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Economia

- Publicada em 08 de Dezembro de 2020 às 13:53

Custo Brasil impõe gastos extras de R$ 1,5 trilhão a empresas, diz Gerdau

Empresário preside Movimento Brasil Competitivo e abriu debate on line da Sociedade de Engenharia

Empresário preside Movimento Brasil Competitivo e abriu debate on line da Sociedade de Engenharia


/REPRODUÇÃO/JC
Thiago Copetti
Com o chamado Custo Brasil encarecendo as atividades privadas em R$ 1,5 trilhão ao ano, de acordo com estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC), os danos vão desde perdas nas exportações aos prejuízos no mercado doméstico, afetando empresas e consumidores. Foi esse tema que norteou o debate on line promovido pela Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs) na manhã desta terça-feira (8).
Com o chamado Custo Brasil encarecendo as atividades privadas em R$ 1,5 trilhão ao ano, de acordo com estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC), os danos vão desde perdas nas exportações aos prejuízos no mercado doméstico, afetando empresas e consumidores. Foi esse tema que norteou o debate on line promovido pela Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs) na manhã desta terça-feira (8).
Mediado pelo presidente da entidade, Luis Roberto Ponte, o evento teve como debatedores o empresário Jorge Gerdau Johannpeter (presidente do conselho superior do MBC), Jorge Luiz de Lima (CEO do Projeto de Redução do Custo Brasil do Ministério da Economia), o senador Luis Carlos Heinze e Paulo Spencer Uebel (ex-secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia).
Abrindo os debates, Gerdau, presidente do Conselho Superior do MBC, explicou que como empresário e pela atuação do Grupo Gerdau em 14 países aprofundou seus conhecimentos sobre os muitos percalços que o setor produtivo enfrenta em diferentes nações e compará-los.
Ao analisar 12 pontos principais, que vão de custos financeiros a questões tributárias, energia e logística, por exemplo, Gerdau indica que o custo estrutural brasileiro desnecessário alcança R$ 1,5 trilhão anual. Boa parte, assegura, oriundos de um Estado inchado e burocrático
“Isso é 22% acima do que vigora no Mercado Comum Europeu. Se formos comparar com a China, facilmente se acrescenta aí mais 10%. E tudo isso não afeta apenas a indústria, claro, mas também comércio, serviços, o agronegócio e o consumidor”, detalhou o empresário.
O maior desafio, opinou Gerdau, é o entendimento político sobre o assunto, pois tradicionalmente o Estado brasileiro busca formas de abocanhar recursos no setor privado em todas as esferas possíveis. Assim, promove uma grave sobreposição de impostos e ainda destina esses recursos para inflar ainda mais a máquina pública e seus custos.
“É uma situação absurda. Quanto mais etapas de trabalho tem um setor produtivo, menos competitivo ele se torna. E reduzir isso depende de entendimento político. É esse o maior limitador para o crescimento do Brasil”, avalia Gerdau.
O empresário cita como exemplo o custo da energia no País, que apesar ter uma fonte predominantemente hidrelétrica ampla e barata, tem preço elevado. Isso porque, diz Gerdau, o custo da energia n Brasil incorpora a estrutura burocrática do governo na pasta.
“A siderurgia demanda de forma elevada esse insumo, assim como a construção civil. E arca com um custo que, entre 15% e 20%, não deveria existir. Os políticos no Brasil acham que têm que arrecadar em tudo, mas o pior ainda é onde e como alocam depois esses recursos”, ressalta o presidente do conselho do MBC.
A soma e a sobreposição de impostos no Brasil, em taxas como PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI geram 6,4% de impostos pagos cumulativamente, segundo estudos do MBC. Nos principais países concorrentes do Brasil no mercado internacional, assegura Gerdau, esse percentual é zero.
“Aqui sempre se encontra uma forma de arrancar dinheiro, em todas as cadeias, da produção ao consumo. Agora estamos trabalhando junto ao Ministério da Economia sobre o tema, e assusta a dimensão da tarefa a ser feita”, diz Gerdau.
Também no debate on line da Sergs, Heinze destacou a necessidade de investimentos logísticos e também estímulos para que a própria iniciativa privada o faça. Heinz vem defendendo, por exemplo, a criação de um porto privado em Arroio do Sal, no Litoral Norte do Estado.
“Santa Catarina tem sete portos. Não podemos ter dois? Muitas empresas gaúchas, por questão de custo, exportam por Santa Catarina. Um porto no Litoral Norte não iria contra o de Rio Grande, mas a favor do setor metalmecânico e calçadista, entre outros”, avalia Heinze.
Para Uebel, é o excesso de servidores um dos entraves a serem enfrentados. Segundo ele, esse fator consome o equivalente a 14% do PIB nacional. Em nações com as quais o Brasil compete globalmente em mercados de exportação, esse indicador fica até abaixo de 8,5%.
“O Estado ingressa demasiadamente no setor privado, quer atuar como empresa e assume um papel que não deveria ter. E, para isso, cria cargos, gasta com equipamentos e servidores que vão ter um custo nos cofres por 60 anos, em alguns casos, se levarmos em conta aposentadorias e pensões pagas após sua morte”, alega Uebel.
Já Lima, que por muitos anos foi executivo de companhias como a BRF, ponderou que falta conhecimentos de ambos os lados, privado e público, sobre as atividades exercidas por cada um e seus respectivos funcionamentos.
“Assim como o governo dita normas sem conhecer o setor privado, o setor privado só enxerga algumas coisas olhando para o próprio umbigo”, afirmou o CEO do Projeto de Redução do Custo Brasil do Ministério da Economia.
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