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Economia

- Publicada em 28 de Outubro de 2020 às 10:09

Retomada econômica no RS ainda está cheia de incertezas

Indústria e arrecadação de impostos mostram melhora das atividades, mas mercado de trabalho e cautela do consumidor freiam a recuperação

Indústria e arrecadação de impostos mostram melhora das atividades, mas mercado de trabalho e cautela do consumidor freiam a recuperação


MARCO QUINTANA/JC
O Rio Grande do Sul já dá sinais de uma retomada após os efeitos mais fortes da crise causada pelas medidas de combate à Covid-19. Os principais indicadores econômicos, especialmente da indústria e arrecadação de impostos, apontam para melhora da atividade econômica a partir do terceiro trimestre do ano. No entanto, o mercado de trabalho e cautela do consumidor colocam um freio nessa recuperação. A velocidade e o tamanho da recuperação ainda estão repletos de incertezas, dependendo do comportamento local e global da pandemia, dos desempenhos futuros das economias brasileira e mundial.
O Rio Grande do Sul já dá sinais de uma retomada após os efeitos mais fortes da crise causada pelas medidas de combate à Covid-19. Os principais indicadores econômicos, especialmente da indústria e arrecadação de impostos, apontam para melhora da atividade econômica a partir do terceiro trimestre do ano. No entanto, o mercado de trabalho e cautela do consumidor colocam um freio nessa recuperação. A velocidade e o tamanho da recuperação ainda estão repletos de incertezas, dependendo do comportamento local e global da pandemia, dos desempenhos futuros das economias brasileira e mundial.
A análise integra o Boletim de Conjuntura, divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). O documento avalia dados recentes do desempenho da indústria de transformação, do comércio varejista e da arrecadação de ICMS no Rio Grande do Sul.
O boletim, produzido pelos pesquisadores Martinho Lazzari, Tomás Torezani e Fernando Cruz, que produziram o boletim, destaca que o Rio Grande do Sul apresentou uma queda acentuada de 17,1% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. A redução da economia gaúcha, que foi maior do que a nacional na mesma comparação (-11,4%), foi agravada pelo choque da estiagem que afetou as lavouras de verão e reduziu a colheita de grãos. Enquanto o Brasil teve na agropecuária o único setor com dados positivos no segundo trimestre (com aumento de 1,2% no PIB setorial), o Rio Grande do Sul amargou uma queda abrupta de 39,4% no agronegócio no mesmo período.
No entanto, dados mais recentes indicam uma recuperação da produção industrial e do comércio varejista, assim como da arrecadação de ICMS, um indicativo da melhora do ambiente econômico.No caso do recolhimento de ICMS,houve queda de3,1% entre janeiro e setembro. No entanto, em agosto e setembro, houve crescimento em relação aos mesmos meses de 2019.
Segundo os pesquisadores, as perdas verificadas no primeiro semestre deverão ser parcialmente compensadas com a recuperação no segundo semestre, de forma que, no acumulado do ano, a taxa de crescimento seja menos negativa do que foi nos primeiros seis meses de 2020.
O estudo aponta que a possibilidade de uma recuperação mais firme ainda enfrenta obstáculos. Pelo lado do consumo, as limitações estão relacionadas com a deterioração das condições do mercado de trabalho, com aumento da taxa de desemprego e queda da massa de rendimentos. Pelo lado do investimento, mesmo com o crescimento do nível de confiança dos empresários, os altos índices de capacidade ociosa no setor industrial devem impedir uma retomada do investimento, pelo menos no curto prazo.
"Para os próximos meses, as perspectivas para a economia gaúcha são de redução das perdas econômicas ocasionadas tanto pela estiagem quanto, principalmente, pela pandemia. Ainda pesarão, no entanto, questões como o fim ou redução do auxílio emergencial, a velocidade da recuperação do emprego e da renda, além da evolução da pandemia no Estado e no mundo", destaca o pesquisador Martinho Lazzari.
Indústria
No setor industrial, os últimos dados do Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI-RS) mostram o retorno do otimismo. Após despencar durante os meses de abril e maio, o indicador apresentou uma relativa recuperação nos meses seguintes. Em setembro, o índice alcançou o valor de 65,2 pontos (a variação é de 0 a 100, com valores acima de 50 indicando otimismo), reaproximando-se do valor de fevereiro, mês imediatamente anterior ao início dos efeitos da pandemia sobre a economia gaúcha. De acordo com o boletim, a elevação do índice deu-se pela melhora, na visão dos empresários, nas condições atuais da economia brasileira e das empresas. Também melhoraram as avaliações quanto às expectativas para os próximos seis meses.
Comércio e serviços
Pelo lado dos setores de comércio e serviços, os dados sobre a intenção de consumo das famílias gaúchas (ICF-RS) ainda sinalizam níveis de precaução em relação ao comprometimento do orçamento com o consumo. O indicador (que varia de 0 a 200 pontos, com valores acima de 100 indicando otimismo) apresentou queda ininterrupta entre março e setembro, quando alcançou o valor de 63,8 pontos, o mais baixo desde fevereiro de 2017
Segundo o boletim, os dados indicam que o consumidor, de maneira geral, permanece bastante cauteloso em relação ao consumo, frente ao aumento da insegurança em relação às condições de emprego e renda. As perspectivas relacionadas ao mercado de trabalho, que perdeu 490 mil pessoas ocupadas no segundo trimestre, permanecem pessimistas, e a proximidade do fim do auxílio emergencial não traz segurança para o aumento do consumo por parte das famílias.
Exportações
Além disso, as exportações gaúchas foram afetadas pela fraca demanda mundial, que foi reduzida devido aos efeitos da pandemia de Covid-19. Entre janeiro e setembro, as exportações gaúchas somaram US$ 10,921 bilhões, uma queda de 22,6% ante os US$ 14,104 bilhões do mesmo período de 2019. Dentre as atividades econômicas, as maiores quedas nas exportações ocorreram em celulose e papel, veículos automotores, produtos do fumo, produtos químicos e couros e calçados. Já entre os principais destinos, as maiores retrações foram para o Chile, Bélgica, Paraguai, Estados Unidos e Argentina.
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