Após ceder 2,54% na sexta-feira e acumular perda de 3,78% na semana passada, o Ibovespa obteve nesta segunda-feira, 18, ganho de 0,74%, aos 121.241 pontos, em dia de vencimento de opções sobre ações que coincidiu com feriado em Nova York, o que costuma resultar em enfraquecimento da liquidez.
O domingo da vacina e o crescimento de 2,3% no Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2020, por outro lado, deram suporte a compras neste começo de semana, vindo o Ibovespa de realização na anterior. Assim, o índice da B3 teve giro financeiro a R$ 46,7 bilhões nesta segunda-feira. No ano, o Ibovespa avança 1,87%.
"Hoje (ontem) tivemos o dia seguinte à vacina, e o mercado vinha penalizando o Ibovespa também pela indefinição sobre isso. Tivemos certo desconto com a realização vista na semana passada e assim, com a efetivação da vacina, o mercado ficou mais leve, conseguindo se recuperar do baque da sexta-feira", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, chamando atenção para o desempenho de ações mais correlacionadas à recuperação, como as de companhias aéreas (Azul 1,82%, Gol 1,02%) e shoppings (Iguatemi 1,26%).
Virada a página da aprovação de vacinas pela Anvisa, o mercado passa a olhar para outros importantes eventos da semana, ambos na quarta-feira: a posse do presidente Joe Biden nos Estados Unidos e a decisão de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom). "Está dado o Copom (manutenção de juros), mas pode haver a retirada do 'forward guidance', o que não significa que a Selic já começaria a subir na reunião seguinte. Será preciso continuar acompanhando os índices de inflação e de atividade para antecipar quando, em 2021, teremos juros mais altos", observa Moliterno. "Nos EUA, Biden tem sinalizado que pode reverter parte das decisões de Trump de forma monocrática, assegurando, por exemplo, o reingresso dos EUA no Acordo de Paris - o início do governo Biden certamente será acompanhado muito de perto por todos."
"Nesta madrugada, a China divulgou seus dados de PIB, com números melhores do que o esperado. Ainda que o crescimento de 2,3% em 2020 seja o pior resultado em 44 anos, o último trimestre do ano passado apresentou uma alta de 6,5% frente ao mesmo período de 2019", destacou Lucas Collazo, especialista da Rico Investimentos.
Assim, acabou prevalecendo a cautela na parte da tarde, com o Ibovespa e o dólar limitando o que se viu mais cedo, aponta Adilson Bonvino, sócio da Unnião Investimentos. "Sem desmerecer a vacina, algo positivo, não há por que ocorrer uma reação exagerada quando se tem ainda incerteza adiante, com o mercado à espera de definições importantes, como as das presidências da Câmara e do Senado", relatou.
O dólar firmou queda nos negócios da tarde, depois de uma manhã de volatilidade, mas acabou fechando perto da estabilidade, no aguardo da posse de Joe Biden e da reunião de política monetária do Banco Central. No fechamento dos negócios, o dólar à vista encerrou o dia estável ( 0,01%), cotado em R$ 5,3047. No mercado futuro, o dólar para fevereiro fechou em leve alta de 0,14%, a R$ 5,3010.
O economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, observa que sem a vacinação deslanchar, pode haver riscos para a atividade econômica na primeira metade do ano, que se somaria a outros "ventos contrários", como o do aumento da inflação. Ramos classifica o início do processo de vacinação no Brasil como "lento" e "errático", mas que finalmente começa a ganhar forma. O economista acredita que um novo auxílio vai acabar sendo aprovado, por conta dos efeitos da segunda onda da pandemia. Pelo lado positivo, os dois principais candidatos à Presidência da Câmara - Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) - se comprometeram em recentes declarações com medidas sociais dentro das regras fiscais, o que foi bem recebido pelas mesas de operação.