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Economia

- Publicada em 22 de Dezembro de 2020 às 21:16

Tecidos Dabdab completa 95 anos como referência em alfaiataria

Martins tem 35 anos de casa e acompanha a trajetória do negócio

Martins tem 35 anos de casa e acompanha a trajetória do negócio


/JOYCE ROCHA/JC
Thiago Copetti
A esquina da Rua Voluntários da Pátria com a Praça Parobé, no centro de Porto Alegre, armazena 95 anos de história, milhares de metros de tecido e a paixão de uma família pela alfaiataria. Fundada em 23 de dezembro de 1925, a Tecidos Raphael Dabdab resiste ao tempo, aos ambulantes na porta, aos tecidos sintéticos e às mazelas da região central da cidade.
A esquina da Rua Voluntários da Pátria com a Praça Parobé, no centro de Porto Alegre, armazena 95 anos de história, milhares de metros de tecido e a paixão de uma família pela alfaiataria. Fundada em 23 de dezembro de 1925, a Tecidos Raphael Dabdab resiste ao tempo, aos ambulantes na porta, aos tecidos sintéticos e às mazelas da região central da cidade.
Lucro mesmo, em volume que justifique a manutenção do negócio com uma grande fonte de renda, a loja não tem há tempos, assegura o gerente, Sérgio Martins de Martins, funcionário há 35 anos. Hoje, são menos de 10 empregados, mas já foram quase 30.
A trajetória familiar, a paixão pelo comércio de tecidos e a tradição seguram as portas abertas. Criada pelo jovem alfaiate sírio Raphael Kalil Dabdab, que desembarcou no Brasil em 1923, a Tecidos Dabdab passou a ser propriedade do filho Elias em 1997, três anos após a morte de Raphael, em 1994, aos 95 anos. Elias herdou a paixão do pai pelos tecidos nobres e cortes elegantes e bateu ponto na loja até o final da vida, em 2016. Sem filhos, a loja hoje pertence à viúva de Elias, Maria Inez Kops, 87 anos, que faz questão de manter o comércio aberto, independentemente do faturamento.
No piso superior, um minimuseu da história da família ocupa parte do espaço. A outra parte abriga os tecidos mais nobres, importados e estocados há anos - e armazenados em uma sala fechada e gradeada. Inicialmente aberto na Rua da Ladeira, o comércio de tecidos se fixou no número 4 da Rua Voluntários da Pátria em 1950 e, desde então, mantém lá as vitrines abertas.
"Temos um estoque de 100 mil metros de tecido. Se não fosse mais comprado nada, ainda teremos tecidos para uns dez anos ou mais de comércio", conta Martins, o mais antigo funcionário da loja.
A empresa sobrevive da elegância de festas, casamentos e de clientes como juízes e advogados - um dos mais conhecidos era o ex-ministro Paulo Brossard, falecido em 2015, conta um dos vendedores. Entre os têxteis mais nobres e caros ainda em estoque, produtos com a grife Ermenegildo Zegna, que custam R$ 2 mil, ou mais, o metro. No auge da pandemia, porém, a porta entreaberta vendeu também muito tecido para confecção de máscaras.
"Aquele início de pandemia foi o que garantiu o fluxo de caixa. Ainda hoje as vendas ainda estão muito distantes dos volumes de antes, mas não deixamos de abrir nem um único dia", comemora Martins.
Em tempos normais, eram cerca de dois mil metros por ano comercializados anualmente. Na atual estação, o destaque são cortes de linho e de cambraia. Mas as muitas peças de lã seguem em exposição, em grande parte em tons sóbrios e xadrez discreto. O forte das vendas também vem dos cortes de lãs importados, tecidos orgânicos, de fios naturais e algodão. Também há sintéticos, mas não são muitos.
"O que vendemos são produtos mais nobres, demandados por alfaiates, que já não são muitos. Hoje, eu diria que a geração de jovens alfaiates mais sofisticados não chega a 20 no Estado. Os clientes finais nem chegam a vir aqui, porque não frequentam o centro da cidade", conta o gerente.
Entre os clientes mais antigos está o italiano Carmine Motta, 78 anos. E desde 1961, logo que chegou ao Brasil, ele assegura que recorre à Tecidos Dabdab para boa parte de suas criações. Além dos tecidos propriamente ditos, Motta elogia os aviamentos comercializados e até a seriedade do atendimento, em uma relação comercial que acabou lhe rendeu amizade de muitos anos com Elias.
"Além dos tecido especiais, ele sempre se preocupou em manter a qualidade também dos aviamentos. Nós, alfaiates, valorizamos todo o conjunto que irá compor a peça, como aquele que irá no forro. E lá sempre há um tecido especial para um cliente especial", elogia Motta.
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