Após duas sessões de ajuste, uma combinação de fatores domésticos e externos contribuiu para que o Ibovespa encerrasse a semana passada em tom positivo. O reconhecimento pela China da vitória de Joe Biden na eleição americana e sinais de que o atual presidente, Donald Trump, está a ponto de reconhecer a derrota mantiveram Wall Street em alta, acentuada à tarde.
Além disso, o sentimento favorável se ancorou em reiteração do compromisso do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o teto de gastos, após comentários dele no dia anterior, sobre a possibilidade de prorrogação do auxílio emergencial na eventualidade de segunda onda de Covid-19 no País, terem sido mal recebidos pelo mercado.
Em alta de 2,16% no fechamento desta sexta-feira, aos 104.723 pontos, o Ibovespa acumulou ganho de 3,76% na semana, estendendo o do mês a 11,46% e limitando as perdas do ano a 9,44%. O giro financeiro totalizou R$ 30 bilhões na sessão. "O mercado ainda está anestesiado pelo efeito Biden e, na B3, o desempenho positivo das ações de bancos, pelo peso que possuem no índice, assegurou dinamismo ao Ibovespa. O viés é positivo, mas sujeito a correções, na medida em que a questão fiscal ainda pode atrapalhar. Guedes precisará saber jogar com o Congresso", diz Marcio Gomes, analista da Necton Investimentos.
No exterior, a saída de cena de Donald Trump em 20 de janeiro parece ter começado a ser construída nesta sexta-feira com a retirada, pelos advogados da campanha republicana, de ação judicial que questionava a votação no Arizona, concluída conforme se projetava com vitória de Biden.
O dólar encerrou a semana acumulando alta de 1,5%, devolvendo parte da queda da semana anterior, quando recuou 6%. Os últimos dias foram marcados por forte volatilidade no mercado de câmbio e pela volta ao radar das preocupações fiscais com o Brasil, após uma trégua em meio às eleições americanas.
As principais dúvidas dos investidores sobre o orçamento brasileiro continuam sem resposta, sendo a principal delas como o governo pretende financiar seus programas sociais em 2021. O dólar à vista, após novo dia volátil, encerrou a semana em R$ 5,4756.
Para o gerente de tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini, após a forte queda da semana passada e a cair a R$ 5,22, era esperado um ajuste no câmbio. "Houve exagero", disse ele. Pellegrini comenta que o crescimento acelerado dos casos de covid na Europa e Estados Unidos voltou a preocupar, depois de ficar em segundo plano em meio à apuração da eleição americana.
No Brasil, Pellegrini ressalta que o principal foco dos investidores segue na agenda fiscal do governo, ainda sem respostas. "As reformas não andam", destaca ele.
A sexta-feira 13 foi de queda para os juros futuros. O alívio de prêmios foi conduzido pelo bom humor no exterior, principalmente via câmbio, e também pelas declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, em defesa da austeridade fiscal e do teto de gastos.