Após certo alívio ontem, quando foi visto como positivo o aceno para uma reaproximação dos presidentes da República, Jair Bolsonaro, com o da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), hoje o índice sucumbiu com a cautela dos investidores por esse vai-vem político. "O 'turn over' dos ministros não é nada bom, pelo contrário, é muito ruim toda essa instabilidade, considerando também a relação do governo federal com os estados e os outros poderes, ressalta Marco Tulli, superintendente das mesas de operação da Necton, para quem essa situação prejudica as perspectivas de retomada do crescimento.
Para Raphael Figueredo, da Eleven Financial Research, a dinâmica política local ficou mais latente hoje e se sobrepõe, inclusive, às notícias micro, com alguns resultados corporativos que podiam trazer certa melhora. Segundo ele, a Bolsa local passa por um período de três semanas a que chama de 'consolidação de preços', quando o mercado não apresenta fluxo de entrada de recursos e os papéis vão apenas trocando de mãos.
"Ainda que os preços estejam consolidados, há uma configuração não muito positiva para o curto prazo. É uma fase de mercado cauteloso, baixo volume, muita volatilidade no intraday, praticamente atropelando os fundamentos", explica Figueredo.
Tulli, da Necton, afirma que o Ibovespa ainda está conseguindo manter algum suporte nessa região está relacionado ao fato de uma taxa de juros historicamente baixa, o que ajuda bastante a atrair uma parcela de compradores. Além disso, completa, há uma flexibilização da área econômica do governo e das empresas sobre o entendimento da pandemia, estendendo pagamentos. "E isso será seguindo de uma deflação no médio prazo e tudo acaba por ajudar a drástica situação de guerra", diz.