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Economia

- Publicada em 29 de Abril de 2020 às 03:00

Crédito a empresas cresce 28,2% em março e cai 11,4% para famílias

Taxas médias de juros de operações contratadas no mês passado diminuíram 0,4 ponto percentual

Taxas médias de juros de operações contratadas no mês passado diminuíram 0,4 ponto percentual


/USP IMAGENS/DIVULGAÇÃO/JC
Os bancos emprestaram 28,2% a mais às empresas em março, enquanto as novas concessões às famílias tiveram queda de 11,4%, segundo dados do Banco Central divulgados nesta terça-feira (28). Em razão da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, grandes empresas se anteciparam e tomaram linhas pré-aprovadas para fazer caixa, o que pode explicar a alta no mês passado.
Os bancos emprestaram 28,2% a mais às empresas em março, enquanto as novas concessões às famílias tiveram queda de 11,4%, segundo dados do Banco Central divulgados nesta terça-feira (28). Em razão da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, grandes empresas se anteciparam e tomaram linhas pré-aprovadas para fazer caixa, o que pode explicar a alta no mês passado.
De acordo com dados semanais divulgados pela autoridade monetária, entre 16 e 20 de março, o volume de concessões para empresas, que vinha entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões, aumentou para R$ 52 bilhões. O ritmo se manteve na semana seguinte (23 a 27 de março), com R$ 52,1 bilhões em novos financiamentos.
Nas duas semanas posteriores (30 de março e 10 de abril), as concessões alcançaram patamares mais baixos, com R$ 34,2 bilhões e R$ 32,3 bilhões, o que indica que a alta mais intensa se deu no início do avanço da pandemia no Brasil.
"As linhas pré-aprovadas são fruto do relacionamento da empresa com o banco e se aplica em modalidades como capital de giro, conta garantida e desconto de duplicatas", explicou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha. Recentemente o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que, no início da crise, grandes empresas com linhas pré-aprovadas resgataram esses créditos para fazer caixa e enxugaram os recursos disponíveis no sistema financeiro.
"Da mesma forma que, quando um produto fica escasso no mercado ou numa loja, o preço sobe, acontece coisa parecida no mundo financeiro. Grandes empresas que tinham direito de pegar linhas para reforçar o seu caixa, que já tinham esse produto disponível, enxergaram um problema lá na frente, foram lá primeiro e resgataram esse dinheiro", analisou.
Para as famílias, não houve movimento atípico nas concessões. Nas primeiras semanas do ano as concessões estavam entre R$ 10 bilhões e R$ 16 bilhões. No período seguinte às restrições, os novos empréstimos ficaram entre R$ 11 bilhões e R$ 14 bilhões por semana.
Em 16 de março, as medidas de restrição impostas pelo governo para conter a propagação do vírus foram intensificadas. Na ocasião, a autoridade monetária liberou R$ 135 bilhões dos depósitos compulsórios dos bancos, primeira medida de injeção de liquidez no sistema financeiro.
O estoque total de crédito cresceu 2,9% em março e ficou em R$ 3,6 trilhões, puxado pelos financiamentos tomados por pessoas jurídicas, que aumentou 6,4%. O saldo de crédito para as famílias cresceu apenas 0,3% no período. O saldo representa todo o montante de crédito do sistema financeiro, não só novos empréstimos.
Para Rocha, não há empoçamento de crédito. "Na literatura econômica, o termo é usado quando a liquidez fica retida nos bancos e os recursos não são emprestados. O aumento nas concessões, além do padrão sazonal, indica que não ficou empoçado, foi ofertado como crédito e sacado pelas empresas", avaliou.
A Febraban afirmou que os cinco maiores bancos do País liberaram R$ 266 bilhões em novos empréstimos durante a pandemia, entre contratações, renovações e parcelas suspensas, aumento de 22,2% em relação a março do ano passado. A entidade, no entanto, não informou quanto teria sido de linhas pré-aprovadas.
A taxa média de juros das operações contratadas em março diminuiu 0,4 ponto percentual em março e 2,3 pontos percentuais em 12 meses, alcançando 22,7% ao ano. "Parte desse recuo vem do aumento das concessões em ACC, que, por terem uma boa garantia, têm taxas muito baixas, em torno de 5% ao ano", detalhou o técnico do BC.
 
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