Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Automóveis

- Publicada em 08 de Outubro de 2020 às 21:32

Venda de veículos bate recorde em setembro

Estado está em quinto lugar no número de emplacamentos no ano

Estado está em quinto lugar no número de emplacamentos no ano


LUIZA PRADO/JC
O emplacamento de veículos novos no Rio Grande do Sul em setembro cresceu 17,01% em comparação a agosto, atingindo o maior número do ano até o momento. Ao todo, 14.765 veículos zero quilômetro foram emplacados no Estado em setembro, superando até mesmo as vendas nos meses pré-pandemia - em janeiro foram 14.443, e fevereiro 12.481 unidades. Nacionalmente, o crescimento perante agosto foi de 9,55%. Os dados foram divulgados pela Fenabrave/Sincodiv-RS. 
O emplacamento de veículos novos no Rio Grande do Sul em setembro cresceu 17,01% em comparação a agosto, atingindo o maior número do ano até o momento. Ao todo, 14.765 veículos zero quilômetro foram emplacados no Estado em setembro, superando até mesmo as vendas nos meses pré-pandemia - em janeiro foram 14.443, e fevereiro 12.481 unidades. Nacionalmente, o crescimento perante agosto foi de 9,55%. Os dados foram divulgados pela Fenabrave/Sincodiv-RS. 
As vendas de automóveis tiveram crescimento de 23,17%, e as de veículos comerciais leves cresceram 23,83%. Outro segmento que teve alta em comparação a agosto foi o de caminhões, subindo 12,48%. Os dois únicos setores que tiveram queda comparado ao mês passado foram o de ônibus (-48,94%, de 94 para 48) e implementos rodoviários, como reboques e carrocerias (-8,24%, de 376 para 345).
Na comparação de janeiro a setembro deste ano com o mesmo período do ano passado, há uma queda de -28,08% nas vendas no Rio Grande do Sul. Em 2019 se registrou 140.597 emplacamentos, e neste ano foram 101.114. A perda é próxima da nacional no período, de -27,77%. No País, o Rio Grande do Sul está em quinto lugar no número de emplacamentos no ano, representando 4,7% do total desde janeiro. Na frente estão São Paulo (22,9%), Minas Gerais (15,7%), Paraná (6,4%) e Santa Catarina (4,7%).
De acordo com Paulo Siqueira, presidente da Fenabrave/Sincodiv-RS, a flexibilização das medidas restritivas em setembro permitiu o crescimento das vendas no mês. Segundo ele, os resultados atingidos pelo setor no mês indicam que é preciso "chamarmos a atenção das autoridades públicas gaúchas quanto à necessidade de se estabelecer meios e entendimentos para evitarmos o risco de nova paralisação de um setor com comprovada capacidade de alavancar a recuperação da economia do Rio Grande do Sul".
O Rio Grande do Sul teve o segundo melhor resultado proporcional entre os estados avaliados, perdendo apenas para Minas Gerais. Entretanto, de acordo com Siqueira, o crescimento mineiro é decorrente das vendas de automóveis e veículos comerciais leves efetuadas para locadoras, e não para um consumidor final.

