Viajar em alta velocidade, em cápsulas de levitam dentro de um tubo, pode ser uma alternativa sustentável para quem sair da Porto Alegre em direção à Serra gaúcha em um futuro próximo.
A ideia foi lançada nesta terça-feira (19), quando o governador Eduardo Leite assinou acordo com a empresa Hyperloop Transportation Technologies (Hyperloop TT), que vai realizar estudo de quatro a cinco meses em parceria com a Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) para garantir a viabilidade operacional e estrutural para a criação da rota até Caxias do Sul.
Com 129 quilômetros, esse caminho é percorrido em cerca de 1h40 min de carro, mas, com a tecnologia desenvolvida pela empresa de pesquisa americana, pode durar cerca de 12 minutos.
Com baixo uso de energia elétrica (tendo por base a captação solar no topo do tubo), o meio de transporte por cápsulas de alta velocidade funciona como uma espécie de "trem-bala" ecológico de passageiros (mas também serve para cargas), que se movem por uma combinação de força magnética e diferença de pressão de ar na frente e atrás. Alcançando uma velocidade de até 1.223 quilômetros por hora, oferece a segurança e o conforto "superior" a de um avião, segundo o fundador e presidente da Hyperloop TT, Dirk Alhborn. Desenvolvido para ser mais seguro do que qualquer outro sistema (por ser protegido pelo tubo), o hyperloop evita acidentes e desvia da ação de agentes atmosféricos, além de passar por poucas pressurizações. Caso seja implementado no Rio Grande do Sul, será o primeiro da América Latina.
Segundo Leite, a parceria coloca o Brasil "na rota do transporte mais inovador e disruptivo atualmente em desenvolvimento no mundo". "O acordo de hoje pode ser considerado bastante futurista, mas cogitamos analisar viabilidade do projeto e, assim, lançar a primeira ideia para que, quem sabe logo adiante, possamos confirmar as condições de viabilizar o hyperloop, uma alternativa economicamente viável, segura e sustentável."
A empresa proponente da iniciativa tem sedes em Los Angeles (EUA) e Toulouse (França), e um de seus escritórios cinco escritórios no mundo fica em São Paulo, onde já vem desenvolvendo outros projetos neste sentido. "Este sistema é um salto para o transporte de qualidade, em altíssima velocidade, no Brasil", defendeu Alhborn. "Em 2019, lançamos o primeiro estudo abrangente de viabilidade analisando um sistema de hyperloop, que constatou que a tecnologia é econômica e tecnicamente viável e que gerará lucro sem exigir subsídios governamentais", justificou.
O hyperloop se baseia em uma ideia divulgada pelo presidente da Tesla e da companhia de transporte espacial SpaceX, Elon Musk (conhecido por querer colonizar Marte em 2024), que abriu mão de qualquer direito de propriedade intelectual para que outros a desenvolvessem. Até agora, a HyperloopTT já assinou acordos nos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, França, Alemanha, Índia, China, Coreia do Sul, Indonésia, Eslováquia, República Tcheca e Ucrânia.
"A Serra gaúcha é o polo turístico mais importante do Rio Grande do Sul e abriga algumas das maiores empresas do Brasil", destacou o executivo da companhia, afirmando que o País é um dos que mais vai ter benefícios com essa tecnologia (resolvendo seus problemas com transportes) em todo o mundo. Segundo Alhborn, a tecnologia "redefine a forma de conexão entre as pessoas", ligando rapidamente bairros e cidades. "Hoje não existe uma ferrovia lucrativa, pois depende de investimento dos governos. Já o hyperloop tem baixo custo e pode ser financiado pela iniciativa privada", pontuou.