Os depósitos em cadernetas de poupança superaram em
Os brasileiros depositaram R$ 215,36 bilhões na poupança, maior valor da série para o mês. Os saques, por sua vez, ficaram abaixo da média registrada nos últimos meses e somaram
Segundo o economista Paulo Feldmann, professor da Universidade de São Paulo (USP), o auxílio emergencial do governo e a pouca atratividade da renda fixa podem explicar o movimento. Grande parte do auxílio emergencial oferecido pelo governo em razão da pandemia do novo coronavírus é paga por meio de conta-poupança. "Mas representa uma pequena parcela desses depósitos", disse Feldmann.
Para ele, a renda fixa perdeu tração nos últimos meses, e as pessoas optaram por investir na poupança. "Esses papéis estão remunerando mal, raramente conseguem cobrir a inflação, porque têm incidência de impostos também. Além disso, a poupança tem muita liquidez (facilmente convertida em dinheiro)", afirmou.
Além disso, segundo Feldmann, as pessoas que economizaram com o isolamento social em razão da pandemia do novo coronavírus optaram por colocar o dinheiro na poupança. "A população está em casa, então consome menos. Para aqueles que não perderam renda ou o emprego, sobrou dinheiro. Com as incertezas, quem pode, com certeza, guarda para o futuro", disse.
Em março, a poupança teve ganho real (acima da inflação) pela primeira vez desde novembro de 2019, de acordo com dados do Banco Central e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês, a poupança teve rentabilidade de 0,21%, e a inflação fechou em 0,07%, com 0,14 ponto percentual de ganho real.
O investimento rende a Taxa Referencial (TR), hoje zerada, mais 70% da Selic, que está em 3% ao ano. A regra prevê que, quando a taxa básica de juros estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será 0,5% ao mês, mais TR. Caso a taxa Selic esteja menor ou igual a 8,5% ao ano, o investimento é remunerado a 70% da Selic, acrescida da TR. A inflação dos últimos 12 meses está em 3,30%.