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Coronavírus

- Publicada em 08 de Março de 2021 às 03:00

Litoral Norte gaúcho teme prejuízo com o lockdown

Banho de mar está proibido em todas as praias para evitar aglomeração

Banho de mar está proibido em todas as praias para evitar aglomeração


/divulgação sinduscon-Litoral Norte
Ao decidirem adotar lockdown no fim de semana passado, municípios do Litoral Norte gaúcho ressaltaram a importância de se restringir ainda mais as atividades em meio ao colapso hospitalar que se intensifica no Rio Grande do Sul, mesmo que isso seja prejudicial à economia.
Ao decidirem adotar lockdown no fim de semana passado, municípios do Litoral Norte gaúcho ressaltaram a importância de se restringir ainda mais as atividades em meio ao colapso hospitalar que se intensifica no Rio Grande do Sul, mesmo que isso seja prejudicial à economia.
As novas medidas, que valeram ontem e sábado, previam o fechamento de todas as atividades econômicas, incluindo até mesmo os supermercados.
O prefeito de Torres, Carlos Souza, afirma que é inevitável que se tenha perdas neste momento. Mesmo que ainda não consiga mensurar o impacto que as restrições do fim de semana podem ter na economia, ele espera que o lockdown não seja mais necessário após esse período. "Evitar o fechamento de mais de dois dias para que não se prolonguem as perdas e para que a interferência na economia seja a menor possível", diz.
A decisão pelo lockdown tem o intuito de diminuir a circulação de pessoas e evitar que os veranistas se desloquem para o litoral em um momento em que os hospitais estão lotados. O governo do Estado proibiu o banho de mar para evitar aglomeração.
"Entende-se que a temporada de veraneio encerrou", avalia Souza. "Todos esses agravantes inibem e retardam a vinda das pessoas para as praias", complementa. Nos finais de semana de fevereiro, o Litoral Norte recebeu um grande número de veranistas que ainda aproveitavam o calor e as praias da região.
Por essa razão, para o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Maneco Hassen, a medida que amplia as restrições já determinadas pelo governo do Estado é necessária. Ele diz que a temporada de veraneio só acaba quando não houver mais calor, e o único caminho de evitar os deslocamentos para o litoral é reduzindo as atividades econômicas de todos os setores locais.
"Todas as restrições são prejudiciais para a economia", afirma Hassen. "É um momento em que, mesmo discordando das regras, nós temos que fazer todo o esforço para cumpri-las, sob pena de a situação ficar ainda mais grave e as medidas restritivas terem que ser ampliadas por ainda mais tempo", observa.
A prefeitura de Capão da Canoa é outra que avalia o lockdown como uma medida necessária neste momento. No entanto, não acredita que apenas um final de semana irá impactar de forma significativa a economia do município.

Setor hoteleiro sente os efeitos das restrições e da falta de hóspedes

Frente do Hotel Araça em Capão da Canoa

Frente do Hotel Araça em Capão da Canoa


GOOGLE MAPS/REPRODUÇÃO/JC
O Hotel Araçá, localizado na Praia do Araçá, em Capão da Canoa, ficará sem hóspedes e sem funcionários durante o final de semana. Todos os trabalhadores do local foram dispensados de suas atividades pelo final de semana. Eles voltarão ao trabalho na segunda-feira, mas sem muita esperança de melhora no movimento.
O gerente do local, Henrique de Oliveira, entende que o veraneio já acabou no Litoral Norte e afirma que em anos anteriores o hotel recebia um significativo número de hóspedes até a Páscoa. Oliveira relata ter percebido que neste verão o número de hospedagens sofreu uma queda.
Em razão do lockdown, o hotel estará fechado pelos próximos dois dias e, como solução para as reservas que já haviam sido feitas, o hotel ofereceu uma carta de crédito para os hóspedes, possibilitando que eles remarquem a viagem para outro momento e, com isso, Oliveira afirma que o faturamento do hotel cairá a zero no período.
O gerente afirma que todos os protocolos sanitários foram seguidos no local e entende que o bloqueio total é inadequado. Para ele, as medidas mais restritivas deveriam ter sido tomadas no início do verão, prevenindo aglomerações na praia. "Outras medidas de prevenção poderiam ter sido tomadas, o turismo e o comércio foram os mais prejudicados", comenta.
Oliveira afirma que o carnaval gerou muitas aglomerações no litoral e relembra que os hotéis tiveram restrição no número de hóspedes, enquanto muitas pessoas alugaram casas. Segundo ele, nestes aluguéis os turistas se hospedaram junto de outras pessoas, não seguindo os cuidados sanitários que são praticados pelo setor hoteleiro.
A vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Sul (ABIH RS) e presidente do Sindicato de Hoteis e Restaurantes do Litoral Norte gaúcho, Ivone Ferraz, compartilha da mesma opinião. Para ela, o lockdown é equivocado e o veraneio, que tradicionalmente iria até o final de março, terminou após o decreto que colocou todo o Estado em bandeira preta.
Ivone afirma que o faturamento do setor hoteleiro vai zerar durante o final de semana e pergunta como será possível pagar funcionários e contas sem dinheiro. De acordo com a sindicalista, as reservas para o sábado e para o domingo foram canceladas, mas os hóspedes que estavam dentro dos hotéis seguirão no local, mesmo com as portas fechadas.

