Sem muita convicção, os mercados internacionais tentam esboçar ânimo nesta terça-feira após a tensão da véspera, quando as bolsas caíram mundo afora, levando o Ibovespa a ceder 1,32%, para os 96.990,72 pontos. A preocupação em relação à retomada mundial continua ecoando e sendo limitador de ganhos nas bolsas, diante de renovados temores com uma segunda onda de Covid-19 especialmente na Europa. Às 11h26min, o Ibovespa voltava a testar queda, de 0,17%, aos 96.821,22 pontos, após máxima aos 97.684,16 pontos e mínima aos 96.811,61 pontos. Em Nova Iorque, as bolsas retomavam as altas entre 0,19% e 0,52%.
Até mesmo no Brasil, a
ata do Copom da semana passada, quando a Selic foi mantida em 2,00% ao ano, ressaltou que a imprevisibilidade e os riscos associados à evolução da pandemia de Covid-19 no Brasil podem levar a uma recuperação "ainda mais gradual" da economia. Com isso, as pressões desinflacionárias devem ter duração maior. Neste sentido, reforça, segundo economistas, a expectativa de juro inalterado por um bom tempo.
Para o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, alguns fatores contribuem com essa visão de manutenção da taxa. "Dada a recuperação desigual da atividade, seria necessário certo estímulo continuado, o que faz com que a Selic fique baixa. No entanto, o colegiado do BC entende que o nível de juros atual já está próximo do limite de baixa uma vez que cortes adicionais poderiam criar volatilidade dos ativos. É um empate técnico por assim dizer entre estes dois fatores", observa em análise enviada a clientes e à imprensa.
O mercado agora espera o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, que falará no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes. Segundo o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada, os mercados devem avaliar o tom do discurso de Powell, entre as promessas de manutenção dos estímulos pelo tempo necessário e a percepção sobre o andamento da retomada. Recentemente, lembra Campos Neto, o próprio presidente do Fed apontou incertezas sobre o ritmo da recuperação daqui para frente, algo corroborado por dados abaixo do esperado da indústria e varejo.
Além da instabilidade externa, a queda do minério de ferro, negociado no porto chinês de Qingadao, de 2,10%, a US$ 117,30 a tonelada hoje, inibe recuperação firme do Ibovespa. As ações da Vale ON cediam, 0,23%. Na direção oposta, os contratos futuros do petróleo avançam, permitindo valorização em torno de 0,50% das ações da Petrobras. A estatal ainda fica no foco do investidor após confirmar que a Ultrapar Participações, um consórcio liderado pela Raízen e a China Petroleum & Chemical Corporation (Sinopec) estão entre os participantes da etapa vinculante para aquisição da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar).