A pandemia deixa marcas que não devem ser esquecidas tão cedo pelo varejo do Rio Grande do Sul, pelo menos aquelas que retratam o primeiro ano da crise sanitária. O varejo gaúcho teve comportamentos extremos, entre fortes quedas e crescimentos mais escasso, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O ano teve queda de 2,2% no comércio geral, e de 5,2% no conceito do varejo ampliado, que inclui materiais de construção e veículos. O setore geral ficou abaixo dos números do Brasil, que teve alta de 1,2% no ano. Já o ampliado também teve queda, mas inferior ao setor gaúcho, de 1,5%. Nessa terça-feira (9), o IBGE liberou os indicadores da indústria gaúcha, que também fechou o ano no vermelho,
com queda de 5,4%.
Serviços tiveram o maior tombo, de 12,7%.
Em dezembro frente a novembro de 2020, o Rio Grande do Sul ainda sentiu o freio, mesmo com as atividades abertas e ainda no mês do Natal, principal mês de vendas do setor. O comércio em geral teve queda de 3,1%, e o ampliado, que inclui materiais de construção e veículos, de 4,1%. Já frente a dezembro de 2019, o primeiro grupo despencou 6%, e o segundo, 4,7%.
Novembro já havia registrado queda de 0,6% em relação a outubro, depois de seis meses de alta.
No retrospecto do ano passado, o melhor desempenho foi o de materiais de construção, com alta de 16,5% na comercialização em dezembro e de 8,4% no fechamento do ano. Foi a maior taxa entre todos os setores. Já combustíveis chegaram a despencar 35,4% no último mês do ano passado, fechando o ano com recuo de 9,4%. O IBGE não divulga a comparação com novembro, quando detalha os setores em cada divisão do varejo.
Logo depois veio a área dos supermercados e estabelecimentos de venda de bebidas e fumo, com avanço de 5,4% nas vendas em 12 meses, mas que ficou quase estável no último mês do ano passado, apresentando alta de 0,2%. As empresas desses setores puderam funcionar o ano todo, por se enquadrarem na categoria de essenciais. A mesma condição do comércio de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, que teve aumento da comercialização de 16,4% em dezembro e de 4% no ano.
No varejo normal, a venda de livros, jornais, revistas e papelaria foi recordista na queda, de 47,2% em dezembro e de 34,3% no ano passado. Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação recuaram 33,9% e 18,8% nos dois recortes de tempo, respectivamente.
Lojas de têxteis e confecções tiveram queda de 11,7% em dezembro e de 28,8% em 12 meses, indicando o peso das restrições que marcaram a atividade, com fechamento de lojas e ainda as regras sanitárias de distanciamento. A venda por e-commerce teve mais impulso.
Já móveis tiveram queda de 2,7% no último mês do ano e de 0,9% em 12 meses, comportamento que pode ter sido influenciado pela movimentação das vendas em materiais de construção, na etapa que envolve a mobília das moradias.
Já o segmento de veículos teve queda de 8,4% em dezembro e de 21,6% em 12 meses na comercialização. A indústria automotiva tem sofrido com o desabastecimento de insumos e estoques mais baixos da história. Novas paradas, além das ocorridas no começo da pandemia, estão previstas para março, como na fábrica da
General Motors em Gravataí, que terá férias coletivas.