Empresas de diversos setores adotaram o home office como forma de conter a contaminação em meio à pandemia do novo coronavírus. A possibilidade, porém, não se aplicou aos trabalhadores informais, como motoristas de aplicativos e entregadores, que não puderam deixar de trabalhar durante a quarentena. As principais operadoras de apps lançaram medidas para amenizar as perdas, mas muitos trabalhadores não sabem ou têm dificuldade de consultar as modalidades de auxílio. Para orientar esse grupo, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) lançou uma cartilha que lista direitos e benefícios oferecidos pelas principais empresas.
O guia foi elaborado para ser acessado no próprio celular (
clique aqui para visualizar). Ele informa de maneira simples e didática os recursos oferecidos em cada plataforma. A ideia é concentrar em um só canal um meio por onde buscar as informações. Uma página do projeto no Instagram (
@app_seguro) traz orientações adicionais aos trabalhadores.
"Existe uma desinformação muito grande. São trabalhadores que usam diferentes plataformas e que muitas vezes não têm tempo para se informar", explica Fabiano Fritzen, professor da Faculdade de Administração da UFPel e coordenador do projeto.
A iniciativa foi desenvolvida em parceria pelos projetos "APP Seguro", da Faculdade de Administração e de Turismo, e "O Direito de Olho no Social", da Faculdade de Direito. O material continua sendo atualizado à medida que as empresas alteram as políticas de auxílio, como tem ocorrido no decorrer da pandemia.
As opções oferecidas pelas empresas vão de distribuição de máscaras de proteção e álcool em gel a auxílio financeiro para motoristas infectados pelo vírus ou que sejam do grupo de risco. As medidas variam de cada empresa, mas, no geral, mostram ajuda desigual entre trabalhadores que atuam nas capitais e no Interior.
"As plataformas demoraram pra oferecer algum tipo de socorro e, ainda assim, algumas delas estão oferecendo muito pouco. Álcool em gel e máscara são o mínimo para que se consiga continuar trabalhando", avalia Fritzen.
A
taxa de informalidade no Brasil chegou a 38,8% da população ocupada, segundo a última PNAD Contínua divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A parcela representou, em abril, um contingente de 34,6 milhões de trabalhadores informais. Com o crescimento da informalidade, o segmento que opera por aplicativos cresceu muito e a concorrência também.
"Já são trabalhadores que sofrem com um tarifário muito baixo e, agora, tem ainda mais gente na rua fazendo o mesmo. O impacto disso é a queda na renda individual e familiar. Não é uma situação boa para essa categoria", alerta o pesquisador.