Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Infraestrutura

- Publicada em 03 de Maio de 2020 às 22:22

Revisão de contratos de concessões deve crescer

Aeroportos tiveram redução de 98% no fluxo de passageiros desde março, com o início do isolamento

Aeroportos tiveram redução de 98% no fluxo de passageiros desde março, com o início do isolamento


YASUYOSHI CHIBA/YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
A forte queda na demanda e a perda de receita por causa do coronavírus deram início a uma onda de renegociação de contratos de concessão. Com o aval da Advocacia Geral da União (AGU), que classificou a pandemia como força maior, as concessionárias estão discutindo com o governo e seus advogados a melhor forma de recuperar os danos causados pela crise. As alternativas vão de ampliação de prazo das concessões a reajuste de tarifa.
A forte queda na demanda e a perda de receita por causa do coronavírus deram início a uma onda de renegociação de contratos de concessão. Com o aval da Advocacia Geral da União (AGU), que classificou a pandemia como força maior, as concessionárias estão discutindo com o governo e seus advogados a melhor forma de recuperar os danos causados pela crise. As alternativas vão de ampliação de prazo das concessões a reajuste de tarifa.
O isolamento social, iniciado em meados de março, provocou uma queda de até 98% na movimentação de passageiros nos aeroportos; as rodovias perderam, em média, 30% das receitas; e o transporte urbano teve queda de até 70% no número de usuários. No setor de energia elétrica, há um mix de redução no consumo e alta da inadimplência - o que, segundo as empresas, tem estrangulado o caixa e pode provocar um efeito em cadeia.
Desde o início da quarentena, a queda no consumo de energia foi de 12% e o avanço da inadimplência, de 15%. Nesse caso, o governo já está avaliando medidas para amenizar o problema. Entre elas, um empréstimo para compensar a inadimplência e a liberação de recursos de fundos setoriais para amenizar a queda no consumo.
As renegociações também devem alcançar os setores de saneamento, no qual a arrecadação caiu 25%, e de arrendamentos de terminais portuários. "Vamos ter de olhar caso a caso. Alguns serão mais prejudicados do que outros", diz a secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias do Ministério de Infraestrutura, Natália Marcassa. Ela avalia que o parecer da AGU e o arcabouço regulatório que o País tem já permite a repactuação dos contratos sem novas regras. "Agora cada um terá de calcular seus prejuízos e as agências vão analisar os pedidos."
Na avaliação de especialistas, no entanto, o processo de reequilíbrio econômico-financeiro - jargão usado no setor que significa revisão e repactuação dos contratos diante de perdas provocadas por algum evento - é complexo mesmo em situações simples. Gera discussão e algumas vezes vai parar no Judiciário. A dúvida é se agora será diferente.
Levantamento da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) mostra que quase 30% dos executivos de empresas do setor acreditam que o reequilíbrio vai ocorrer, mas com muita dificuldade. "Neste momento, temos certeza da necessidade do reequilíbrio contratual, mas ainda não sabemos, por exemplo, qual cálculo será feito para avaliar os prejuízos", diz o sócio da área de infraestrutura do escritório L.O. Baptista Advogados, Alberto Sogoyar.
 

Processo vai levar em conta a situação de cada empresa

A revisão dos contratos de concessão não deverá seguir uma fórmula única. Cada caso terá uma solução específica, como ampliação do prazo de concessão, flexibilização dos investimentos e cortes no pagamento de outorgas e até aumento de tarifas. "Tudo vai depender da magnitude dos prejuízos e do que cada contrato comporta", diz a secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias do Ministério de Infraestrutura, Natália Marcassa.
"Numa concessão em que o pedágio é baixo, por exemplo, poderíamos fazer o reequilíbrio por meio de aumento da tarifa sem afetar muito o consumidor", diz ela. Em muitos casos, no entanto, haverá a necessidade de usar todas as formas possíveis de repactuação. Ou seja, o reequilíbrio viria por meio de um mix de várias medidas ao mesmo tempo.
"Precisamos usar tudo o que for possível para impedir que o sistema se rompa, como é o caso de energia elétrica", diz o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini. Também exigirá agilidade para evitar que o processo se arraste por muito tempo. "Tem de ser algo tempestivo. Não pode ser uma negociação para daqui a um ano", diz o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, César Borges.