Os juros futuros fecharam a quinta-feira em queda até os vencimentos intermediários, enquanto os longos encerram perto da estabilidade. A curva aprofundou o nível de inclinação à tarde, quando as taxas curtas ampliaram o recuo indo às mínimas, alinhadas à melhora de apetite por ativos de risco no exterior e repercutindo positivamente a defesa da austeridade fiscal, das reformas e da agenda de privatização do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta em audiência pública no Congresso.
Diante do reforço do forward guidance feito pelos diretores no comunicado, as apostas para alta da Selic nas reuniões de dezembro e janeiro perderam força, segundo a precificação da curva, mas seguem majoritárias.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022, o mais líquido, terminou com taxa de 3,43%, de 3,516% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2023 caiu de 5,036% para 4,97% e a do DI para janeiro de 2025 fechou em 6,71%, de 6,705% na quarta. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 7,50%, de 7,474% na quarta.
Após o Copom sustentar no comunicado que ainda vê "espaço remanescente" para um novo ajuste da Selic, para a surpresa de boa parte dos analistas, o prêmio de risco para um aperto na taxa básica na reunião de dezembro e janeiro caiu.
Somado a isso, houve a confirmação de que as condições para o forward guidance, que indica manutenção da Selic no nível atual por um longo período, seguem satisfeitas.
Segundo o Haitong Banco de Investimento, a curva projetava até a quarta 52 pontos-base de alta para a Selic em dezembro e janeiro e, nesta quinta, 43 pontos. Considerando somente dezembro, a probabilidade de alta de 0,25 ponto porcentual na taxa básica na próxima reunião caiu de 73% para 65%. Para janeiro, a precificação aponta 10% de chance de avanço de 0,50 ponto e 90% de chance de alta de 0,25 ponto.
Por mais que o comunicado possa ter causado estranheza a alguns, o operador de renda fixa da Terra Investimentos, Paulo Nepomuceno, diz que "o que vale é a visão do BC". "Já no primeiro parágrafo, o Copom diz que o cenário é benigno para emergentes, o que, de certa maneira, é verdade se os lockdowns forem se confirmando. O mercado pode receber outra enxurrada de dinheiro", disse, lembrando ainda que o Copom reiterou que considera como algo transitório o choque recente de preços.
Por aqui, o mercado gostou de ver Guedes defendendo a disciplina fiscal, as reformas e a autonomia do BC, em audiência na Comissão Mista do Congresso. Disse que não haverá por parte do governo "irresponsabilidade fiscal" e que o governo já está se programando para que, no próximo ano, não se encontre numa situação de dificuldade em relação à rolagem da dívida.