A Subcomissão da Reforma Tributária da Assembleia Legislativa recebeu nesta terça-feira (4), em sua terceira reunião virtual, lideranças da indústria para analisar os impactos da proposta do Poder Executivo de alteração da matriz tributária gaúcha. Na próxima quinta-feira (6), será a vez dos representantes do agronegócio apresentarem seus pontos de vista sobre a matéria, que será analisada pelo Parlamento gaúcho ainda neste semestre.
O relator da subcomissão, deputado Guiseppe Riesgo (Novo), afirmou que é preciso que a reforma tributária agregue competitividade às empresas e facilite o empreendedorismo. Ele receia que o projeto do governo leve o Estado em direção oposta, com perda de competitividade e manutenção da atual carga tributária. “Não gostaria de ver consolidada uma carga tributária, que deveria ser temporária. Outro aspecto que precisamos levar em conta é que a redução de despesas também é um objetivo a ser buscado”, ressaltou.
O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Thomaz Nunnenkamp, apontou diversos pontos positivos na proposta governamental. E, embora não acredite que as medidas elevem a carga tributária, sugeriu a adoção de um mecanismo de trava para evitar o avanço do ICMS na relação com o Produto Interno Bruto (PIB).
Apesar de reconhecer que alguns setores podem ser sobrecarregados, a chamada simplificação tributária, que extingue várias alíquotas de ICMS e mantém apenas duas (18% e 25%), é considerada um avanço pelo líder empresarial. Da mesma forma, ele encara o fim do imposto de fronteira, a redução da alíquota intracadeias (compras internas) para 12% e a diminuição do prazo para a utilização de créditos de ICMS. Outro aspecto elogiado por Nunnenkamp é a devolução de saldos credores de exportação. Segundo ele, a iniciativa do governo coloca na legislação o que já vem sendo decido em âmbito judicial.
O presidente da Associação brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas, Alexandre Jobim, também observa como sendo benéfica a simplificação, mas ressalta que algumas modificações vão aumentar a carga tributária para o segmento. “Teremos um grande impacto nos negócios, que irá gerar uma menor arrecadação para o governo, isso porque o volume de vendas vai cair”, pontuou.
Ao longo da reunião virtual, outros setores apresentaram suas visões sobre o tema. O vice-presidente do Sindicato da Indústria de Panificação, Arildo Oliveira, e o representante do Sindicato da Indústria do Mate, Jorge Birck, relataram os profundos impactos no preço final dos produtos com o aumento da tributação. “A elevação será desastrosa para o produtor da erva mate”, resumiu Birck.
Na mesma linha, o representante da Associação de Fabricantes de Refrigerantes do Brasil, Fernando Rodrigues, relatou que muitas empresas vão perder a competitividade no mercado com a elevação de impostos, tendo um prejuízo maior para os pequenos empreendedores. Ainda participaram da reunião o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, que reforçou para a necessidade de um debate mais amplo das mudanças tributárias, e o representante da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio para Bebidas (Abralatas), Guilherme Canielo, alertou para a importância de inserir o papel do meio debate na construção de políticas públicas.
O secretário-adjunto da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira, disse que o projeto do governo atende pleitos históricos do setor produtivo gaúcho, como a simplificação tributária. Ele afirmou ainda que o Executivo continua conversando com diversos setores para aprimorar a proposta e buscar alternativas para que não ocorra danos à competitividade das empresas.