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Varejo

- Publicada em 05 de Outubro de 2020 às 03:00

Modelo 'porta a porta' dribla crise em meio à pandemia

Brasil é o sexto maior mercado mundial do segmento, com faturamento anual de R$ 45 bilhões

Brasil é o sexto maior mercado mundial do segmento, com faturamento anual de R$ 45 bilhões


/MATEUS BRUXEL/ARQUIVO/JC
O segmento de vendas diretas, também conhecido como porta a porta, se adaptou rapidamente à nova realidade imposta pela pandemia de Covid-19 no Brasil. Em julho, o resultado do trabalho de 4 milhões de pessoas que vivem do modelo superou em 38,9% os números registrados no mesmo período de 2019. No acumulado do semestre, o crescimento girou em torno de 3% quando comparado aos seis primeiros meses do ano passado. Com isso, o setor foi um dos poucos do comércio a registrar crescimento no período.
O segmento de vendas diretas, também conhecido como porta a porta, se adaptou rapidamente à nova realidade imposta pela pandemia de Covid-19 no Brasil. Em julho, o resultado do trabalho de 4 milhões de pessoas que vivem do modelo superou em 38,9% os números registrados no mesmo período de 2019. No acumulado do semestre, o crescimento girou em torno de 3% quando comparado aos seis primeiros meses do ano passado. Com isso, o setor foi um dos poucos do comércio a registrar crescimento no período.
De acordo com a presidente executiva da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (AbeVD), Adriana Colloca, a digitalização já estava em curso no setor, mas foi acelerada. A necessidade de isolamento social levou representantes das marcas a divulgarem os produtos pelas mídias sociais, aplicativos e internet, o que garantiu um "desempenho muito bom" nos últimos meses. "O segmento continua a ser uma excelente opção de empreendedorismo, especialmente para aqueles que ficaram sem emprego ou perderam suas rendas".
Segundo levantamento recente da entidade, o número de revendedores teve um salto de 21% na comparação entre os meses de julho de 2019 e 2020.
De acordo ela, o novo modelo também tem garantido que a população continue a ter acesso aos produtos, respeitando os protocolos recomendados por órgãos de saúde para conter o avanço do novo coronavírus. "Com o isolamento social, as pessoas precisaram de produtos que fossem entregues em casa com toda a conveniência e comodidade", observa Adriana.
Segundo a presidente da entidade, a maior parte das categorias ampliou as vendas. "Observamos que as vitaminas e suplementos tiveram resultados muito bons", ressalta a presidente da AbeVD. Utensílios domésticos, objetos para o lar e cuidados pessoais também foram destaque. "A categoria de roupas e vestuários foi a que menos cresceu", pondera a dirigente.
Dados da AbeVD mostram um momento bastante positivo para o setor de expansão e inovação. "Mais do que nunca, a venda direta é uma excelente opção de negócio para quem quer empreender e precisa de uma renda adicional, com baixo risco e baixo custo de entrada", reforça Adriana. "Já vínhamos incentivando a força de vendas para o uso de ferramentas digitais. Com a possibilidade de ser feita de forma online, rompemos a barreira geográfica."
Com a possibilidade do relacionamento de vendas acontecer online, o segmento tem experimentado a conquista de novos consumidores e uma maior divulgação dos produtos. "É o que chamamos de Social Selling - a venda direta acompanhando as tendências da sociedade e das relações em geral", observa Adriana. "Se as relações estão cada vez mais digitais, a venda direta segue esse caminho."

Mais de 50% das vendas ocorreram por meios digitais

Modelo deve se somar às vendas presenciais

Modelo deve se somar às vendas presenciais


AFAGEN VIA VISUALHUNT/DIVULGAÇÃO/JC
Apesar do momento difícil da economia brasileira, a presidente da AbeVD afirma que o segmento de vendas diretas tem perspectivas positivas para o segundo semestre. "O consumidor sempre continuará optando por comodidade, conveniência, atendimento diferenciado e produtos de qualidade", avalia Adriana Colloca. A era da digitalização veio para ficar, afirma a dirigente. No pós-pandemia, o novo modelo deve se somar às vendas presenciais.
De acordo com pesquisa realizada pela AbeVD, as vendas diretas tiveram engajamento de 20,6% na internet, 18% no WhatsApp e 14,9% nas mídias sociais. Ou seja, mais de 50% das vendas realizadas pelos empreendedores independentes ocorrem em meio digital. O WhatsApp é a ferramenta mais utilizada de comunicação com os clientes.
Já as redes sociais, além de atuarem como canal de vendas, também estabelecem o contato e o relacionamento com o cliente, já que as relações pessoais estão no centro do negócio, o que também viabiliza a utilização do canal da venda direta como preferência na aquisição de um produto em vez de ir a um centro de compras.
O processo de digitalização do setor ocorreu por meio da otimização de processos, convergindo para determinadas ferramentas digitais que ofereçam tecnologia e auxiliem os empreendedores em suas funções, como plataformas de treinamento, kits de materiais de comunicação, atendimento individual e especializado que atendam às necessidades de diferentes perfis de empreendedores.
Um esforço também bastante comum é o dos empreendedores independentes, que utilizam suas próprias mídias sociais para gravarem vídeos, outros para enviar informações pelo WhatsApp, fazendo demonstração, explicando suas funcionalidades e dando dicas. "Assim, alcançam maior escala de vendas reforçando o empreendedorismo da rede", aponta a presidente da AbeVD.

Natura investe R$ 400 milhões em transformação tecnológica

Tipo de comércio muito popular no Brasil, em especial no ramo de cosméticos, onde atuam marcas como Natura, Avon, O Boticário e Mary Kay, a venda direta está dando um exemplo de resiliência, onde as empresas optaram por outros caminhos para seguir com as atividades.
De acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Venda Direta (AbeVD), o Brasil é líder do segmento na América Latina, e sexto maior mercado de vendas do diretas no mundo - tendo movimentado R$ 45 bilhões em 2019. Este ano, em uma das maiores empresas do ramo, a Natura, o crescimento recorde das vendas digitais e do e-commerce colaborou com a expansão de 7,9% da marca no Brasil.
Segundo balanço da empresa, o desempenho da Natura registrou avanço no primeiro trimestre, com queda de 23,5% em abril, aumento de 23,6% em junho, e crescimento de 29,4% em julho. De acordo com o presidente executivo do Conselho de Administração e CEO da Natura&CO, Roberto Marques, os "esforços" para acelerar a transformação digital permitiram à empresa compensar (em grande parte) o fechamento de lojas e assegurar a continuidade dos negócios. Por conta do isolamento social necessário para conter o avanço do novo coronavírus, 90% das revendedoras passaram a usar ferramentas digitais. O recorde das vendas digitais motivou o Grupo Natura&Co a investir R$ 400 milhões para acelerar a transformação tecnológica da empresa.
"Especialistas do setor acreditam que, com a digitalização, a venda direta é uma tendência que chegou para ficar porque se mostra como uma excelente oportunidade, já que é democrática e acessível", comenta a presidente executiva da AbeVD, Adriana Colloca. Ela destaca que o digital desburocratiza e facilita o acesso e a venda de produtos e serviços, se configurando como uma oportunidade de "experimentar, de forma moderna, uma atuação que vem ganhando destaque por estar alinhada ao futuro".