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Agronegócios

- Publicada em 18 de Junho de 2020 às 21:36

Governo pretende realizar Expointer no fim de setembro

Nos 50 anos da feira, previsão é de rígidos protocolos em Esteio

Nos 50 anos da feira, previsão é de rígidos protocolos em Esteio


CLAITON DORNELLES /JC
O governo do Estado confirmou uma nova data para a realização da 43ª Expointer. Em anúncio feito pelo titular da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Covatti Filho, a feira foi transferida para o período entre 26 de setembro e 4 de outubro. Normalmente, a Expointer começa na última semana de agosto.
O governo do Estado confirmou uma nova data para a realização da 43ª Expointer. Em anúncio feito pelo titular da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Covatti Filho, a feira foi transferida para o período entre 26 de setembro e 4 de outubro. Normalmente, a Expointer começa na última semana de agosto.
Neste ano, o evento, que também comemora os 50 anos do Parque Estadual de Exposições Assis Brasil em Esteio, deve ocorrer com protocolos de segurança definidos pela Secretaria da Saúde, que estuda iniciativas como aferição de temperatura dos visitantes e túneis de desinfecção nos portões de entrada. "Tudo é possível, vamos trabalhar com todas as hipóteses e discutir todas a ações de proteção possíveis. Nosso trabalho é garantir segurança aos participantes e aos expositores", afirmou o titular da secretaria.
Em transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta quinta-feira, o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), informou que a alteração na data se deu com observância às normas impostas pela Secretaria da Saúde e foi ajustada com as entidades correalizadoras da feira. "A expectativa de adiamento de um mês foi para termos as condições de fazer uma feira que certamente será menor em público do que as passadas, porque terá rigoroso controle de acesso, será uma feira especialmente dedicada aos negócios", informou.
O governo estadual vem tratando a realização da feira como um marco para a retomada da economia do Rio Grande do Sul, abalada tanto pela pandemia da Covid-19 quanto pela estiagem, que prejudicou diversas culturas. Entretanto, apontou Leite, a Expointer "só vai acontecer se tivermos absoluta segurança de que não estaremos expondo as pessoas a um risco elevado de contágio ao coronavírus".
Algumas entidades do setor se posicionaram a favor da mudança de data, como a Associação Brasileira de Criadores de Devon (ABCDevon). Em nota, a associação afirmou que a preparação dos animais nas propriedades já começou e que, quando possível, o trabalho junto ao pavilhão de gado de corte no Parque Assis Brasil será iniciado pela entidade.
A presidente da ABCDevon, Simone Bianchini, disse que todas as orientações do governo estadual serão seguidas, "tanto os protocolos sanitários quanto as medidas de proteção e de comportamento social que venham a ser estipuladas", e que essas orientações serão repassadas para os produtores.

Farsul diz que realização da feira é motivo de preocupação

Gedeão sugere o cancelamento da feira

Gedeão sugere o cancelamento da feira


MARCO QUINTANA/JC
Para o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, a realização da Expointer no fim de setembro é motivo de preocupação, e não houve uma troca de ideias do governo com as entidades copromotoras. "Não fomos consultados para ajudar nesta decisão, e achamos muito temerária a ocorrência da Expointer em um ano de Covid-19, em que ainda não sabemos o futuro", salientou. "Estamos falando de uma possível aglomeração de pessoas, e, mesmo com todos os cuidados possíveis, me parece muito temerário", alerta o presidente da Farsul. 
Ele questiona que a mudança traz um problema adicional para os produtores rurais, que é a coincidência da nova data da feira com eventos importantes do setor no interior do Estado, nos quais os produtores rurais têm mais chance de fechar negócios. Conforme Gedeão, a Expointer funciona mais como uma vitrine.
O presidente da Farsul vai além e diz, ainda, que não acredita que a Expointer ocorra, mesmo com o adiamento. "Acho difícil que ela se realize, ainda mais nesse horizonte que estamos vivendo, e, caso se realize, com certeza será uma Expointer muito frágil", prevê, citando que atividades de grande porte foram canceladas mundo afora, desde os Jogos Olímpicos de Tóquio até a Agrishow, em Ribeirão Preto. A única certeza para ele é que, caso ocorra, será de maneira muito limitada. "Há muitas perguntas que não temos respostas, acho que o mais plausível seria o cancelamento puro e simples da Expointer", afirma.
Para o presidente da Farsul, as orientações devem vir da Secretaria da Saúde, caso a feira efetivamente aconteça. Entretanto, o cenário nebuloso impede que haja respostas claras sobre o procedimento a ser adotado. "É uma feira que recebe milhares de pessoas, como vai funcionar? Vai ser só os animais? As maquinas agrícolas junto? Eu não faço a menor ideia", finaliza.

Para Simers, produtor não vai adiar compra de máquina

Bier diz que tentará convencer as empresas a participarem

Bier diz que tentará convencer as empresas a participarem


MARIANA CARLESSO/JC
Os fabricantes de máquinas também estão céticos. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, como o plantio das lavouras de verão começa em outubro, as vendas na Expointer seriam prejudicadas com a nova data, uma vez que os produtores já teriam pesquisado e realizado aquisições de maquinário para a nova safra. "O agricultor não vai esperar pela feira para comprar máquinas. Se deixarmos para realizar vendas na Expointer, vamos perder um mês de receita", alerta Bier.
O presidente do Simers afirmou que o sindicato não foi consultado pelo governo gaúcho para a definição desta data. "O único contato que tive foi do secretário Covatti Filho, que me ligou há pouco mais de uma semana, quando me perguntou sobre a nossa data limite para fazer a feira. E eu disse que, se fosse fora de setembro, deixaria de ser interessante para o setor", destaca.
Segundo Bier, agora, o sindicato irá conversar com as empresas para convencê-las a participar da Expointer. No entanto, o dirigente alerta que as grandes fabricantes de máquinas já manifestaram ao Simers que dificilmente estarão presentes. "Não é um evento barato. É preciso montar estande, fabricar e transportar as máquinas expostas, trazer um departamento de vendas que tem que ficar em hotel, pagar alimentação e outros gastos. Ninguém vai arriscar esse investimento se não tiver perspectiva de vendas", explica.
As restrições para a circulação de pessoas que devem ser implantadas também preocupam Bier. "O grande comprador de máquinas na feira são os produtores, que vinham em excursões, muitas vezes de ônibus, para pesquisar e comprar máquinas. Esse pessoal virá com as restrições?", pergunta o presidente do Simers.

Fetag acredita que transferência da data é "prudente"

Joel diz que é preciso acompanhar comportamento da pandemia

Joel diz que é preciso acompanhar comportamento da pandemia


MARCELO G. RIBEIRO/JC
De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, o adiamento é uma decisão prudente. A entidade era contra uma redução drástica no tamanho do evento, que pudesse impedir o tradicional pavilhão da agricultura familiar. Na edição de 2019, o setor movimentou R$ 4,5 milhões durante os 10 dias de Expointer.
"Não vai ser uma Expointer normal como as outras", diz Joel, citando os cuidados maiores em relação ao número de pessoas, à logística da realização e ao distanciamento necessário dentro da própria feira. Agora, ele acredita que é importante observar o desenvolvimento do vírus nos próximos 30 dias para garantir a realização da Expointer. E, se ocorrer na nova data prevista, Joel diz que devem ser observadas regras estabelecidas pela Secretaria da Saúde. Entretanto, ele chama a atenção para a extensão desses cuidados e a pandemia. "A posição é que, se é para fazer com muita restrição, que não se faça", completa.