Diante do derretimento da Petrobras no mercado acionário, com queda de 21% na B3 após o anúncio de intervenção do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na segunda-feira (22) que não irá interferir na política de preços da estatal. "Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras", afirmou.
"Falam interferência minha. Baixou o preço do combustível? Foi anunciado 15% (de aumento) no diesel, 10% na gasolina. Abaixou o percentual? Está valendo o mesmo percentual? Como é que houve interferência? O que eu quero da Petrobras e exijo é transparência e previsibilidade, nada mais além disso", destacou o presidente.
Se a intervenção de Bolsonaro na estatal for confirmada pelo conselho de administração da companhia, ele substituirá Roberto Castello Branco, alvo de críticas de Bolsonaro. "É direito meu reconduzi-lo ou não. Ele não será reconduzido. Qual o problema?", indagou o presidente aos apoiadores.
No domingo, a XP Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Petrobras de neutro para venda. O preço-alvo foi revisado de R$ 32, na avaliação anterior, para R$ 24, tanto para ações ordinárias (com direito a voto) quanto para as preferenciais (sem direito a voto).
"É sinal que alguns do mercado financeiro estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras: atender os interesses próprios de alguns grupos no Brasil, nada mais além disso", afirmou Bolsonaro.
O presidente também criticou o atual presidente da Petrobras porque Castello Branco vinha trabalhando de casa durante a pandemia e teria salário alto. "O atual presidente da Petrobras está 11 meses em casa sem trabalhar, né, trabalha de forma remota. Agora, o chefe tem que estar na frente, bem como seus diretores. Isso, para mim, é inadmissível. Descobri isso há poucas semanas", disse Bolsonaro.
E foi além: "Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? R$ 50 mil por semana? É mais do que isso por semana. Então, tem coisa que não está certa. Não quero que ele ganhe R$ 10 mil por mês também não, tem que ser uma pessoa qualificada, mas não ter este tipo de política salarial lá dentro", afirmou Bolsonaro.
A Assembleia Geral Ordinária da Petrobras aprovou em julho do ano passado a fixação da remuneração para os administradores da companhia em até R$ 43,3 milhões para o período de abril de 2020 a março deste ano, segundo documento divulgado pela empresa. Dividindo-se este valor pelos nove diretores-executivos, incluindo Castello Branco, os salários mensais podem chegar a R$ 400 mil, em média.