A possibilidade de contar com o auxílio emergencial oferecido pelo governo federal aos trabalhadores prejudicados pela pandemia da Covid-19 tem feito sobrar vagas de emprego nas agência de recrutamento. Em Porto Alegre, uma empresa chegou a registrar 15% de desistência de candidatos na disputa por uma das vagas oferecidas.
Segundo a agência de empregos WE CAN BR, uma das principais barreiras para o preenchimento das vagas tem sido justamente o auxílio emergencial de R$ 600,00, que faz com que os candidatos não aceitem as vagas oferecidas ou desistam das contratações. Recentemente, segundo a empresa, 15% de 196 candidatos desistiram de concorrer a uma vaga, por conta do benefício. "Temos vagas operacionais de meio-turno, com salário médio de R$ 700,00, mas as pessoas não aceitam em função do auxílio do governo", explica Flávio dos Santos, diretor-executivo da recrutadora.
Segundo ele, os candidatos às vagas argumentam que preferem receber um valor um pouco menor, sem precisar trabalhar. A dificuldade em preencher as vagas também ocorre para os trabalhos mais qualificados. Na agência, das 146 oportunidades para as mais diversas funções oferecidas no Estado, 31% delas estão em reposição, ou seja, candidatos assinaram a carteira de trabalho e desistiram da vaga logo no primeiro dia.
"As pessoas fazem entrevista de seleção, são aprovadas, às vezes fazem testes na empresa onde vão trabalhar, apresentam uma série de documentos e aí desistem. Isso gera um grande problema porque, de um lado, a empresa tem que refazer todo o processo seletivo e, de outro, o candidato fica malvisto no mercado, pois ninguém quer contratar alguém descomprometido", complementa Santos.
Em outra situação, um processo seletivo para preencher dez vagas com salário acima de R$ 2 mil para uma empresa de Porto Alegre contou com 2.545 currículos recebidos. Do total, 40 foram pré-selecionados e 15 pessoas confirmadas para a entrevista de seleção. No entanto, segundo Santos, apenas cinco candidatos compareceram. "Estamos pedindo para as pessoas que não têm interesse verdadeiro em trabalhar que não se candidatem às vagas", conclui o dirigente.
Ao todo, cerca de 50 milhões de pessoas estão inscritas no programa de concessão do benefício, pago a trabalhadores informais e pessoas de baixa renda, inscritos do cadastro social do governo e no Bolsa Família.