Hotéis e restaurantes estimam perdas de receita com as medidas

Fachada do Restaurante Souza em Torres

Fachada do Restaurante Souza em Torres


/GOOGLE MAPS/REPRODUÇÃO/JC
O Hotel Araçá, localizado na Praia do Araçá, em Capão da Canoa, ficará sem hóspedes e sem funcionários durante o final de semana. Todos os trabalhadores do local foram dispensados de suas atividades pelo final de semana. Eles voltarão ao trabalho na segunda-feira, mas sem muita esperança de melhora no movimento.
O gerente do local, Henrique de Oliveira, entende que o veraneio já acabou no Litoral Norte e afirma que em anos anteriores o hotel recebia um significativo número de hóspedes até a Páscoa. Oliveira relata ter percebido que neste verão o número de hospedagens sofreu uma queda.
Em razão do lockdown, o hotel estará fechado pelos próximos dois dias e, como solução para as reservas que já haviam sido feitas, o hotel ofereceu uma carta de crédito para os hóspedes, possibilitando que eles remarquem a viagem para outro momento e, com isso, Oliveira afirma que o faturamento do hotel cairá a zero no período.
O gerente afirma que todos os protocolos sanitários foram seguidos no local e entende que o bloqueio total é inadequado. Para ele, as medidas mais restritivas deveriam ter sido tomadas no início do verão, prevenindo aglomerações na praia. "Outras medidas de prevenção poderiam ter sido tomadas, o turismo e o comércio foram os mais prejudicados", comenta.
Oliveira afirma que o carnaval gerou muitas aglomerações no litoral e relembra que os hotéis tiveram restrição no número de hóspedes, enquanto muitas pessoas alugaram casas. Segundo ele, nestes aluguéis os turistas se hospedaram junto de outras pessoas, não seguindo os cuidados sanitários que são praticados pelo setor hoteleiro.
A vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Sul (ABIH RS) e presidente do Sindicato de Hoteis e Restaurantes do Litoral Norte gaúcho, Ivone Ferraz, compartilha da mesma opinião. Para ela, o lockdown é equivocado e o veraneio, que tradicionalmente iria até o final de março, terminou após o decreto que colocou todo o Estado em bandeira preta.
Ivone afirma que o faturamento do setor hoteleiro vai zerar durante o final de semana e pergunta como será possível pagar funcionários e contas sem dinheiro. De acordo com a sindicalista, as reservas para o sábado e para o domingo foram canceladas, mas os hóspedes que estavam dentro dos hotéis seguirão no local, mesmo com as portas fechadas.
 
A presidente do Sindicato de Hotéis e Restaurantes do Litoral Norte, Ivone Ferraz, informa que os restaurantes da região permaneceram fechados ao público durante a semana, em razão da bandeira preta, funcionando apenas com tele-entrega e com "pegue e leve". Os estabelecimentos não funcionarão durante o final de semana, gerando queda no faturamento e incerteza sobre o futuro. "A gente não sabe para que lado vai", comenta a sindicalista.
O prejuízo já foi sentido por Vladimir Brognoli, proprietário do Restaurante Souza, em Torres. O empresário afirma que, caso a bandeira preta seja mantida até o final do mês, março será um mês perdido. "Março não começou ainda e o que vai acontecer pra frente só Deus sabe", comenta.
Brognoli calcula prejuízo entre 90% e 95% se as restrições forem mantidas até o final do mês. Apesar da queda no faturamento, o empresário enxerga que o lockdown é uma medida correta por conta do colapso no sistema de saúde, mas lamenta que não houve respeito da população aos protocolos sanitários.
Ele afirma não ter entendido as restrições a restaurantes e hotéis enquanto outros locais, como supermercados, receberam aglomerações. "O estabelecimento que mais se preparou para evitar o contágio foi o que menos pôde trabalhar", comenta.
As medidas restritivas também vão impactar no número de funcionários do Restaurante Souza. Brognoli explica que uma equipe de profissionais atua durante o verão e outra durante o inverno. Em razão do fechamento do estabelecimento, 14 funcionários da equipe de verão foram demitidos nesta sexta-feira. Pelo menos 50% dos profissionais dispensados ficariam até o final deste mês, outra parte trabalharia ainda durante o mês de abril.
Sobre os cinco funcionários que atuam no restaurante durante o inverno, o empresário afirma que pretende garantir os empregos, que também foram preservados durante o ano passado. "Seria deselegante demitir alguém agora", afirma Brognoli ao comentar que as pessoas dependem do trabalho para viver.
Já Tiago Gonçalves, proprietário do Texas Grill Hamburgueria, de Tramandaí, não garante a permanência de todos os funcionários. O empresário afirma que tem se esforçado para não demitir empregados, mas que ao final do verão, quando habitualmente dois ou três trabalhadores são desligados, o número pode subir para cinco ou seis.
Gonçalves entende que a situação econômica neste ano pode ficar pior do que foi no ano passado. Ele calcula um prejuízo entre 40% e 45% durante o mês de março e concorda que, em razão da gravidade da pandemia, o lockdown se tornou uma necessidade. "Não vejo outra forma, a não ser desta maneira", conclui.