativas para a inflação, o Copom se reúne nesta quarta para decidir sobre o rumo da taxa básica (a Selic), hoje no mínimo histórico de 2% ao ano.
Em um dos únicos comentários que fez sobre juros, Sachsida afirmou que a elevação da Selic não necessariamente tornará a política monetária mais restritiva.
"Temos que diferenciar aumento da taxa de juros de política monetária restritiva. Não é porque o BC aumentou juros que a política monetária está restritiva. Temos certeza do excelente trabalho que o BC tem feito", afirmou, evitando falar mais sobre o tema justificando ser um dia de reunião do Copom.
Ele defendeu ser fundamental manter as expectativas ancoradas por meio da contenção dos gastos públicos. "Aumentar gasto público sem contrapartida fiscal desancora expectativas. É fundamental manter o processo de consolidação fiscal", afirmou Sachsida.
Folhapress
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