Trabalhadores da Camargo Vigilância, de Porto Alegre, que presta serviços ao governo do Estado, foram surpreendidos nesta sexta-feira (15) com o fechamento da empresa, que ainda deve salários atrasados do mês de dezembro a cerca de 400 empregados.
De acordo com o advogado do SindiVigilantesRS, Gerson Farias, há trabalhadores também sem férias e vale alimentação pagos. As dificuldades e a falta de previsão de pagamento pela empresa levaram um grupo de trabalhadores a promover manifestações em pontos como no Cais do Porto e no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), no centro da Capital, dois dos locais públicos atendidos pela empresa.
“Da noite para o dia a empresa fechou as portas, sem pagar salários atrasados e nem férias vencidas, sem avisos prévios e isso mesmo tendo recebidos os valores por parte do governo”, critica Farias.
Além do centro administrativo do governo gaúcho e do Cais do Porto - que juntos somam em torno de 220 trabalhadores prejudicados - outros três pontos públicos têm funcionários da Camargo Vigilância atuando, mesmo sem receber, segundo o sindicato da categoria. Eles estão alocados na Secretaria da Agricultura e no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete), com entre 20 e 30 vigilantes, ambos no bairro Menino Deus, além do Hospital Sanatório Partenon, com próximo de 60 trabalhadores
“Todos estão sem salário nem vale alimentação, e também cerca de 30 no TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Estivemos conversando com os entes públicos e nos informaram que os valores foram, sim, repassados a empresa, que primeiro nos disse que os valores estavam atrasados”, alerta o advogado.
Antônio Ademir Mello, coordenador operacional da empresa, alega que a empresa enfrentou problemas com contratos (sem detalhar quais), o que teria afetado o fluxo de caixa da empresa, que por isso está entrando com pedido de falência. Ao Jornal do Comércio, Mello confirmou que a empresa recebeu os repasses públicos.
O representante disse que não poderia dar uma previsão para colocar em dia os salários atrasados. O coordenador afirma apenas que todos os créditos que ingressarem a partir da falência serão direcionados aos trabalhadores – o que já é previsto em lei. Mello não explicou porque a empresa, mesmo tendo recebido recursos públicos, não repassou aos trabalhadores.
“A partir de segunda-feira (18) a empresa está adotando medidas como o rompimento amigável dos contratos, começando pelo Sanatório Partenon, para que assim todos os vigilantes possam receber os valores devidos judicialmente. E se houver uma quebra de contrato eles poderão seguir trabalhando com a outra empresa”, resumiu Mello.