A produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira registrou queda de 0,6% em 2020 em comparação ao ano anterior. O indicador, que mede o volume produzido dividido pelas horas trabalhadas na produção, foi divulgado nesta segunda-feira (8), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na pesquisa Produtividade na Indústria.
Segundo o documento, no ano passado, houve queda de 4,6% do volume de bens produzidos, acompanhado de redução de 4,1% das horas trabalhadas na produção em relação a 2019. O indicador de produtividade do trabalho não apresentava queda desde 2014, quando houve um recuo de 0,3%.
A economista da CNI Samantha Cunha pondera que essa queda é conjuntural, provocada pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia. "Ela reflete mudanças no ritmo de produção pelas empresas e de esforço dos trabalhadores, para fazer frente à queda da demanda", afirma. "Não é um movimento estrutural, duradouro, mas a consequência de fatores atípicos que impactaram fortemente a produtividade ao longo do ano. No primeiro semestre, tivemos queda de 7,1%. Tivemos uma forte recuperação no terceiro trimestre, mas, na média anual, o indicador recuou", explica a economista.
"Para 2021, as perspectivas são melhores, em razão do início da vacinação da população contra a covid-19, mas as incertezas permanecem elevadas e isso prejudica o investimento e a produtividade", afirma a economista.
A CNI destaca que, antes de 2020, já era observado um movimento de desaceleração da produtividade da indústria, diante da retomada lenta do investimento após a recessão de 2015-2016.
"Para não retornarmos ao nível de baixa produtividade de antes da pandemia, é necessário que as reformas mais estruturais avancem, as reformas que melhoram os ambientes de negócios nos quais as empresas operam", completa Samantha.