Se não tiver a pandemia, 2021 promete. Este foi o recado da direção da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado (FCDL-RS) e da assessoria econômica da entidade ao apresentar a projeção de desempenho da economia para o próximo ano. A FCDL-RS aposta em avanço entre 4,5% e 7% no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho para o próximo ano.
A margem é um pouco mais elástica e promissora na atividade do Rio Grande do Sul do que no cenário nacional. O desempenho do PIB brasileiro é indicado para variar entre 4% a 6,5%. O economista e consultor da área para a entidade, Eduardo Starosta, admitiu até dificuldade para afinar a projeção devido aos impactos da pandemia.
"Por isso, a maior amplitude devido a bases mais complicadas", disse Starosta, sobre o exercício para encontrar a medida e bases adequadas para fazer a projeção. "O mundo virou de ponta cabeça. Este é o melhor diagnóstico." As vendas do varejo, foco do setor, devem ter alta entre 5% e 8%. No País, o segmento ficaria entre 4,5% e 7%.
Parte da influência dos números de 2021, vem da evolução e uma recuperação ainda incompleta do setor em 2020. Mesmo com a elevação das vendas do varejo nos meses recentes, a federação espera que o ano se encerre com queda de 3,6% no PIB do comércio no Estado.
Já o indicador geral deve fechar com redução de 6,09%, maior que o nacional, de 4,53%. A economia gaúcha sofrerá mais com as perdas na agropecuária do que com os efeitos da pandemia, sinaliza Starosta.
O presidente da FCDL-RS, Vitor Koch, frisou que o prognóstico vai depender ainda das ações a partir da evolução da pandemia, com o recente recrudescimento de casos e restrições. "A segunda leva das medidas adotadas foram mais flexíveis, não atingem tanto o varejo", disse Koch, em tom de alívio.
Já em relação à gestão da crise sanitária, o dirigente não poupou críticas ao governo estadual, lamentando que a entidade não pôde participar e ser ouvida sobre o andamento do combate ao novo coronavírus e alternativas que não atingissem ou fechassem as atividades econômicas, com exceção dos supermercados e do varejo de materiais de construção, que não interromperam a operação e ostentam números positivos nas vendas.
"Poderíamos ter conversado e planejado juntos, sem cercear a liberdade econômica. Hoje há dificuldades de reposição de produtos, porque a indústria não consegue atender ao varejo", observa o presidente da federação.
Em outra frente, que é da possibilidade de manutenção das atuais alíquotas do ICMS, com validade que se encerra em dezembro, Koch fez apelo para que o
governador Eduardo Leite desista dos projetos que mantêm 30% para energia, combustíveis e telecomunicações até 2024 - voltando a 25% em 2025, e 18% em 2021, recuando a 17% em 2022.
"Não adianta fazer aumento da carga sem antes fazer a reforma administrativa. Reconhecemos as dificuldades de caixa do governador, mas defendemos outros caminhos", ponderou o dirigente, que em seguida admitiu.
"Como se faz isso? Se tivesse a fórmula, venderia ou me candidataria. Só sei que precisa reduzir o tamanho da máquina", indicou Koch, defendeu que "precisa urgentemente desonerar o custo de fabricação".
Mesmo diante de respostas do governo de que já fez a reforma administrativa possível - não há como reduzir devido ao peso do Magistério e área da segurança pública, a da previdência e prepara a venda de estatais, o presidente da FCDL-RS cobra mais rapidez na privatização, por exemplo.
"Sabemos do grande problema que é fazer gestão. Não é porque não me recebe que deixo de ver os méritos do governador, um deles de habilidade politica", rende-se Koch, no desfecho da coletiva virtual de fim de ano.