Com a resistência do governo em ampliar o programa que permite o corte de jornada e de salário, o relator da proposta, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), admite que sua ideia de elevar o benefício do trabalhador a até três salários-mínimos (R$ 3.135,00) deve ser suavizada. Ele deverá buscar, portanto, consenso em um patamar intermediário, provavelmente na faixa de 2,5 salários-mínimos (R$ 2.612,50). Hoje, o programa paga até o teto do seguro-desemprego (R$ 1.813,00). Ou seja, quando o salário é até esse valor, o governo repõe toda a perda salarial durante o período do corte de jornada ou de suspensão de contrato.
Ao elevar esse limite, o relator amplia a faixa salarial com compensação integral a ser pega pelo governo, expandindo as despesas públicas, apesar de o ministro Paulo Guedes (Economia) tentar evitar a explosão de aumento de gastos neste ano. Pelas regras em vigor, a estimativa é que o programa custe R$ 51 bilhões.
"Admito uma proposta intermediária (para a ampliação do benefício), mas o governo está intransigente", disse o deputado, diante da resistência da equipe econômica à ideia de subir o valor máximo para três salários-mínimos. A votação da MP trabalhista deve ocorrer apenas na próxima semana. Com o objetivo de evitar demissões em massa, Guedes lançou um programa para que patrões possam reduzir a jornada de funcionários, com corte proporcional no salário.