Unindo um gerador de vapor de peróxido de hidrogênio (utilizado na esterilização de hospitais, por exemplo), a tecnologia UVGI (radiação germicida ultravioleta), renovação constante do ar - em um conjunto total de 62 medidas - o empresário Edson Dutra acredita ter desenvolvido um sistema que permitiria a volta da vida noturna na Capital. Com um investimento de R$ 50 mil, o Fever Club, localizado no bairro Moinhos de Vento, na Capital, quer voltar a receber seu público e servir como referência para outras empresas e espaços culturais.
Em um modelo de segurança sanitária que vai muito além do álcool em gel, da máscara e do distanciamento entre as pessoas, Dutra defende que a casa noturna com capacidade para 900 pessoas pode, sim, voltar a operar. A proposta é de ocupar 25% da capacidade, ter sistemas eletrônicos que evitam até mesmo abrir portas com a mão e uso apenas de meio de pagamento digitais, como QR Code. Soma-se a isso a delimitação de áreas de distanciamento na pista, camarotes, utensílios descartáveis e um sistema desenvolvido em parceria com a Bioseta Inteligência Ambiental, detalha o empresário.
“Isso tudo pode servir como modelo e referência inclusive para a retomada segura de eventos culturais, como cinema, teatro e shows. Apresentei o projeto para a prefeitura e ao governo do Estado, mas não tive retorno. Não descartamos a possibilidade de buscar na Justiça o direito de retomar as atividades, dado o alto nível de segurança que alcançamos com este projeto”, diz Dutra.
O sistema, que poderia entrar em operação neste momento, assegura Dutra, contou com a participação de uma engenheira química e um técnico da mesma área, uma bióloga, uma técnica em segurança do trabalho, um profissional da área da saúde e uma engenheira de produção. De acordo com o diretor executivo da Bioseta, Bruno Osório, o estudo contemplou todos os cenários de utilização possíveis dos espaços, layouts de acesso e fluxo de pessoas.
Empresário não descarta buscar na Justiça autorização para reabrir a casa. Foto: Marcello Campos/JC
Dutra explica que além dos sistemas de segurança sanitária inovadores, há um conjunto extenso de regras de uso do local e horários reduzidos de operação. Com tudo isso, ele espera poder voltar a agitar as noites de Porto Alegre. Mas não acredita que isso viria a ocorrer, de forma ampla, ainda neste ano, mesmo que recorra a uma liminar judicial para poder reabrir a casa.
“Eu não creio que, por conta própria, essa liberação por parte dos governos saia antes de março de 2021, quando se espera que uma vacina já tenha sido aplicada, o nível de contaminação esteja em queda e boa parte da população imunizada”, pondera Dutra.
As noites quentes do Fever Club, porém, seriam um pouco menos tórridas em tempos de pandemia. Ainda que avalie que o conjunto de medidas planejadas pela casa noturna seja, hoje, mais seguro do que o funcionamento de um restaurante, Dutra ressalta que o comportamento das pessoas, claro, seguirá fazendo a diferença.
“Com o estudo e o investimento já feito", destaca o empresário, o Fever Club poderia reabrir a qualquer momento, com segurança e horário reduzido. Mas claro que os clientes devem seguir regras que reduzam os riscos, como evitar a troca de fluídos. Ou seja, sem beijos entre estranhos.
“Mas é plenamente possível e seguro voltarmos a operar, sim”, assegura Dutra.
Saiba mais sobre o projeto
Boate abriu as portas em 2018
MARCELLO CAMPOS/DIVULGAÇÃO/JC
- Em busca de alternativas para uma reabertura segura, o Fever Club desenvolveu um estudo em parceria com a Bioseta Inteligência Ambiental, empresa que atua há mais de 30 anos na prestação de serviços relacionados à segurança sanitária, com atendimento especializado para o público corporativo e industrial, e que desenvolveu diferentes projetos durante esse período de pandemia, em indústrias alimentícias, hospitais e outros serviços essenciais.
- No desenvolvimento do estudo para o Fever Club, a Bioseta cruzou protocolos de vários segmentos e analisou normas técnicas e características de uso do local. Ao final do projeto, foi apresentado um conjunto de 62 protocolos para uma retomada segura das atividades da casa noturna.
- O estudo também serve de parâmetro para outros empreendimentos, não apenas do setor de entretenimento. Além das medidas de distanciamento e uso de álcool gel e máscaras já indicados pelos órgãos sanitários, o estudo recomendou uma série de adaptações para o funcionamento da casa, como a adoção de um sistema de desinfecção ativa
- Isso garantiria a qualidade do ar interior dos ambientes, combatendo qualquer inóculo infectante, inclusive por via de aerossóis. A tecnologia tem ação no ar e nas superfícies dos ambientes, com o intuito de combater bactérias, fungos e vírus, e não apresenta riscos à saúde humana.
- O Fever Club destaca que também já adotou tecnologia UVGI (radiação germicida ultravioleta), para a desinfecção de todo o seu sistema de ar condicionado.
Outros pontos sinalizados no estudo envolvem uso de cardápios eletrônicos e pagamento em sistema pré-pago, controle de acesso a banheiros, bem como a testagem dos colaboradores.
- A casa foi setorizada, tanto na pista quanto nos camarotes, com demarcação de distanciamento seguro na pista de 4m² por pessoa ou pequenos grupos de até 4 amigos.
Fonte: Fever Club