Crise pode ensinar empresas a serem mais eficientes, acredita Paulo Siqueira

Empresário é o presidente da Fenabrave/Sincodiv-RS

Empresário é o presidente da Fenabrave/Sincodiv-RS


/Roberto Furtado/Divulgação/JC
Empresário com formação em Direito, Paulo Siqueira é o atual presidente da Fenabrave/Sincodiv-RS. Em entrevista, ele faz críticas à matriz tributária estadual e diz que as dificuldades criadas pela pandemia da Covid-19 podem servir de ensinamento para tornar as empresas de distribuição de veículos mais eficientes.
Jornal do Comércio - O ambiente de negócios no Brasil, por si só, já é complexo. Com a pandemia, empresas e empreendedores tiveram que lidar com um contexto momentaneamente caótico. Como o setor de distribuição de veículos emergirá dessa crise histórica?
Paulo Siqueira - Acreditamos que melhor. Claro que há um cenário de crise ainda a ser vencido, e que o fechamento compulsório das nossas lojas, por longo e desnecessário tempo, trouxe grandes perdas para as concessionárias. Mas, entendemos que os problemas e os desafios que temos vivenciado motivam uma profunda reavaliação de gestão, e que deste processo resultará maior eficiência para as empresas do nosso setor.
JC - Um dos efeitos da pandemia estão sendo as demissões generalizadas, em vários segmentos da economia. Há uma estimativa do número de demissões no setor de distribuição de veículos no Rio Grande do Sul?
Siqueira - Ainda é cedo para termos a dimensão final dos impactos da crise sobre os empregos. As vendas mensais de veículos têm dado sinais de recuperação, mas ainda estão longe dos patamares de 2019. Vai depender da evolução geral da política econômica, do grau de acesso a financiamento e da adoção de medidas tributárias necessárias à recuperação das empresas. As medidas do Governo Federal contribuíram muito para que o volume de dispensas fosse arrefecido, no entanto, estima-se uma perda de 30% em vagas de trabalho, mas que poderão ser recuperadas.
JC - O que a Fenabrave/Sincodiv acredita que deveria ser feito pelos governos para uma retomada econômica mais rápida e sustentável no País?
Siqueira - Poderia começar com os governos Federal, Estadual e os Municipais não repetindo a prática usual de tentar resolver seus problemas de déficit de orçamento através do aumento de tributos. E entenderem a importância de fornecer "oxigênio" para as empresas, através da desoneração da carga fiscal; criar linhas de crédito para capital de giro e financiamento, provendo maior liquidez à economia; e estabelecer uma base sólida e estável de regras sobre a qual as empresas possam reconstruir seus negócios. No Rio Grande do Sul, especialmente, urge uma adequação do ICMS para o nosso segmento, o que, por si só, já dará um impulso muito grande nas vendas, ao ponto de retomarmos posições perdidas no ranking nacional, nos últimos anos, para estados com menor potencial do que o gaúcho, contribuindo, inclusive, para o tão almejado aumento da arrecadação. No nosso caso, menos tributo é mais arrecadação. No contexto atual, estimamos um perda de faturamento próxima a 1,6 bilhão/ano e cerca de 100 milhões/ano em impostos no Rio Grande do Sul.
JC - Para não focar apenas nos impactos negativos, especialistas têm sustentado que a pandemia poderá promover um resgate do automóvel como meio de locomoção individual, por ser mais seguro com relação à saúde pessoal ao manter seu usuário livre das aglomerações do transporte público. Segundo esses analistas, isso poderá reverter em um aumento nas vendas de veículos. O senhor concorda com essa análise?
Siqueira - Há 100 anos, o automóvel tem um lugar especial na vida das pessoas e, como toda paixão, esta relação registrou ao longo desse tempo momentos de maior ou menor intensidade. A crise da pandemia tem trazido reflexão sobre valores, prioridades e objetivos na vida. Dentre eles, muito tem se percebido quanto à importância da qualidade de vida, autonomia e da mobilidade. Três atributos que se encaixam perfeitamente como descrição sobre vantagens, apelos e razões de se comprar um automóvel. Acreditamos que mesmo com avanços nos sistemas de transportes urbanos e das comodidades do uso de aplicativos, um carro terá sempre um lugar especial para as pessoas. Seja para os jovens em sua instintiva busca de novos horizontes, seja para as famílias terem maior comodidade para seus momentos de lazer.
JC - Outro desdobramento que pode ser considerado positivo é a digitalização das operações, em especial daquelas atividades ligadas à jornada de compra do cliente. Como e quando esse processo de digitalização pode ser positivo para as empresas e para o consumidor?
Siqueira - Certamente muitas das ferramentas e práticas adotadas pelas empresas para enfrentar as restrições das políticas de isolamento e a mudanças de mercado dos últimos meses vieram para ficar, e serão incorporadas ao dia-a-dia do "novo normal". Tudo que envolve rotinas, burocracias e acesso às informações passará a ter processos mais rápidos e eficientes, e permitirá uma maior gama e qualidade de serviços aos clientes. Contudo, no caso do comércio de veículos, principalmente de automóveis e motocicletas, mesmo sendo cada vez mais intensos e amplos, há um limite para uma total implantação dos processos digitalizados. São produtos com apelos especiais para o consumidor, com um forte componente emocional de desejo e realização. Portanto, visitar um salão de vendas para ver, tocar e poder sentir um automóvel ainda deverá ser um importante fator para a decisão de compra.
JC - Como a Fenabrave/Sincodiv projeta o futuro próximo do mercado de veículos no Rio Grande do Sul?
Siqueira - Quando assumimos a gestão da entidade, adotamos o lema "Mais União, Mais Solução" para traduzir a importância de agregarmos experiências e forças para encontrar soluções para um setor que registra anos de perdas e retração de vendas, resultantes de uma recessão associada à anacrônica política tributária do Estado, que onera as concessionárias com a maior incidência de ICMS frente a outros estados. Portanto, após o esforço do Sincodiv-Fenabrave em levar às autoridades públicas razões que permitiram a gradual liberação das atividades das concessionárias, agora nosso principal objetivo se concentra na urgente necessidade de estabelecermos uma carga tributária mais justa. De forma a por fim aos atuais desequilíbrios de mercado, capazes de gerar distorções como Santa Catarina vender mais veículos do que o Rio Grande do Sul, apesar de ter quase metade da população gaúcha. Ou, ainda, perdas acumuladas de mais de R$ 4 bilhões, desde 2015, em receitas no segmento de vendas diretas, que migraram para os estados que sediam as maiores locadoras de veículos.